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    Mariologia - Maria na BíbliaFrei Rinaldo Stecanela, osm

    MARIOLOGIA - MARIA NA BÍBLIA

    I – INTRODUÇÃO

    Com as devidas autorizações do nosso Pai criador e com o consentimento de

    Jesus Cristo, auxiliados e orientados pela luz maravilhosa do Espírito Santo, este

    curso leva ao estudo e à descoberta da presença de Maria nas Sagradas Escrituras.

    Objetiva-se refletir sobre a importância e o espaço que ocupa a Mãe de Jesus e

    nossa Mãe no plano divino da salvação. Tenho certeza de que vamos aprender

    muita coisa sobre Maria e creio firmemente que o nosso carinho e o nosso amor por

    Maria vão aumentar muito mais a partir de agora. Que Ela nos oriente. Que Ela se

    revele para nós. Que sejamos fiéis em transmitir um pouco da sua vida, suamensagem e sua importância na história da Salvação e sua presença sempre atual

    para os dias de hoje e de todos os tempos.

    Começaremos delineando a sequência cronológica (linha do tempo) do nosso

    estudo, a partir de algumas passagens do Antigo Testamento e, principalmente, da

    riqueza dos textos do Novo Testamento.

    Essa sequência permitirá uma visão de MODO PROGRESSIVO que os autores

    inspirados (evangelistas) tomaram consciência do PAPEL de Maria no decorrer de

    toda a HISTÓRIA da SALVAÇÃO, desde as suas prefigurações no Antigo Testamento

    até sua MISSÃO materna em relação a CRISTO e à IGREJA. No final do curso, serão

    oferecidas algumas referências bibliográficas para melhor aprofundamento no tema

    mariano.

    Todo esse estudo de Mariologia tem como objetivo o aprofundamento nos

    seguintes elementos:

     

    Intelectual: compreender corretamente o lugar e a Missão de Maria na

    história da Salvação;  Espiritual:  crescer no amor e na piedade para com a Mãe de Jesus e

    nossa Mãe;

      Moral: imitarmos Maria como exemplo de vida, de fé e de amor;

     

    Cultual: celebrar Maria do jeito certo na liturgia e na devoção popular;

      Pastoral: comunicar ao povo de Deus e à sociedade a maneira correta

    de honrar e venerar Maria.

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    Dessa forma, há o seguinte questionamento: Quais são as FONTES para buscar

    dados para conhecer Maria?

    Em primeiro lugar, na BÍBLIA, a principal fonte de referência;

    Na Devoção popular (sensus fidelium): o jeito que o povo de Deus vive ecelebra a piedade mariana;

    Na Tradição da Igreja: o que os padres da Igreja, desde as origens da Igreja,

    refletiram sobre Maria. E o que a Liturgia da Igreja nos pede para celebrarmos o

    culto à Maria;

    No Magistério pastoral da Igreja: o que os Concílios, a Santa Sé, os Dogmas da

    Igreja tratam sobre Maria;

    Na Teologia: a reflexão e ensinamentos dos doutores da Igreja, os Teólogos.É importante deixar bem claro, já no início deste curso sobre Maria: Maria

     jamais vai tirar o lugar de Jesus. A nossa fé é CRISTOCÊNTRICA, ou seja, Jesus é o

    centro de tudo, Ele é único mediador entre Deus e os homens. Ninguém pode e nem

    deve tirar o lugar de Jesus. Porém, compreender o lugar certo de Maria, dentro da

    vida de Jesus e da história da Salvação, nos ajudará a ter um respeito ainda maior

    por Jesus e, consequentemente, por Maria. Muita gente nos critica, como cristãos,

    como católicos, de darmos muita importância a Maria em nossas Igrejas, nas

    celebrações e nas práticas de piedade etc e menos importância a Jesus. Talvez oerro seja nosso de não compreendermos o lugar certo de Maria e sua importância

    no Mistério da Salvação. Por isso que este curso ensinará o jeito certo de

    compreendermos Maria. E, uma vez compreendido, vamos poder transmitir

    corretamente, sem exageros, o lugar de Maria em nossa vida, na Igreja e na fé.

    Maria não existe sem o Cristo. Toda sua história, sua escolha, sua preparação

    está relacionada à vinda e à vida de Jesus. Ela só existe em função de Cristo. Se

    Cristo é o centro de tudo, Maria vai ocupar uma importância central, porque é a

    pessoa mais próxima ao Centro, ou seja, a Jesus. Maria, inclusive, é quem mais se

    aproximou da Santíssima Trindade: foi escolhida pelo Pai para gerar o Filho, sob a

    luz do Espírito Santo. Portanto, ela fez uma experiência trinitária em sua vida. É

    claro que ela não é a “quarta” pessoa da Santíssima Trindade, mas, de Santíssima

    Trindade, ela entende, porque vivenciou tudo isso em sua vida.

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    Dentro dessa lógica, pode-se criar aqui alguns laços paralelos que ajudarão a

    compreender melhor a relação de Maria com Jesus Cristo:

    Se Jesus é Homem, Maria é a Mãe do Homem;Se Jesus é Deus, Maria é a Mãe do Filho de Deus;

    Se Jesus é o Caminho, Maria é aquela que indica o Caminho;

    Se Jesus é a Verdade, Maria é aquela que testemunha a Verdade;

    Se Jesus é a Vida, Maria é a que gerou a Vida dentro dela;

    Se Jesus é o Doador do Espírito, Maria é o vaso espiritual que contém o

    Espírito;

    Se Jesus é a Sabedoria, Maria é a sede ou o trono da Sabedoria;Se Jesus é a Aliança, Maria é a Arca que abrigou a Aliança;

    Se Jesus é a Luz, Maria é o candelabro que carrega a Luz;

    Se Jesus é o Sol da Justiça, Maria é a Estrela da Manhã, a Lua que irradia essa

    e anuncia a chegada da Luz.

    Se Jesus é a Água da Salvação, Maria é a cisterna dessa água;

    Se Jesus é Fruto que nutre, Maria é a árvore que produziu esse fruto;

    Se Jesus é o Tesouro precioso, Maria é o cofre que guarda esse Tesouro;

    Se Jesus é o Perfume que salva, Maria é frasco desse perfume;Se Jesus é o rosto de Deus, Maria é a moldura do quadro divino.

    Portanto, há muito trabalho pela frente para conhecer essa figura tão

    apaixonante que não quer outra coisa a não ser o nosso amor para com o seu Filho.

    Não é possível super maximizar a figura de Maria para não tirar o lugar de Cristo.

    Porém, não podemos minimizar a figura de Maria (como fazem alguns outros

    credos) para não diminuir sua importância na história da Salvação. Aqui vamos

    encontrar o seu verdadeiro lugar e significado.

    Devemos usar duas linguagens aqui: do amor e da razão.

    Do amor, porque quando se ama alguém, se exagera nos seus atributos e

    qualidades. Isso é normal. Queremos tanto Maria que algumas vezes exageramos

    até mesmo nas palavras quando nos dirigimos a ela, somos generosos demais! Por

    exemplo, quando dizemos “Maria nós te adoramos”. Não é que ADORAMOS Maria

    do mesmo jeito que devemos ADORAR a Deus. Somente Deus merece a verdadeira

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    ADORAÇÃO. Mas o nosso amor por Maria é tão grande que usamos termos para

    expressar o nosso amor afetivo e filial para com Maria.

    É verdade: devemos purificar algumas palavras que usamos quando falamos

    de Maria para evitar mal-entendido lá na frente! Devemos ser prudentes! Maria játem a sua honra natural, dada pelo próprio Deus. Não precisamos “inventar” coisas

    ou dizer muitas coisas “do coração” para elevar Maria. Ela já tem a sua honra

    garantida. Aliás, São Bernardo e São Boaventura já diziam que a Santa Virgem não

    precisa de nossas mentiras exageradas para se fazer honrar. Ela já tem a sua honra

    própria.

    Por outro lado, é preciso conhecer racionalmente a figura de Maria, através

    de estudos, cursos, faculdades etc. E é isso que estamos fazendo aqui. Maria, hoje, éum tema de estudo. Serão três módulos neste curso sobre Maria: Maria na Bíblia,

    Maria na Tradição da Igreja e Maria na Devoção Popular.

    Vamos começar pela Palavra de Deus, a fonte de tudo.

