Drops - Gabriel Garcia Marquez

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Gabriel García Márquez DROPS M u s t a n g 7 7 '

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Produto academico realizado pela Editora Mustang 77

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Gabriel García Márquez

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BIOGRAFIA

Nascido em Aracataca, Colômbia, morou boa parte da sua infância

com seus avôs maternos e aos 8 anos mudou-se para Barranquilla. Foi bas-tante influenciado pelo seu avô Nico-lás Ricardo Márquez Mejía, veterano da guerra dos mil anos. A convivência com seus avôs e consequentemente as histórias que lhe contavam, gera-ram inspiração para personagens e histórias do livro Cem Anos de Solidão. Depois que o seu avô mor-reu, foi viver com seus pais. Já mais velho foi estudar em Bogotá porém não chegou a completar a graduação.

Trabalhou em diversos jornais

“Todo mundo quer viver em cima da montanha,sem saber que a verdadeira felicidade estána forma de subir a escarpada.”

Gabriel Garcia Marquez

Biografia - 3Sobre o realismo fantástico - 6Análise de “Cem Anos de Solidão - 8Publicações do Autor - 11

Edição Filipe Laredo

FotosIan Pimentel

Arte e DiagramaçãoFilipe Laredo

RedaçãoIan PimentelFilipe Laredo

Editorial André Silvestre

Não é permitida a reprodução, gravação, fotocópia e outros, sem a prévia autorização do editor.

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como El Heraldo, El Espectador e El Universal. Foi correspondente in-ternacional na europa e Nova York, onde acabou sendo perseguido pela CIA por suas críticas. Nesse inteirím já participava de um grupo de escri-tores para estímulo da literatura. Em 1961 publica seu suposto primeiro romance “Ninguém escreve ao cor-onel” e em 1965 publica “Cem anos de solidão” que retrata a história da estirpe da família Buendia, obra que ganhou o Nobel da literatura em 1982.

Desde jovem, quando leu a primeira frase do romance “A metamorfose” de Franz Kafka, já começava a se inclinar para o lado do realismo fantástico. Cem anos de solidão mudou a literatura lati-no americana e foi um marco e ex-emplo para esse tipo de romance. Quando recebeu a carta avisando que tinha ganhado o prêmio No-bel, apesar da felicidade, percebeu que nunca mais teria uma vida tran-quila novamente, chegando a rece-

ber milhares de cartas por mês.Gabriel também se interessava

por cinema, tendo escritos diversos roteiros e atuado como diretor em filmes como Erendira, Presságio, Juego peligroso, entre outros. Em 1986 funda a Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba, um pro-jeto para apoiar novos cineastas da américa latina, ásia e áfrica. Lá lecio-nava oficinas de roteiros e em certa ocasião com o roteirista brasileiro Doc Comparato, escreveu o livro “Me alugo para sonhar”, uma transcrição do que acontecia nesses eventos.

A relação de Gabriel Garcia Marquez e o poder sempre foi bas-tante intensa como ele mesmo revela. Depois de ter sido premi-ado, intensificou o seu envolvim-ento político, atuando como diplo-mata em questões internacionais.

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SOBRE REALISMO FANTÁSTICO

O realismo fantástico surgiu na década de 40 apoiado por es-

critores como Jorge Luis Borges, Alejo Carpentier, Arturo Uslar Pi-etri, Carlos Fuentes e Gabriel Gar-cía Márquez. É um gênero original-mente hispano-americano e ficou conhecido após o crescimento do consumo de literatura regional. Nele a realidade mescla-se com alegorias

fantásticas que tem como obje-tivo direcionar o entendimento do leitor para uma certa realidade.

O termo realismo fantásti-co foi criado pelo crítico de arte Franz Roh, se referindo a um es-tilo chamado de Neue Sachlich-keit (A nova objetividade). Franz Roh achava que o realismo mágico era parecido em alguns aspectos

com o Surrealismo. Porém o Sur-realismo é mais focado em aspectos do subconsciente e aleatoriedade.

O realismo mágico é muitas vezes uma válvula de escape para acontecimentos políticos que in-comodam os autores. É uma ma-neira de criar subtextos, mascarar intenções e mostrar um ponto de vista do povo sofrido. Na obra de Gabriel Garcia Márquez pode-se ver que obra tem uma tendência de esquerda e revela muitos aspectos da luta do povo latino americano.

Aspectos normalmente aborda-dos:- Conteúdo de elementos mágicos ou fantásticos percebidos como parte da “normalidade” pelos personagens;- Elementos mágicos algumas vezes intuitivos, mas nunca explicados;- Presença do sensorial como parte da percepção da realidade;

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- O tempo é percebido como cíclico, como não linear, seguindo tradições dissociadas da racionalidade moderna;- O tempo é distorcido, para que o presente se repita ou se pareça com o passado;- Transformação do comum e do cotidia-no em uma vivência que inclui experiên-cias sobrenaturais ou fantásticas;- Preocupação estilística, partícipe de uma visão estética da vida que não exclui a experiência do real.

Espaço:-Mínimo e vital;- Dinamiza e activa o conteúdo das ações;- Atmosfera interiorizada -- sempre hoje;-Também possibilita observar as figuras gramaticais dessa época.

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“Como la familia Buendía sintetiza y refleja a Macondo, Macondo sintetiza y refleja (ao tiempo que niega) a la realidad real: su historia condensa la historia humana, los estadios por los que atraviesa corresponden, en sus grandes lineamientos, a los de cualquier sociedad, y en sus detalles, a los de cualquier sociedad subdesarrollada, auque más específicamente a las latinoamericanas.” Mário Vargas Llosa, Cien años de soledad. Realidad Total, Novela Total.

