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Biografia de Mokiti Okada

LUZ DO ORIENTEVOLUME 3

Ttulo do Original:"Toho no Hikari - Guekan" Editora:Sekai Kyusei Kyo Atami, Japo Copyright by Sekai Kyussei Kyo Atami

PREFCIO

A publicao de Luz do Oriente, biografia do fundador de nossa Igreja, pela qual ansiei durante muitos anos, para mim uma alegria insupervel. Ao relembrar, com todo respeito, o esforo de longa data empreendido por todas as pessoas relacionadas a esse trabalho at que ele chegasse publicao, sinto-me profundamente agradecida. O ttulo Luz do Oriente foi tirado de uma das caligrafias feitas por Meishu-Sama (nome religioso de Mokiti Okada), e eu acho que no existe nome mais adequado para enaltecer os feitos e a espiritualidade de nosso Mestre. Com a publicao deste livro, grande nmero de pessoas poder conhecer tudo sobre Mokiti Okada um grande praticante do amor e da justia, o qual, tendo nascido como cidado comum, depois de inmeras provaes, tomou-se o manifestante da Glria de Deus. "Em breve ser iniciada a pesquisa sobre Mokiti Okada", disse Meishu-Sama. Creio, pois, que tambm ele esteja se sentindo muitssimo satisfeito ao ver concretizadas essas palavras, com a publicao da presente biografia, por ensejo do seu Centenrio. Como filha de Meishu-Sama, vivi durante muitos anos perto dele. Diversas imagens suas vm-me naturalmente ao pensamento: s vezes, a figura do pai carinhoso; outras vezes, a figura do dirigente que vivia unicamente para a Obra Divina e, ainda, a figura cheia de nobreza que se divertia com as caminhadas ao lado de Nidai-Sama (Segunda Lder Espiritual), que fazia "ikebana" (vivificao floral) e se interessava pelas obras de arte. Lendo este livro, fiquei admirada de ver reproduzidas, fielmente, sem nenhum exagero ou adaptao, essas imagens de Meishu-Sama com as quais tive contato como pessoa de sua famlia. Quanto mais lia, mais me sentia atrada, podendo novamente experimentar na pele a grandiosidade daquele que viveu para cumprir sua misso, e o muito que lhe devemos. Pude, ainda, conhecer diversos aspectos seus que at ento eu desconhecia. Cheguei mesmo a ter a impresso de que ele havia retornado a este mundo e de que eu ouvia bem perto a sua voz, o que me deixou ainda mais saudosa. Aprender com Meishu-Sama e dele nos aproximar , para ns, que seguimos o caminho traado por ele em seus Ensinamentos, um grande desejo e tambm a meta de todo o nosso esforo. O livro Luz do Oriente um bom orientador para isso. Desejo que, daqui para a frente, o tenham sempre em mos e o utilizem como guia, para corresponderem ainda mais Vontade de Meishu-Sama. ITSUKI OKADA Terceira Lder Espiritual da Igreja Messinica Mundial

APRESENTAO EDIO BRASILEIRA

imensa a minha alegria pela edio, em lngua portuguesa, do livro "Luz do Oriente". Em sua edio original, em japons, o livro foi publicado em dezembro do ano passado, antecedendo o ano comemorativo do centenrio de nosso Mestre; desde ento, tem sido muito apreciado plos fiis japoneses, que nele tm encontrado informaes que lhes permitem conhecer, ainda mais profundamente, o sentimento altrusta caracterstico de Meishu-Sama. Atravs de sua leitura constante, nele podemos, ainda, encontrar diretrizes que nos permitem um melhor posicionamento, nesta poca conturbada em que vivemos. O fato de ele ter sido traduzido e editado em lngua portuguesa e estar, agora, ao alcance de todos os brasileiros , para mim, motivo da maior satisfao. Meishu-Sama fundou a nossa Igreja com o objetivo de concretizar o Mundo Ideal de VerdadeBem-Belo, um mundo de eterna paz. Paralelamente s atividades religiosas, entretanto, apresentou, divulgou amplamente e, sobretudo, esforou-se ele mesmo, desde a poca inicial, na prtica de teorias inovadoras nos campos da poltica, economia, educao, arte, medicina, agronomia e em todos os demais campos das cincias sociais e naturais. Hoje, por intermdio de seus seguidores em todo o mundo, o pensamento de Mei-shu-Sama frutificou de diversas formas, atravs de atividades como as do Museu de Arte M.O.A., voltadas para a salvao atravs do Belo; a Academia Sanguetsu de Vivificao pela Ror, que impulsiona a formao do Paraso atravs das flores; a Agricultura Natural, que visa a promover a verdadeira sade do homem; os trabalhos do Instituto de Pesquisas Ecolgicas, voltados para a proteo e preservao do meio ambiente etc.. Temos ainda a M.O.A. que, ultrapassando fronteiras e diferenas tnicas e religiosas, vem desenvolvendo, com esprito de compreenso e ajuda mtua, inmeras atividades educacionais, assistenciais e culturais. O pensamento e a filosofia de Meishu-Sama, que fundamentam essas atividades, so de uma amplitude e profundidade imensas. Nem preciso dizer que, para ns, fiis da Igreja Messinica Mundial, Meishu-Sama o modelo do qual procuramos nos aproximar mais e mais, estudandoO cons-tantemente. Nesse sentido, tenho a certeza de que a publicao deste livro, que registra fielmente sua vida e suas realizaes ao lado da publicao de obras como os Ensinamentos ("Alicerce do Paraso") e as "Reminiscncias de Meishu-Sama" representa mais uma Luz para seguirmos seus passos e assimilar-lhe o comportamento, manifestao concreta de seu esprito. Hoje, com o desenvolvimento das diversas atividades messinicas, pessoas de todo o mundo e no apenas os membros de nossa Igreja vm despertando para o desejo de assimilar o pensamento e a filosofia de Meishu-Sama. Assim, grande a minha expectativa de que este livro sirva para apresentar ao mundo a divina espiritualidade de nosso Mestre, servindo de ponte para guiar at ele toda a humanidade. Finalizando, expresso meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram para que esta obra viesse a ser editado em lngua portuguesa. TSUTOMU NAKAMURA Presidente da Igreja Messinica Mundial