    II - TRAÇOS MARIANOS NO ANTIGO TESTAMENTO

    Um esclarecimento importante: Maria pertence ao Novo Testamento. Ela

    nasceu no tempo do Novo Testamento. Todos os relatos específicos e diretos quefalam dela estão no Novo Testamento. E tudo isso será estudado com muito carinho

    mais adiante. Porém, são feitas algumas perguntas: O Antigo Testamento referiu-se

    alguma vez à Mãe do Messias esperado?; Existem textos bíblicos que, mesmo em

    sentido figurado, mencionam algo sobre a Mãe do Filho de Deus?; É possível

    associar alguns textos do Antigo Testamento e aplicá-los à Maria?

    Muitos estudiosos afirmam que o tema mariano está “escondido” sob três

    modos no Antigo Testamento: preparação moral, preparação tipológica e

    preparação profética.

    1.  Preparação moral:  como a humanidade estava corrompida pelo

    pecado, Deus escolhe uma linhagem de fé e santidade para que o seu filho

    possa nascer da raça humana.

    2. 

    Preparação tipológica (linguagem simbólica):  constata-se que, no

    Antigo Testamento, muitas mulheres foram favorecidas com nascimentos

    milagrosos: Sara (Gen 21, 1-2), Ana (I Sam 1, 10-20), Isabel (Lc 1, 5-25). Todas

    elas fazem parte dos ancestrais do Messias esperado. Maria aparece com

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    símbolo da “Filha de Sião” (Sf 3, 14-17), o lugar da residência de Javé. Maria

    também é simbolizada com a nova Arca da Aliança (dentro da Arca era

    depositada a LEI), que vai trazer dentro de si a Lei definitiva (revelação) de

    Deus, seu próprio Filho, Jesus.

    “14Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te

    e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!15O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti e afastou o teu inimigo.

    O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça.16Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: Não temas, Sião! Não se enfraqueçam

    os teus braços!17O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em

    transportes de alegria por causa de ti e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a

    teu respeito18Como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que

    pesa sobre ti.” (Sf 3, 14-18)

    3.  Preparação profética:  Além do texto acima, temos mais alguns que

    podem ser “aplicados” à Maria: Ct 4,7: “És toda bela, ó minha amiga, e não há mancha em ti.”; 

    Jr 31,22: “Eis que o Senhor criou uma coisa nova sobre a terra: É a esposa que

    cerca (de cuidados) o esposo”; 

    Gn 3,15: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência  e a dela.

    Esta te ferirá a cabeça e tu ferirás o calcanhar.”

    Uma consideração sobre este texto:

    O texto é muito significativo e apresenta, em uma primeira leitura, a luta até o

    fim dos tempos entre a humanidade e o demônio. O termo “Ela te ferirá a cabeça”

    pode aludir tanto a Maria, a nova Eva, como a Igreja.

    Is 7,14:

    “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à

    luz um filho e o chamará Emanuel, Deus Conosco.” 

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    Considerando o texto...

    Embora o texto faça referência ao nascimento de um herdeiro na linhagem de

    Davi, pode ser muito bem aproveitado como uma profecia Mariana.

    Mq 5, 1-4:

    “1Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá

    para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos

    tempos antigos, aos dias do longínquo passado.2Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de

    dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.3Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a

    majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele

    será exaltado até os confins da terra.4E assim será a paz.” 

    Sobre o texto...

    Mesmo não apontando diretamente uma referência mariana, o texto fala

    diretamente de um rei-pastor, saído da tribo de Davi. Seu nascimento se projetapara o futuro (pois todos os verbos do texto estão no futuro).

    Esses são alguns dos textos do Antigo Testamento que, em uma leitura básica,

    podem fazer referência a UMA MULHER que vai DAR À LUZ ao FILHO DEUS que será

    o SALVADOR DA HUMANIDADE.

    III - MARIA NO NOVO TESTAMENTO

    Neste item, será feito um estudo mais detalhado, em ordem cronológica, dos

    livros bíblicos do Novo Testamento que falam explicitamente de Maria. São eles:

     

    Gálatas (escrito por volta do ano 50 d.C.) - as informações mais antigas

    sobre Maria;

      Marcos (escrito por volta do ano 60 d.C.);

      Mateus (escrito por volta do ano 70 d.C.);

     

    Lucas (escrito por volta do ano 70 d.C.);

      Atos dos Apóstolos (também escrito por volta do ano 70 d.C);

     

    João (escrito por volta dos anos 90-100 d.C);

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      Apocalipse (também escrito por volta dos anos 90-100 d.C).

    O tema Mariologia foi evoluindo aos poucos no Novo Testamento:

    No Evangelho de Marcos, por exemplo, Maria é uma figura ainda sem perfildefinido, sua importância e grandeza sobrenatural não aparecem muito. Maria

    aparece somente como a mãe carnal de Jesus, o Filho de Deus.

    O apóstolo Paulo faz uma alusão à Maria no Livro de Gálatas (nascido de

    Mulher), porém sua preocupação é o Kerigma, o anúncio do Ressuscitado.

    Já em Mateus e Lucas, a figura de Maria começa a ser vista com mais

    destaque. Em Mateus, por exemplo, Maria está relacionada ao Messias como Mãe

    Virginal. O evangelista Mateus insere o nome de Maria na história e no plano daSalvação, quando conta a genealogia de Jesus. Em Lucas, por outro lado, Maria é

    uma personalidade consciente e livre. São inúmeros os dados humanos, psicológicos

    e teológicos que este Evangelista nos oferece sobre Maria. No livro dos Atos dos

    Apóstolos, escrito por Lucas, Maria é apresentada como Mãe da Igreja nascente.

    Aliás, é bom que se diga, que dos 152 versículos do Novo Testamento que falam de

    Maria, São Lucas é o que mais tem: são 90, sendo que 89 no Evangelho e 01 no livro

    dos Atos.

    No Evangelho de João, há uma fase de um maior aprofundamento do temamariano. Maria é apresentada como a MULHER, a Mãe da Fé nas Bodas de Caná e

    de todos os fiéis (aos pés da Cruz) e a Mulher Universal (no livro do Apocalipse).

    De tudo isso, é perceptível que Maria é:

      Criatura: ela não é deusa, ela foi criada;

      Peregrina da fé: ela fez um caminho de fé o tempo todo;

     

    Redimida: ela também foi salva por Cristo;

     

    Serva do Senhor: serviu a Deus e ao Filho o tempo todo como serva; 

    Membro da Igreja: faz parte da Igreja.

    Depois do período “bíblico”, o tema de Maria foi se desenvolvendo na história

    da Igreja. Surgiram outras dimensões sobre Maria à luz do Evangelho que a Igreja foi

    aprofundando e ensinando, como os dogmas, Concílios etc, que serão explanadas

    mais adiante.

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    veracidade, o conteúdo, os autores, etc, antes de serem APROVADOS como

    OFICIAIS.

    Porém, muitos outros escritos surgiram no decorrer da história bíblica, mas

    não foram considerados “oficiais”, embora muitos deles tratassem de temasreligiosos, inclusive “parecidos” aos textos oficiais. Estes “outros” escritos “não

    oficiais” são chamados de ESCRITOS APÓCRIFOS. Isso não significa que eles não

    deixam de ser válidos para uma melhor compreensão da situação que vivia o povo

    na época que foram escritos.

    Porém, uma coisa deve ficar bem clara: este curso levará ao conhecimento de

    alguns textos “não oficiais” (texto “não oficial” refere-se a textos que não estão na

    Bíblia) mas que oferecem algumas informações adicionais que os Evangelhos eoutros livros sagrados não mostram.

    É importante esclarecer que os Evangelhos e outros livros sagrados não

    informam muitas coisas, primeiro porque os Evangelhos foram escritos bem depois

    de Jesus ter vivido na Terra entre nós (Marcos, por exemplo, o mais antigo dos

    Evangelhos, foi escrito no ano 70 depois de Cristo. Isso significa que: se Jesus

    morreu com 33 anos, o Evangelho de Marcos foi escrito quase 40 anos depois).

    Assim, muitas informações não foram retratadas.

    Depois, a preocupação dos evangelistas era relatar as palavras e gestos de Jesus(Jesus era a figura principal).

    Voltando aos escritos apócrifos...

    A palavra APÓCRIFO significa ESCONDIDO, SECRETO, OCULTO. Eles foram

    assim chamados porque não eram muito usados tanto como leitura comum, como

    nas liturgias da época. Foram descobertos muitos escritos desse gênero como por

    exemplo: Evangelho de Pedro, Atos de Paulo, Salmos de Salomão, Livro de Henoc

    etc, mas que não eram muito lidos nas sinagogas. Assim, ficaram meio escondidos

    como literatura oficial. Na verdade, até os autores destes livros são incertos. Pedro,

    por exemplo, não sabia escrever. Então, como é que tinha um livro chamado

    “Evangelho de Pedro”. Quem escreveu? E por aí vão as conclusões.