Cem anos de solidão está devi-damente encaixada na lista

dos melhores livros de todos os tempos. Ele é tanto uma experiên-cia de leitura prazerosa, proporcio-nada pela magnífica narrativa do autor, quanto uma experiência so-bre a américa latina em si. O livro,

provavelmente,inclinou-se politica-mente a Gabo, um livro que expõe por meio de metáforas e alegorias, as feridas mais profundas dessa terra.

“Al principio, José Arcadio Buendía era una especie de patriarca juve-nil, que daba instrucciones para la siembra y consejos para la crianza de niños y animales, y colaboraba con todos, aun en el trabajo físico, para la buena marcha de la comuni-dad. Puesto que su casa fue desde el primer momento la mejor de la aldea, las otras fueron arregladas a su imagem y semejanza.” (P. 17).

No ínicio do livro por exemplo, percebemos o momento em que os Buendia chegam e fundam Ma-condo. Cada casa tinha a mesma distância do rio, a mesma porção de luminosidade e o mesmo ta-manho. No desenrolar do romance

ANÁLISE DE “CEM ANOS DE SOLIDÃO”

percebemos a situação sendo modi-ficada aos poucos. A partir do mo-mento em que Macondo vai sendo “contaminada” por povos, governos e culturas externas, o caráter so-cial igualitário vai perdendo força.

A primeira grande transforma-ção na comunidade surge quando Úrsula encontra o caminho para sair do brejo e comunica Macon-do ao mundo. Chegam, por esse caminho, muitos imigrantes que vão apresentar o comércio ao povo macondino. “La escueta aldea de otro tiempo se convirtió muy pron-to en un pueblo activo, con tiendas y talleres de artesanía, y una ruta de comercio permanente por donde llegaron los primeros árabes (P. 49)”. O artesanato, representado por Úrsula montando “un negocio de animalitos de caramelo” (P. 49) ou por Aureliano aprendendo a tra-balhar a prata, e o comércio acelera

o desenvolvimento independente da sociedade. Ocorre então que as figuras institucionais começam a se apresentar através o corregedor Apolinar Moscote (P. 69), a igreja do padre Nicanor Reyna (P. 101) e o poder de polícia se instala (P. 108). Depois disso, uma guerra civil se

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inicia (P. 125) para durar vinte anos. A chega do primeiro alcaide, após o fim da guerra, fecha o primei-ro ciclo de vida da, enfim, cidade.

Quando a companhia banan-eira norteamericana decide entrar em Macondo, uma cidade indus-trial representado por Aureliano Triste e sua fábrica de gelo, para convertê-la em monoprodutora de banana, a segunda transformação se inicia. O povo antigo da cidade se mistura com gringos, sujeitos que não se importam com a cul-tura local, vindos apenas atrás das ofertas de emprego da companhia. Os donos de terras se transfor-mam em trabalhadores assalaria-dos agrícolas e a cidade já não se reconhece mais. “Los funcionarios locales fueron sustituidos por fo-rasteros autoritarios” e “los antig-uos policías fueron reemplezados por sicarios de machetes” (P. 273)

Outro aspecto que também é abordado, é o descaso com a

cultura escrita e oral. Ao longo da estirpe, conhecimentos antigos e importantes foram mantidos no quarto de Melquíades e poucos se arriscavam a decodificar o ma-terial. Esse pequeno detalhe, que não parece ter importância, mas que é envolto em uma aura mágica (já que os livros e anotações não apodrecem nem reagem ao tempo) é importantíssimo no clímax final do livro. Situação alegoricamente associada a cultura latina, que so-fre de preconceitos e falta de ação.

Esse mesmo conceito de des-caso e esquecimento pode nos le-var a temática central do livro, a solidão. Assim como outros livros que Gabriel Garcia Marquez publi-cou, esse livro trata a solidão quase como uma doença, que persegue, no caso do Cem Anos de Solidão, toda a estirpe dos Buendia. Os personagens vão evoluindo e tor-nando-se cada vez mais solitários, introspectivos e fora de alcance.

Sabendo da forte ligação que Gabo tem com política, poder e causas sociais, esses temas acabam sendo frequentes e formam a car-acterística autoral do seu trabalho. Somado aos eventos fantásticos que ocorrem de maneira extremamente normal e os textos sem capítulos, que dão a entender que o romance poderia ter sido contado por uma avó tentando ninar uma criança, Cem Anos de Solidão é uma obra maravilhosa. Para quem gostaria de entender, de uma forma artísti-ca, qual é o sentimento de ser mem-bro da américa latina, o sentimen-to de ser colonizado e esquecido, essa obra é perfeita. Ela ultrapassa a realidade de uma forma tão sutil que quase podemos tocá-la, cheirá-la e amá-la. Macondo existe. Existe em todos que já se sentiram como um Buendía, solitário e sonhador.

Mustang 77'*Obra utilizada: Edição comemora-tiva da Real Academia Española, 2007.

PUBLICAÇÕES DO AUTOR

RomancesIn Evil Hour 1962One Hundred Years of Solitude 1967The Autumn of the Patriarch 1975Love in the Time of Cholera 1985The General in His Labyrinth 1989Of Love and Other Demons 1994

NovelasLeaf Storm 1955No One Writes to the Colonel 1961Chronicle of a Death Foretold 1981Memories of My Melancholy Whores 2004Coleções de contosInnocent Eréndira, and Other Stories 1978Collected Stories 1984Strange Pilgrims 1993

Não ficçãoThe Story of a Shipwrecked Sailor 1970The Solitude of Latin America 1982The Fragrance of Guava 1982Clandestine in Chile 1986News of a Kidnapping 1996A Country for Children 1998Living to Tell the Tale 2002

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