    Por outro lado, muitos desses escritos apócrifos trazem informações “extra-bíblicas”

    de grande importância. Pergunta: será que teve algum livro apócrifo que falou

    alguma coisa sobre MARIA? Parece que tem e será desvendado esse delicioso

    mistério! Foi encontrado um livro apócrifo chamado de “Proto-Evangelho de Tiago”,

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    também chamado de “A História do Nascimento de Maria”. Nesse escrito, há

    valiosas informações sobre a pessoa de Maria.

    Foi, sem dúvida, um dos escritos apócrifos mais antigos do Novo Testamento.

    Fala sobre: O nascimento de Maria, o nascimento de Cristo e a Matança dosInocentes, incluindo o martírio de Zacarias (pai do profeta João Batista). Possui 25

    pequenos capítulos, sendo que 16 deles falam de Maria. Esse escrito foi encontrado

    no Oriente e trazido para a Europa. Nunca se soube ao certo o verdadeiro nome do

    autor. Se atribuiu a Tiago Menor, um dos apóstolos de Jesus. A data de sua

    composição indica o final do século II depois de Cristo. Foi escrito em grego e, mais

    tarde, traduzido em vários outros idiomas. Proto significa “primeiro”. 

    Foi através desses escritos que sabemos hoje que os pais de Nossa Senhorachamavam-se Joaquim e Ana, cuja festa é celebrada no dia 26 de Julho do

    calendário cristão. O nome “Joaquim” significa “O elevado de Deus” ou o

    “preparado por Deus”. Ana significa “misericórdia” ou “Javé compadeceu-se”. O

    livro fala do nascimento de Maria, seus primeiros anos de vida, seu aniversário, sua

    consagração e tantas outras informações. Vale a pena comprar e ler. É um livrinho

    cheio de ternura e carinho, vendido em qualquer livraria católica.

    LIVROS BÍBLICOS DO NOVO TESTAMENTO

    I – GÁLATAS

    Por conter a informação mais antiga sobre Maria, será analisado um único

    versículo referente ao estudo mariano.

    Gl 4, 4:

    “Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu

    de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de recebermos a adoção filial” 

    CONTEXTO: O tema central deste versículo é sobre a ENCARNAÇÃO do FILHO

    DE DEUS, ou seja, o modo através do qual Deus quis vir ao encontro do homem. E

    isso se deu na “plenitude dos tempos”, isto é, quando o Pai envia o seu Filho ao

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    mundo, os tempos do desígnio divino atingem a sua “plenitude”. A encarnação de

    Cristo é o ponto culminante dessa etapa.

    E Maria é colocada exatamente nesse vértice do plano redentor. Através do

    seu ministério materno, o Filho do Pai, preexistente ao mundo, se radica na cepa dahumanidade.

    Ela é a MULHER que o reveste com a nossa carne e o nosso sangue. São Paulo

    quer mostrar com isso a condição real e humana de Jesus. O apóstolo declara que a

    pessoa de Maria está vitalmente vinculada ao projeto salvífico de Deus.

    MARIA NO EVANGELHO DE MARCOS

    Marcos escreve o seu evangelho por volta do ano 60 d.C. Acredita-se que o

    escritor, ao preparar o seu livro, teve em mente os cristãos gentios. O evangelista

    tem com preocupação primeira mostrar que Jesus é o Filho de Deus. Esse é a sua

    grande tese, verificada a partir do primeiro versículo:

    “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.” . Um Filho de Deus,

    confirmado pelos discípulos, através da pessoa de Pedro (Mc 8,29) e testemunhado

    pelo centurião na morte de Jesus (Mc 15,39); um Filho de Deus que se deixa

    reconhecer na medida que se caminha ao seu lado, assumindo o seu projeto devida.

    O Evangelho de Marcos está tecido em duas grandes partes:

    Primeira parte (Mc 1,1 – 8,26): Neste primeiro bloco, Jesus aparece na Galiléia

    inaugurando o Reino de Deus que vem com toda força. A prática de Jesus é

    contestada pelos escribas e fariseus. Diante da sua proposta, vão se formando dois

    grupos: os que seguem Jesus (discípulos e multidão) e os que não aceitam a

    proposta de Jesus.

    A segunda parte (restante do evangelho) apresenta as condições e os

    elementos necessários para seguir Jesus. Seguimento que não significa “ir atrás”,

    mas, sim, entrar no caminho de sua vida, identificar-se com ele, deixar tocar pela

    sua pessoa, fazer parte de sua missão de inaugurar o Reino e vencer as forças do

    antirreino.

    Maria aparece duas vezes durante todo o seu relato. As citações são poucas,

    mas muito significativas, pois a apresentam como a discípula fiel que faz parte

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    essencial da família de Jesus, porque cumpre a vontade do Pai e a mulher que

    acolhe a todos como filhos e irmãos de Jesus.

    I – TEXTOS MARIANOS:

    A família de Jesus (Marcos 3, 20 – 21):

    "20Dirigiram-se em seguida a uma casa. Aí afluiu de novo tanta gente, que

    nem podiam tomar alimento.21

    Quando os seus o souberam, saíram para o reter, pois diziam: ‘Ele está forade si’.” 

    CONTEXTO: No tempo de Jesus, a estrutura familiar exercia importante

    influência na definição dos papeis e no lugar social ocupado pelo indivíduo. No

     judaísmo, as famílias eram classificadas conforme seu grau de pureza de origem, ou

    seja, se eram imaculadas de cruzamento com sangues de estrangeiros ou atingidas

    por mancha de mistura étnica.

    A cena bíblica é a seguinte: Jesus e os Doze, recém eleitos, vão a uma casa em

    Cafarnaum. Havia uma multidão acirrada, a tal ponto que eles nem podiam e nãotinham tempo nem para alimentar-se. E quando os “seus” ficaram sabendo disso,

    saíram para proteger Jesus, porque diziam que Ele tinha “perdido o juízo”. E nesse

    grupo que vai até Jesus, está a figura de Maria, sua mãe.

    Marcos 3, 31 – 35:

    “31Chegaram sua mãe e seus irmãos e, estando do lado de fora, mandaram

    chamá-lo.32Ora, a multidão estava sentada ao redor dele; e disseram-lhe: ‘Tua mãe e

    teus irmãos estão aí fora e te procuram.’ 33Ele respondeu-lhes: ‘Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?’ 34E, correndo o olhar sobre a multidão, que estava sentada ao redor dele,

    disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos.35Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha

    mãe."

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    Num olhar mais profundo, Marcos quer mostrar que o seguimento de Jesus

    (para fazer parte de sua família) ultrapassa os laços de parentesco.

    Jesus inaugura uma NOVA FAMÍLIA constituída não mais do sangue e doslaços de parentesco (valor absoluto nas sociedades antigas), mas, sim, daqueles que

    se juntam ao redor de Jesus para fazer a vontade do Pai.

    Marcos ensina que até Maria, a criatura mais estritamente ligada a Jesus pelos

    laços de sangue (maternidade), teve que elevar a ordem mais alta dos seus valores.

    Depois de ter levado Jesus no seu ventre, era preciso que Ela o gerasse no

    coração, cumprindo a vontade de Deus. Uma vontade que se torna manifesta

    naquilo que Jesus dizia e realizava.Assim, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se completa com a figura de

    “discípula” e “primeira cristã”. 

    Jesus de Nazaré (Mc 6, 1-6) - o santo de casa não faz milagres

    “1Depois, ele partiu dali e foi para a sua pátria, seguido de seus discípulos.2Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o

    ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essaque lhe foi dada e como se operam por suas mãos tão grandes milagres?

    3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas

    e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a

    seu respeito.4Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os

    seus parentes e na sua própria casa.5Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos,

    impondo-lhes as mãos.6Admirava-se ele da desconfiança deles. E, ensinando, percorria as aldeias

    circunvizinhas.” 

    Contexto: O texto de Marcos refere-se a um acontecimento concreto: a

    rejeição dos moradores de Nazaré ao anúncio de Jesus e à sua pessoa. Eles não se

    colocam como inimigos de Jesus, mas se escandalizam dele por sua incredulidade. A

    fé é um grande requisito para o seguimento de Jesus.

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    O “Filho de Maria” (Mc 6, 3):

    “3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judase de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a

    seu respeito.” 

    No costume judeu, o nome da pessoa era conferido ou vinha relacionado por

    referência ao Pai. Temos alguns exemplos:

      Simão, filho de Jonas (Cf. Mt 16,13)

     

    Tiago, filho de Zebedeu (Cf. Mt 4,21) 

    Levi, filho de Alfeu (Cf. Mc 2,13)

    Sendo assim, surge a grande pergunta: por que Jesus não é chamado “filho de

    José”? Para essa pergunta, há quatro tipos de respostas: 

      Marcos queria enfatizar os traços humanos de Jesus;

      É uma referência à concepção virginal de Jesus (obra do Espírito Santo);

     

    Foi um intento de difamação contra Jesus (desvalorizar a sua pessoa

    pela profissão humilde de José);

      José não é citado porque já havia morrido.

    “Os irmãos e as irmãs de Jesus” (v3):

    Versículo de caráter polêmico, principalmente entre os “evangélicos”, que

    afirmam a existência de outros filhos de Maria.

    A verdade é que para os conceitos orientais tradicionais, não se define afamília como pequeno núcleo “pai-mãe-filhos”, como hoje, mas em um amplo leque

    no qual se incluem tanto os parentes próximos, como os distantes.

    No aramaico falado, usado por Jesus e seu povo, não havia uma diferenciação

    nos conceitos de parentesco (primo, tio, tia, irmão, sobrinho etc). A palavra que

    exprimia e englobava todo este parentesco era “irmãos”, que os gregos traduziram

    por “adelfos”. Assim, quando ouvimos falar que “tua  mãe e teus irmãos estão lá

    fora...” significa que Maria e os parentes de Jesus queriam protegê-lo um pouco da

    multidão.

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    Não podemos confundir: “irmãos” de Jesus significa “parentes próximos”

    dele. Tiago e José, chamados de “irmãos de Jesus”, são considerados, dentro dessa

    lógica explicativa, de “parentes próximos” de Jesus e não “irmãos carnais” dele. 

    Se assim não fosse, qual seria a necessidade de Jesus, no alto da cruz,entregar a João, o discípulo a quem amava, os cuidados de Maria quando disse: “

    Filho, eis aí a tua mãe” (Jo 19,27)? Não seria mais comum, Tiago e José, se fossem

    realmente filhos carnais de Maria, tomar conta de sua “mãe” após a morte do

    “irmão” Jesus? 

    Quando for tratado o dogma da Virgindade de Maria, neste curso, será

    possível entender melhor essa questão.

    Com isso, o evangelista quer mostrar a necessidade da fé no ato doseguimento de Jesus. Condição indispensável para reconhecer a sua presença e

    caminhar com Ele.

    II - RESUMINDO A MARIOLOGIA EM MARCOS

    Marcos ainda não conhece a grandeza de Maria. Para ele, Maria é

    simplesmente a Mãe carnal de Jesus, só isso! É uma mariologia primária e primitiva.

    Sem muitos aprofundamentos sobre a real importância de Maria. Ele aindanão sabe a real dignidade de Maria.

    Olhando para Maria, como descreve o Evangelho de Marcos, parece até que

    ela ainda não compreendeu a missão de Jesus. Aqui fica claro uma coisa: Maria

    começou uma peregrinação na fé. Aos poucos, ela foi conhecendo quem era o seu

    próprio Filho e a sua Missão nesse mundo. Apesar de abordar o tema “mariológico”

    sob o prisma puramente humano e biológico da parte de Maria, o Evangelista

    convida a conhecer de verdade a pessoa de Maria e ensina que Ela também passou

    por todo um processo de amadurecimento na fé para conhecer a missão de Jesus.

    MARIA NO EVANGELHO DE MATEUS

    Mateus (também chamado de Levi), um dos Doze apóstolos, foi, sem dúvida,

    um judeu que também era publicano romano.

    Mateus escreveu o seu evangelho por volta do ano 70 d.C. Tinha como

    destinatários principalmente os judeus. Esse ponto de vista está confirmado pelas

    referências às profecias hebraicas, cerca de sessenta, e pelas aproximadamente

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    quarenta citações do Antigo Testamento. Ressalta especialmente a missão de Cristo

    aos judeus.

    A intenção de Mateus é a de mostrar que Jesus foi o Messias prometido no

    Antigo Testamento, através do cumprimento das promessas feitas a Abraão e aDavi, passando por todos os profetas.

    Maria é apresentada como a mãe virginal de Jesus que o concebe pela ação

    do Espírito Santo, sem intervenção humana, mostrando a gratuidade da iniciativa

    divina.

    O Evangelho de Mateus amplia bastante a imagem de Maria. Ela aparece na

    narrativa da origem e da infância de Jesus (Cf. Mt 1-2) e em alguns textos referentes

    à vida pública de Jesus (Cf. Mt 12, 46-50 e Mt 13, 53-58).

    I – GENEALOGIA DE JESUS

    a) Origem de Jesus (Mt 1, 1-17)

    “1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

    2Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.3Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.4Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.5Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé.

    Jessé gerou o rei Davi.6O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias.7Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.8Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.9Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias.10Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.12E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou

    Zorobabel.13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor.14Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud.

    15Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.

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    16Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado

    Cristo.17Portanto, as gerações, desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até

    o cativeiro de Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo,quatorze gerações.” 

    Primeiramente, o objetivo dessa genealogia é o de mostrar que Jesus

    descende de Abraão e Davi e que, portanto, Ele herda as promessas feitas a esses

    dois patriarcas de Israel. De Abraão, a promessa da numerosa descendência (Cf. Gn

    12); de Davi, a promessa da eterna realeza (Cf. 2 Sam 7).

    A genealogia de uma pessoa e de uma família tinha enorme importância jurídica e trazia consequências para a vida social e religiosa. A pureza de uma linha

    genealógica dava participação ao descendente nos méritos de seus antepassados.

    Mateus remonta a origem de Cristo a partir de Abraão, passando por todas as

    gerações até chegar a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus. Esse elenco de

    nomes que vai de Abraão a Cristo é subdividido em três grupos e cada grupo

    abrange 14 gerações:

    1° grupo: de Abraão a Davi

    2° grupo: de Davi a Jeconias (exílio na Babilônia)3° grupo: de Jeconias a Cristo

    O anúncio a José (Mt 1, 18-25):

    “18Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José.

    Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.19José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu

    rejeitá-la secretamente.20Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em

    sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o

    que nela foi concebido vem do Espírito Santo.21Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o

    seu povo de seus pecados.22Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo

    profeta:

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    23Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel

    (Is 7, 14), que significa: Deus conosco.24Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu

    em sua casa sua esposa.25E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o

    nome de Jesus.” 

    A grande novidade nessa descrição genealógica que passou de geração em

    geração foi a intervenção da Providência Divina através do Espírito Santo na geração

    de Jesus por Maria.

    Se antes o encadeamento paterno era o elemento fundante na genealogia,aqui nós temos agora uma ruptura visível e explícita: apesar de pertencer à

    descendência de Abraão e sucessão, José não é o pai biológico de Jesus. Assim, a

    mensagem do relato resume-se em: o nascimento de Jesus se deve à ação do

    Espírito Santo em Maria. Mostra que Jesus, o Messias esperado, é fruto da

    intervenção divina que gratuitamente irrompe a história da humanidade e oferece o

    seu filho para a salvação do seu povo.

    José, ao receber Maria em sua casa, e assumir seu filho, dando-lhe o nome de

    Jesus, sela definitivamente o vínculo histórico da descendência messiânica. Dar onome significa assumir como filho, dentro da cultura judaica. Por outro lado, revela

    a concepção virginal de Jesus sob a ação do Espírito Santo de Deus.

    II - VISITA DOS MAGOS E FUGA PARA O EGITO

    Adoração dos Magos (Mt 2, 10-12):

    “10A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.11Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se

    diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como

    presentes: ouro, incenso e mirra.12Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra

    por outro caminho.” 

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    O Episódio dos Magos é repleto de ensinamentos. Eles vieram do Oriente e

    chegaram a Jerusalém. Jerusalém era o centro do mundo para a qual dirigem-se

    todos os povos da Terra com seus reis, trazendo suas riquezas (Cf. Is 60). Porém,

    aqui, os Magos não ficam em Jerusalém. Eles vão para Belém, casa do pão,deslocando a nova “capital”, o novo lugar para ser reverenciado. Maria aparece aqui

    como sendo a “nova Jerusalém” e o “novo Templo”. Em Maria, encontramos esse

    novo Templo para ser adorado, Jesus, o Salvador. É indo ao encontro de Maria que

    encontramos o Salvador. Ela é agora a sede ou trono do novo Rei. Quando se vai ao

    encontro de Maria, se encontra o Filho de Deus, digno de todo louvor e Adoração.

    Foi isso que os Magos fizeram. E o que encontraram? Uma mãe-rainha vestida da

    mais pura simplicidade sem pompas e circunstâncias. E nos braços da Mãe-Rainhaencontraram o Rei dos Reis. Nesse encontro, houve prostração e adoração. Houve

    entrega de presentes para uma realeza. A experiência foi tão grande que até eles, os

    Magos, voltaram por um outro caminho. Quem se encontra com Jesus tem a vida

    mudada e transformada e nunca mais volta pelo mesmo caminho do antigo pecado.

    Começa a trilhar, depois desse encontro por um novo caminho.

    b) Fuga para o Egito (Mt 2, 13-23):

    “13Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e

    disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te

    avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.14José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o

    Egito.15Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o

    Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).16Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito

    irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois

    anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.17Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:18 Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar

    seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15)!19Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no

    Egito, e disse:

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    20Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque

    morreram os que atentavam contra a vida do menino.21José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.

    22Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu paiHerodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a

    província da Galiléia23e veio habitar na cidade de Nazaré para que se cumprisse o que foi dito

    pelos profetas: Será chamado Nazareno.” 

    Nas cenas (adoração dos Magos e Fuga para o Egito), se repete várias vezes “o

    menino e sua mãe” (v.13, v.14, v.20) . Isso reforça a real maternidade de Maria nãoaludindo à “paternidade real” de José. Maria se mostra como uma companheira

    inseparável do Filho. Ela sempre acompanha o Redentor, ela participa da vida

    humana e salvífica do Filho, sempre muito próxima...inseparável.

    III – MARIA NA VIDA PÚBLICA DE JESUS

    Apesar de usar a mesma fonte de Marcos quando fala de Maria e dos “irmãos

    de Jesus”, e a cena da casa e da rejeição em Nazaré, Mateus interpreta num outrosentido.

    A família de Jesus e os seguidores (Mt 12, 46-50):

    O texto aparece em Marcos e Lucas, porém, Mateus dá um significado bem

    particular.

    “46Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e

    esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.47Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te.48Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?49E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui

    minha mãe e meus irmãos.50Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu

    irmão, minha irmã e minha mãe.” 

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    Aqui aparece clara a ideia e a importância de seguir a Jesus e fazer a sua

    vontade. Não há, portanto, referência negativa à família biológica de Jesus e Maria é

    apresentada como aquela que em tudo procurou fazer a vontade de Deus. Ela é um

    bom exemplo para Jesus.

    MARIA NO EVANGELHO DE LUCAS E EM ATOS DOS APÓSTOLOS

    O livro de Lucas foi escrito por volta dos anos 79-80 d. C. Teve como

    destinatário primeiro um certo “Teófilo” (Lc 1,1 e At 1,1-2), cuja identidade é

    desconhecida. A evidência mostra que o livro foi escrito especialmente para os

    gentios. Lucas se esforça para mostrar os costumes judaicos e, algumas vezes,

    substitui nomes gregos por hebraicos.Como bom médico que foi, Lucas retrata a figura de Cristo mostrando todo o

    seu lado humano e misericordioso que socorre, cura, liberta e salva a todos sem

    distinção.

    Como também é autor do livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas compreende a

    HISTÓRIA DA SALVAÇÃO em três tempos ou etapas e organiza toda a sua obra a

    partir desta perspectiva:

    1ª etapa:  período preparatório à vinda de Jesus Salvador (O antigo Israel

    espera com alegria a manifestação do Messias e prepara a sua vinda);2ª etapa: A vida de Jesus: sua encarnação, sua presença, sua manifestação,

    paixão, morte, ressurreição e glorificação;

    3ª etapa: tempo da Igreja que se faz por obra do Espírito Santo. A Igreja é a

    grande portadora da salvação a todos os povos.

    Esses três períodos ou etapas se articulam a partir de Jerusalém.

    Segundo os estudiosos do tema, Lucas é o evangelista que mais fala de Maria.

    Em um total de 152 versículos do Novo Testamento sobre Maria, 90 são de Lucas (1

    versículo aparece no livro dos Atos e 89 no terceiro evangelho).

    Lucas apresenta muitas qualidades de Maria. Ela é o exemplo vivo do

    discípulo e seguidor de Jesus, que acolhe a Palavra de Deus com fé, guarda e medita

    em seu coração e põe em prática, produzindo muitos e bons frutos.

    Maria é apresentada como a grande peregrina na fé. O “SIM” dado a Deus na

    sua juventude é renovado constantemente no decorrer de toda a sua vida.

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    Maria não nasce como uma santa pronta e acabada. Ela passa por crises e

    situações difíceis e desafiadoras, contribuindo para o seu crescimento na fé.

    Por outro lado, Maria nos lembra que Deus escolhe preferencialmente os

    pobres e os pequenos para iniciar seu Reino. Maria é uma pessoa de coração pobretodo aberto para Deus, tem um coração solidário e serviçal sempre disponível a

    ajudar os mais necessitados.

    MARIA NO EVANGELHO DE LUCAS

    Em Lucas, Maria aparece como uma Mulher de Fé que aceita livremente o

    projeto de Deus. Dois títulos se sobressaem na Mariologia de Lucas: Maria mulher

    de fé e Maria como Mãe do Senhor.Os principais textos marianos em Lucas são: anunciação, visitação e o

    Magnificat.

    I – ANUNCIAÇÃO (Lc 1, 26-38)

    “26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia,

    chamada Nazaré,

    27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa deDavi e o nome da virgem era Maria.

    28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria

    semelhante saudação.30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o

    trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,33e o seu reino não terá fim.34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do

    Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será

    chamado Filho de Deus.36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já

    está no sexto mês aquela que é tida por estéril,

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    37porque a Deus nenhuma coisa é impossível.38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a

    tua palavra. E o anjo afastou-se dela.” 

    Muitos autores afirmam que este é o texto mais importante sobre Maria em

    todo o Novo Testamento. Algumas razões: é o início de tudo, retrata bem a figura e

    a fé de Maria, é o texto mariano mais usado na liturgia, é o texto mais citado pelos

    padres da Igreja dos primeiros séculos até hoje, os artistas gostam muito de pintar

    seus quadros a partir dessa cena da anunciação.

    É comum a ideia entre vários estudiosos de que a mensagem central deste

    relato é a iniciativa de Deus que vai ao encontro de Maria, pedindo o seuconsentimento para que o seu Filho se encarne no meio da humanidade.

    O relato tem característica de anúncio, vocação e de missão que segue os

    esquemas de formulários típicos dos ritos de aliança entre Deus e o seu povo com as

    seguintes características:

    A figura de um Mediador: Deus propõe e não impõe um projeto de vida, por

    exemplo, vocação de Abraão, Moisés, Sansão, Gedeão etc, que proclama que

    acontecerá algo extraordinário que vai transformar a vida das pessoas;

    Resposta do interlocutor: onde revela o consentimento da pessoa ou do povo,ou seja, a aceitação do projeto de Deus. Este consentimento sempre se dá num

    contexto de Diálogo com muita liberdade.

    Neste caso, é o anúncio de uma criança importante, que virá para a salvação

    do povo. Este anúncio foi feito pelo mensageiro Gabriel com o consentimento de

    Maria.

    Algumas considerações prévias:

    É possível notar nesse relato da Anunciação do nascimento de Jesus um certo

    paralelismo com o relato da Anunciação do nascimento de João Batista:

    A anunciação de João Batista acontece no templo de Jerusalém;

    A anunciação de Jesus acontece em uma cidadezinha sem importância da

    Galiléia, chamada Nazaré.

    Os estudiosos afirmam que, a partir dessa constatação, Deus dá a entender

    que a sua morada não estará mais ligada ao templo de Jerusalém. Qualquer canto

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    deste mundo, por mais simples que seja, pode ser muito bem o santuário da sua

    habitação. Qualquer lugar humano pode se transformar em ocasião de encontro e

    manifestação de Deus.

    2) Detalhando o texto:

    Nazaré: cidade sem importância

    O anjo Gabriel: figura rara que aparece poucas vezes na Bíblia (Dn 8, 16-26 e

    9,21-27... explicando o sentido das visões, anunciando o novo tempo que virá, no

    meio das perseguições e desgraças)

    Maria (significa: Amada, a escolhida, querida, preferida)Saudação do Anjo: “Alegra-te, Maria”: Maria é convidada a participar da

    alegria do novo tempo, que começa com a vinda de Jesus. Jesus é a alegria plena.

    Maria representa o povo de Israel. É a “Filha de Sião” a se alegrar pois Deus vem

    salvar o seu povo. Faz lembrar os oráculos messiânicos dos profetas Sofonias (3, 14-

    17), Zacarias (2, 14-15 / 9, 9-10) e Joel (2, 21.27).

    “Cheia de graça” (Kecharitoomene – agraciada, transbordante de graça, plena

    da graça): Maria recebe um nome, um título, uma honra, que nenhuma outra

    pessoa tem recebido na Bíblia. Maria recebe a graça como puro dom de Deus e setorna “templo do Espírito Santo”. 

    “O Senhor está contigo”: frase usada no Antigo Testamento para as pessoas

    que Deus tem um projeto especial (Isaac, Jacó, Moisés, Josué, Gedeão). Revela que

    Deus estará com Maria no cumprimento de sua missão. Maria está ao lado das

    grandes figuras do Antigo Testamento.

    A “mensagem do Anjo”: Fala do modo como Maria dará à luz ao Filho de

    Deus: “conceberás e darás à luz”. 

    A “objeção” de Maria: Maria compreende que foi chamada a ser mãe, mas

    afirma que não é casada. Maria pergunta sobre o “como se fará isso”. 

    A explicação do Anjo: o nascimento de Jesus é fruto da atuação do Espírito

    criador de Deus em Maria. É a “nova criação”. Maria é a nova “arca da aliança”, que

    vai gerar em si o cumprimento de todas as promessas do povo de Israel.

    Tu lhe porás o nome: dar o nome é um ato de compromisso e de

    responsabilidade. Em Mateus, é José quem dá o nome; aqui é Maria quem assume a

    responsabilidade para si.

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    Mariologia - Maria na BíbliaFrei Rinaldo Stecanela, osm

    O Magnificat (tradução = engrandece, glorifica) de Maria é uma profissão de

    fé transformada em cântico cheio de gratidão. Maria é a serva do Senhor, a

    escolhida, a eleita para inaugurar o grande acontecimento na história dahumanidade. O seu canto exprime os anseios de todo o povo de Israel. Canta a ação

    de Deus na história em favor do seu povo. O povo reconhece as maravilhas que

    Deus realiza.

    Esse texto descreve a “alma de Maria”, o “ápice de sua espiritualidade e

    relação com Deus”. É uma espécie de “prelúdio do Sermão da Montanha” (Mt 5). 

    A origem desse canto remonta-se aos cânticos do Antigo Testamento,

    principalmente ao cântico de Ana (1 Sm 2,1-10), em que, após a travessia do MarVermelho, Ana canta a vitória dada por Deus ao povo frente à opressão do Egito.

    O relato pode ser dividido em três partes:

      Maria lembra as maravilhas que Deus fez em seu favor;

      Maria lembra a ação salvífica de Deus em favor dos pobres e oprimidos;

      Maria lembra o cumprimento das promessas de Deus na história.

    Em síntese, o relato do magnificat expressa as características essenciais de

    Maria e também de Deus:Maria é apresentada como “serva” e “humilde”. 

    Deus se mostra sendo JUSTO e MISERICORDIOSO.

    IV – O NASCIMENTO DE JESUS (Lc 2, 1-20)

    1) O recenseamento (Lc 2, 1-7)

    “1Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o

    recenseamento de toda a terra.2Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria.3Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.4Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de

    Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,5para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida.

    6Estando eles ali, completaram-se os dias dela.

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    7E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num

    presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.” 

    O recenseamento foi uma espécie de contagem da população que o ImpérioRomano resolveu fazer para saber as procedências de cada habitante de Jerusalém.

    Foi uma medida inventada com a intenção de arrecadar mais impostos para o

    Império.

    O texto revela o modo pobre como Jesus nasceu longe de casa. Mostra,

    também, o cumprimento da profecia do profeta Miquéias 5, 1-4, sobre o lugar onde

    Jesus deveria nascer:

    “1Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá

    para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos

    tempos antigos, aos dias do longínquo passado.2Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de

    dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel.3Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a

    majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele

    será exaltado até os confins da terra.4E assim será a paz.” 

    Um detalhe muito interessante que o texto apresenta é sobre o lugar onde

    Maria depositou Jesus: em uma manjedoura, lugar onde eram colocados os

    alimentos dados aos animais. Ao depositar Jesus em uma manjedoura, Maria estava

    apresentando Jesus como o novo alimento para a humanidade faminta do

    verdadeiro pão que sacia de verdade. Jesus é este novo alimento. Um sinal da

    Eucaristia!

    2) A visita dos pastores (Lc 2, 8-20):

    “8Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho

    nos campos durante as vigílias da noite.

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    9Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles

    e tiveram grande temor.10O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa-nova que será

    alegria para todo o povo:11hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.12Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e

    posto numa manjedoura.13E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que

    louvava a Deus e dizia:14Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da

    benevolência (divina).15Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores

    uns com os outros: Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor

    nos manifestou.16Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na

    manjedoura.17Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino.18Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os

    pastores.19Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração.20Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham

    ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito.” 

    O nascimento de Jesus provoca alegria em todo o povo. Jesus se revela aos

    pastores da região. Povo simples que ganhava a vida cuidando dos rebanhos. Os

    pastores eram desprezados e considerados impuros porque levavam, na maioria das

    vezes, a fama de saqueadores e ladrões de rebanhos alheios. Mais tarde, Jesus vai

    dizer que Ele é o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas. Por outro lado, os pastores

    também representam os apóstolos que terão a missão de testemunhar ao mundo

    “tudo o que viram e ouviram” de Jesus. 

    O texto revela a existência de um SINAL (v.12): Jesus envolto em panos,

    colocado em uma manjedoura. Apesar da simplicidade da cena, revela que toda a

    glória de Deus está escondida no simples.

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    A Atitude de Maria era de quem guardava e meditava todas essas coisas em

    seu coração. Tal atitude significa que Maria tentava entender o significado de tudo o

    que estava acontecendo com ela e ao seu redor. Maria, nesse sentido, é chamada

    de “Peregrina na fé”. 

    3) A apresentação de Jesus no Templo (Lc 2, 22-35):

    “22Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no

    a Jerusalém para o apresentar ao Senhor,23conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo

    masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); 24e para oferecerem o sacrifícioprescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.25Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e

    piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele.26Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o

    Cristo do Senhor.27Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o

    menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei,

    28tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos:29Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.30Porque os meus olhos viram a vossa salvação31que preparastes diante de todos os povos,32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel.33Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam.34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está

    destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em

    Israel, e a ser um sinal que provocará contradições,35a fim de serem revelados os pensam entos de muitos corações. E uma

    espada transpassará a tua alma.” 

    Conforme a tradição judaica, a família da Nazaré devia cumprir as seguintes

    regras religiosas:

    http://www.bibliacatolica.com.br/http://www.bibliacatolica.com.br/

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      Circuncisão (oito dias após o nascimento) - Conforme o que estava

    prescrito na Lei de Moisés (Lv 12,3). Nessa circunstância, foi posto no menino o

    nome de Jesus.

     

    A consagração ou o resgate:

    Era uma norma aplicada aos primogênitos hebreus do sexo masculino. Era

    uma oferenda de consagração do menino para Deus.

     

    Purificação (para a mulher 40 dias após o parto).

    O texto revela que Maria e José eram fiéis aos preceitos religiosos. Eles

    cumprem a lei e oferecem, por sua humilde condição, um par de pombinhos como

    pagamento pela purificação da mulher (No livro do Levítico 12, 6-8, é afirmado queexigia um cordeiro para tal purificação. Isso mostra a pobreza do casal de Nazaré).

    De Simeão se sabe muito pouco. Seu nome significa “Deus ouviu”.  Talvez

    fosse um sacerdote. Juntamente com Ana, Zacarias e Isabel, representa a reta

    religiosidade de Israel que espera o cumprimento das promessas de Deus.

    Simeão fala para Maria que Jesus será “sinal de contradição”, isto é, Jesus

    será como pedra de tropeço e pedra angular de agora em diante para todo Israel.

    Diante de Jesus ninguém ficará em uma postura neutra. Ou se adere ao seu projeto

    ou se rejeita.Simeão alerta Maria sobre o que vai acontecer com ela por causa do seu filho:

    “uma espada de dor te traspassará a alma”. Maria vai sentir todo o sofrimento e a

    angústia em seu coração pela oposição que será feita contra Jesus que vai culminar

    na morte de cruz. Maria provará na própria carne a espada de conflito.

    V – ENCONTRO COM JESUS NO TEMPLO (Lc 2, 41-52)

    “41Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa.42Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da

    festa.43Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em

    Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem.44Pensando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva,

    andaram caminho de um dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos.

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    45Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém, à procura dele.46Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores,

    ouvindo-os e interrogando-os.

    47Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suasrespostas.

    48Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: Meu filho,

    que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.49Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-

    me das coisas de meu Pai?50Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera.51

    Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãeguardava todas estas coisas no seu coração.52E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos

    homens.” 

    Todos os anos, Maria e José costumavam ir a Jerusalém para a festa da

    Páscoa. Jesus já tinha completado doze anos. Segundo a tradição judaica, doze anos

    significava a maioridade de uma pessoa (fim do período da infância). Jesus já era

    “maior de idade” e, portanto, tinha o dever e a obrigação de aprender e colocar emprática a lei de Moisés. Há quem diga que esta “ousadia” de  Jesus ao ficar em

    Jerusalém, quando todos voltavam para Nazaré, foi o começo de sua aparição

    pública.

    Esse episódio revela muitos dados que se associam à paixão de Jesus (Páscoa,

    Jerusalém, Templo, três dias...).

    Maria não compreende as palavras de seu Filho, mas guarda tudo em seu

    coração. Ela é a imagem do seu povo Israel que, mesmo sem compreender, espera

    atenta e vigilante a manifestação de Deus que vai cumprindo as promessas. Para

    Lucas, Maria também é peregrina na fé. Como discípula, ela vai compreendendo os

    mistérios de seu Filho na medida que vai participando mais de sua vida.

    VI – A VIDA PÚBLICA DE JESUS

    Antes de falar da vida pública de Jesus, propriamente dita, é necessária uma

    pequena nota acerca de sua vida no que tange os períodos dos 12 aos 30 anos. Jesus

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    começou o seu ministério público com a idade de uns trinta anos, mas o que ele fez

    antes, sendo que o último registro de sua aparição foi exatamente quando ele tinha

    doze anos? A resposta também é simples: Jesus viveu como um homem do seu

    tempo: ajudava José nos trabalhos de Marcenaria, frequentava o Templo, estudou,leu, rezou, pescou, conversava com as pessoas, ... tudo isso como um Galileu.

    1) Jesus, Filho de José (Lc 3, 23):

    “23Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo

    (como se supunha) filho de José, filho de Eli (...) filho de Enós, filho de Set, filho deAdão, filho de Deus (38)

    O evangelista Lucas não afirma que Jesus é filho de José, mas aponta a

    descendência. Por isso usa o “conforme se supunha”. 

    2) Rejeição de Jesus em Nazaré (Lc 4, 16-30):

    “16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia desábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.

    17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a

    passagem onde está escrito (61,1s.):18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para

    anunciar a boa-nova aos pobres, para sarar os contritos de coração,19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para

    pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam

    na sinagoga tinham os olhos fixos nele.21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de

    ouvir.22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que

    procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José?

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    23Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti

    mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer,

    faze-o também aqui na tua pátria.

    24E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na suapátria.

    25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias,

    quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na

    Sidônia.27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu;

    mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã.28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do

    monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali

    abaixo.30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.” 

    Ao contrário de Mateus e Marcos, o texto não acrescenta muita novidade

    Mariana. Não menciona o nome de Maria e dos “irmãos de Jesus” ou qualquerreferência negativa à família de Jesus. Apenas indica a rejeição do profeta em sua

    própria terra.

    3) A mãe e a família de Jesus (Lc 8, 19-21):

    “19Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.20Foi-lhe avisado: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te.21Ele lhes disse: Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a palavra de

    Deus e a observam.” 

    Como já abordado, esse texto também está em Mateus e em Marcos. A

    diferença, talvez, é que Jesus não aponta os braços para a multidão, ao contrário

    dos dois evangelistas. Jesus indica, com isso, que Maria faz parte da sua família de

    Jesus por dois motivos: é mãe de sangue e faz a vontade do Pai, critério essencial

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    para ser membro desta santa família. Maria é a terra boa, segundo a parábola do

    semeador, que ouve a Palavra de Deus e faz produzir bons frutos (Lc 8,15).

    4) A homenagem feita à Maria (Lc 11,27-28)

    “27Enquanto ele assim falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e

    lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te

    amamentaram!28Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de

    Deus e a observam!” 

    Quando o Antigo Testamento quer indicar a maternidade biológica, usa a

    expressão “seios e ventres”. Jesus transcende, com sua resposta, os laços

    simplesmente de sangue dando importância ao aspecto do discipulado (ouvir a

    palavra de Deus e colocá-la em prática)

    MARIA NO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS

    Lucas é autor do livro dos Atos dos Apóstolos. O nome de Maria aparece uma

    única vez, mas com um destaque todo especial e fundamental. Ela aparece com osdiscípulos, no meio da comunidade, após a Ressurreição e a Ascensão de Jesus.

    At 1, 14:

    “Todos eles perseveravam unanimemente na oração com as mulheres, entre

    elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.” 

    Lucas descreve a continuidade e a consolidação dos discípulos de Jesus que

    formam a comunidade dos primeiros cristãos. E Maria está com eles, no início da

    Igreja de Jesus. Maria aqui é recordada com o seu nome próprio e com uma

    característica muito particular: “mãe de Jesus”. Ela não está fora da Igreja. Apesar

    de aparecer uma única vez no livro dos Atos, Lucas quer mostrar que Maria é parte

    integrante da Igreja primitiva e participa com a sua presença, oração e missão.

    Há também uma correlação muito grande e estreita entre o evento

    Pentecostes e a Anunciação de Maria. Em Pentecostes, o Espírito desceu sobre

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    “todos” os que estavam presentes, plenificando ainda Maria a Virgem Maria. Maria,

    com a Igreja nascente, se torna testemunha do seu Filho.

    MARIA NO EVANGELHO DE JOÃO

    João escreveu o seu Evangelho por volta do ano 90-100 d.C. É também autor

    do livro do Apocalipse. Tanto o quarto evangelho, quanto o livro do Apocalipse

    apresentam, por serem os escritos mais tardios, uma reflexão bem mais madura

    sobre Jesus.

    O Evangelho de João está dividido em três partes:

     

    Prólogo (Jo 1, 1-18);  Livro dos Sinais (Jo 1,19 – 12,50);

     

    Livro da Exaltação (Jo 13-20).

    Menciona a Mãe de Jesus em três ocasiões: uma indiretamente, na

    encarnação do Filho de Deus (Jo 1, 14) e as outras duas de uma maneira bem

    explícita: as Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e na Morte de Jesus (Jo 19, 25-27).

    Jo 1,14 (PRÓLOGO):

    “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos sua glória, a glória que oFilho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.” 

    Embora o texto não mencione Maria, porque a intenção do autor é mostrar a

    origem divina de Jesus (Verbo de Deus), dá-se a entender que Ela está implícita no

    processo da encarnação de Jesus (“e habitou entre nós”). Não podemos, em

    hipótese alguma, afirmar que este é um texto mariano, mas quando se fala em

    “encarnação” do Verbo Divino, Maria é lembrada. 

    A mariologia de João apresenta Maria como a Mediadora da Fé (nas Bodas de

    Cana), a Mãe da comunidade de fé que sofre (aos pés da Cruz) e a Mulher que é

    símbolo da Igreja que sofre as perseguições porém que vencerá no final de tudo.

    João apresenta só dois textos que se referem diretamente a Maria: Nas Bodas

    e aos pés da Cruz. Apenas dois textos, porém, que dizem tudo, ou seja, As BODAS

    representam o INÍCIO do Ministério de Jesus e aos PÉS DA CRUZ, o fim do ministério

    público de Jesus. Em outras palavras, João quer nos dizer que MARIA ESTAVA DO

    INÍCIO AO FIM DO MINISTÉRIO DE JESUS.

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    Jo 2, 1-12 (AS BODAS DE CANÁ):

    “1Três dias depois, celebravam bodas em Caná da Galiléia e achava-se ali amãe de Jesus.

    2Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.3Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho.4Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não

    chegou.5Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser.6

    Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, quecontinham cada qual duas ou três medidas.7Jesus ordena-lhes: Enchei as talhas de água. Eles encheram-nas até em cima.8Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram.9Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo

    de onde era (se bem que era de conhecimento dos serventes, pois eles mesmos

    tinham tirado a água), chamou o noivo10  e disse-lhe: É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os

    convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste ovinho melhor até agora.

    11Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia.

    Manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele.12Depois disso, desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus

    discípulos e ali só demoraram poucos dias.” 

    Este relato encontra-se inserido no chamado “bloco dos sinais” (a palavra

    “sinais” –  seeméion  –  aparece 17 vezes para significar algo grandioso,

    extraordinário, um tempo novo, um tempo da graça). É cheio de uma simbologia

    muito grande. Os sinais apresentam um sentido de revelação da pessoa de Jesus e

    têm uma íntima relação com a fé. Quando Jesus realiza um milagre, este serve de

    sinal para que as pessoas vendo possam acreditar em Jesus. Em Mateus, Marcos e

    Lucas, os milagres que Jesus realiza indicam o poder de Deus sobre as forças do mal.

    Os sinais que o quarto Evangelho menciona também expressam a Glória de

    Deus que, com Jesus, aos poucos vai se manifestando ao mundo.

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    Analisando o texto...

    Um primeiro dado interessante, que se percebe à primeira vista, é que João

    não menciona o nome “Maria”. Ele refere-se à Maria chamando-a de “Mulher” ou

    “Mãe de Jesus” (seis vezes). A explicação é simples: João gosta de apresentar certaspessoas como modelos de seguidores do projeto de Jesus. Maria, portanto, é um

    modelo, uma figura símbolo que aceitou a mensagem de Jesus.

    Apesar de ser uma festa de casamento, os personagens principais não são os

    noivos, mas, sim, Jesus e Maria. Apesar de usar uma linguagem de um casamento,

    João quer mostrar, com esse relato, que o pacto (casamento) entre o povo da Antiga

    Aliança (Israel) e Deus estava desgastado, sem vida, vazio, devido ao abismo do

    pecado.O relato data muito a sequência dos dias, com destaque especial “ao terceiro

    dia”, alusão simbólica à Aliança no Monte Sinai (Cf. Ex 19, 11.9) e, principalmente, à

    Ressurreição de Jesus.

    Ao fazer chegar até Jesus a problemática da falta de vinho, Maria se apresenta

    como aquela que, conhecendo as necessidades da humanidade, pede ajuda para

    Jesus. Aqui está simbolizado o papel de intercessora atribuído à Maria.

    A primeira reação de Jesus ao afirmar “Mulher, isso compete a nós?” ou, que

    importa a mim e a ti? (v. 4), parece ser um tanto ríspida com relação à Maria, masserve para ilustrar o deslocamento de perspectiva: que Jesus chama os seus

    interlocutores (na pessoa de Maria) para perceber um outro nível de sua presença.

    A palavra “mulher” pode representar três ideias: 

      Pode lembrar Gn 3, referindo à Eva-Mulher que trouxe o pecado ao

    mundo. Assim, Maria, a nova Mulher, trouxe a salvação, Jesus;

     

    Maria, Mulher, pode representar todo o povo de Israel (Filha de Sião);

      Pode traduzir todo o reconhecimento da figura feminina na

    comunidade de João, pelo papel evangelizador que as mulheres desempenhavam no

    testemunho do Evangelho.

    Depois de realizar o milagre da transformação da água em vinho, o relato tem

    um desfecho muito significativo e é para lá que apontava João: “Assim deu Jesus

    início aos seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória; e os seus

    discípulos creram nele.” (v.11). Com isso, o autor acentua a centralidade do relato:

    mostrar quem é Jesus (aquele que traz o vinho novo, a Nova Aliança, o Novo Pacto,

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      Discípulo amado como representante de todos os fiéis que seguem

    Jesus custe o que custar.

    Resumindo, é possível sintetizar a figura de Maria no quarto evangelho como:

     

    discípula fiel;

     

    pessoa de fé;

      mãe da comunidade;

     

    mulher solidária.

    MARIA NO LIVRO DO APOCALIPSE 12

    Todo o livro do Apocalipse é repleto de uma linguagem de muitas imagens enúmeros. À primeira vista, parece que o livro é enigmático, assustador e cheio de

    mistérios. Mas, apesar de usar uma linguagem “não muito clara”, o autor quer

    reforçar a fé e a esperança dos cristãos frente às perseguições e dificuldades em que

    se encontrava a Igreja primitiva.

    O uso desse tipo de linguagem (Gênero literário) é bem simples de se explicar:

    João está preso. Ele manda cartas para os cristãos. Usa linguagem simbólica que só

    os cristãos entendiam. Caso contrário, as correspondências não chegariam ao seu

    destino. Portanto, cada imagem, cada número, cada ação tem o seu significado. Mas

    nós vamos nos ater somente àquelas passagens que podem fazer referência à

    pessoa de Maria. Nesse caso, o capítulo 12, principalmente porque tem algumas

    referências sobre uma “mulher vestida de sol”. 

    O Capítulo pode muito bem ser dividido em três partes que apresentam três

    cenas com os seguintes personagens:

    1ª cena (Ap 12, 1-6): a mulher, o dragão e a criança;

    2ª cena (Ap 12, 7-12):  a guerra entre as forças de Deus (Miguel) e do mal(Satanás);

    3ª cena (Ap 12, 13-17): a mulher perseguida pelo dragão que é vencido.

    1ª Cena (Ap 12, 1-6):

    “1Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol,

    a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.

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    2Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz.3Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete

    cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas.

    4Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu e as atirou à terra.Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que,

    quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.5Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações

    pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu

    trono.6A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um

    retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias.” 

    Esse “grande sinal” significa a importância do acontecimento; 

    “ Céu”, mais que morada de Deus, simboliza o lugar onde estão as forças

    transcendentais que interferem na história humana;

    “Mulher vestida de sol”, numa primeira leitura, não se refere à Maria (Maria

    não apareceu no céu, não deu à luz no céu e muito menos o menino foi levado para

     junto de Deus. Foi exatamente o contrário: Ele veio de Junto de Deus, no mistério da

    encarnação), mas faz alusão à glória de Deus que reveste o seu povo, o Sol queilumina;

    “Tem a lua debaixo de seus pés” significa o domínio sobre as co isas

    temporais;

    “Coroa de doze estrelas” lembra as doze tribos de Israel, bem como os doze

    Apóstolos recompensados no final dos tempos;

    “Dores de parto” recorda todo o sofrimento vivido pelo povo do Antigo

    Testamento, bem como as perseguições da comunidade do Novo Testamento, que

    quer continuar gerando Jesus para a humanidade através do seu testemunho;

    “Dragão de sete cabeças e dez chifres” representa o poder político e

    dominador da época. As “sete cabeças” simboliza a plenitude (o número sete

    significa a plenitude, a totalidade) de poder. Os “dez chifres” representam os dez

    governadores senatorias do Império Romano; O “diadema” sobre cada uma das

    cabeças refere-se à linhagem nobre de cada um dos governadores;

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    Tanto a Mulher como o Dragão são colocados juntos e em contraposição,

    simbolizando que as forças do bem e do mal travam um conflito constante na

    história;

    A Mulher “deu à luz a um filho, um varão que irá reger todas as nações comum cetro de ferro” (v. 5). Esse versículo lembra o Salmo 2, 7b-9: “Tu és meu Filho,

    hoje te gerei. Pede-me e eu te darei as nações por herança e as extremidades da

    terra por possessão. Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás

    como a um vaso de oleiro.” e não se refere ao nascimento de Jesus em Belém, mas,

    sim, à Paixão, quando então sairá vitorioso pela Ressurreição;

    O “deserto” tanto significa o lugar da tentação (Jesus foi tentado no deserto

    durante 40 dias e 40 noites) como também o lugar da proteção de Deus.

    2ª Cena (Ap 12, 7-12):

    “7Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o

    Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate,8mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles.9Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado

    Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra e com eleos seus anjos.

    10Eu ouvi no céu uma voz forte que dizia: Agora chegou a salvação, o poder e a

    realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi

    precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante do

    nosso Deus.11Mas estes venceram-no por causa do sangue do Cordeiro e de seu

    eloquente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte.12Por isso, alegrai-vos, ó céus, e todos que aí habitais. Mas, ó terra e mar,

    cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que

    pouco tempo lhe resta.”

    Entram em cena novos personagens: Miguel e seus anjos. A luta que começa

    no céu desce à terra. Nessa cena, não aparece mais a figura da “mulher” e s im

    “Miguel e o Dragão”. O Dragão é descrito como a “antiga serpente”, fazendo

    lembrar Gn 3,15 (“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e

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    a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”), que já foi

    vencida. Conforme o texto, essa vitória sobre a serpente se deu “pelo sangue do

    cordeiro” (sacrifício de Jesus). 

    3ª Cena (Ap 12, 13-17):

    “13O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que

    dera à luz o Menino. 14Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia, a fim

    de voar para o deserto, para o lugar de seu retiro, onde é alimentada por um tempo,

    dois tempos e a metade de um tempo, fora do alcance da cabeça da Serpente.15A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir.16A terra, porém, acudiu a Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o

    Dragão vomitara.17Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua

    descendência, aos que guardam os mandamentos de Deu