APRESENTAO DA REEDIO

A publicao do livro Luz do Oriente partiu do desejo da nossa Segunda Lder Espiritual em 1961. Foi formada a Comisso de Compilao da Histria do Fundador Mokiti Okada e teve incio a coleta de dados para a sua execuo. Por ocasio da comemorao dos 30 anos da fundao da Igreja, em 1965, foi possvel lanar, como preparao, o livro Reminiscncias sobre Meishu-Sama. Posteriormente, objetivando a publicao de uma biografia completa do Fundador, como parte das atividades comemorativas do seu Centenrio, e graas ao desejo e apoio de inmeras pessoas ligadas Igreja Messinica Mundial, em 23 de dezembro de 1981, lanamos o livro Luz do Oriente. Os 72 anos de vida de Mokiti Okada, que desejou ardentemente concretizar a Verdade e construir a verdadeira civilizao, foram repletos de experincias que abrangiam os campos religioso, empresarial, educacional, artstico e filosfico. Atravs de uma investigao o mais fiel possvel realidade, a presente publicao retrata a ampla trajetria de Mokiti Okada. Embora ainda insuficiente, esta biografia engloba o cotidiano, o ideal e a filosofia de Mokiti Okada e acreditamos que seja capaz de apresentar uma viso geral da vida do Fundador. Estamos convictos de que este livro oferecer alimento espiritual e ser um seguro norteador para todos ns que, espelhados nos ideais do Mestre, almejamos incessantemente nossa elevao como seres humanos e como participantes na construo do Mundo Ideal. Atendendo ao desejo de um grande nmero de admiradores e adeptos de Mokiti Okada, reeditamos o livro Luz do Oriente. Nesta segunda edio, corrigimos algumas datas e inserimos alguns trechos para maior clareza textual. Modificamos, igualmente, expresses que, sob o prisma do respeito aos direitos humanos, eram consideradas indevidas. Desejamos, sinceramente, que o presente livro faa parte da leitura diria daqueles que, de uma maneira ou de outra, possuem afinidade com a Obra de nosso Fundador. Igreja Messinica Mundial - Maio de 1994

NOTAS DO TRADUTOR1- Nos nomes em japons, utilizamos as seguintes grafias:

a) n - para os sons nasais, mesmos antes de p e b. b) ss - para representar o som de c, mesmo no caso das palavras que tm sido comumente usadas com um s s, como por exemplo Osaka, que, neste caso, ser escrita Ossaka, pois, do primeiro modo, em portugus, seria normal pronunciar Ozaka. c) z - para se representar esse som, mesmo quando no seja estritamente necessrio. Por exemplo: Kizaemon, que, por estar entre vogais, poderia ser escrito com S. d) r - no incio de palavra deve ser pronunciado com o mesmo som do r de Maria, e no de Henrique ou rua. e) sh - pronuncia-se como em ingls ( = ch em portugus.) f) h - essa consoante, no incio das slabas, deve ser pronunciada com o som aspirado, como o r de rico, e no como o h de hbrido, por exemplo, que mudo. g) j - deve ser pronunciado com o som dj. h) g - pronuncia-se sempre com o som que ele tem na palavra guerra. 2 - Devido diferena entre as divises polticas e territoriais do Japo e as do Brasil, no foi possvel traduzir os endereos nos moldes brasileiros, dando a idia exata dos termos. O endereo, por exemplo, da casa onde o Fundador nasceu : Tokyo-to, Daito-ku, Hashiba 2 tyo-me 2 ban Distrito Federal / distrito / localidade ou bairro / conjunto de quadras / nmero Traduziramos, ento, para: Hashiba, quadra 2, n 2, Distrito de Daito, Tquio D.F. , o que apenas uma traduo aproximada. 3 - No caso de trechos extrados de obras que no so publicaes da Igreja, foram citadas as fontes. 4 - Os nomes aqui empregados nem sempre so os de registro. No caso da pessoa ser conhecida por um nome que no o de registro, utilizou-se esse nome.

NDICEPREFCIO..........................................................................................................................................10 .

APRESENTAO EDIO BRASILEIRA............................................................................... ...........10 APRESENTAO DA REEDIO....................................................................... ...............................11 NOTAS DO TRADUTOR........................................................................................ ...........................12 CAPTULO I...................................................................................................................... ...............16

PALCIO DO BELO............................................................................................................................. ..............161.COLEO DAS OBRAS DE ARTE............................................................................... .........................17 . a)APRENDIZAGEM DAS BELAS-ARTES.......................................................................................... ........18 . b)OS VENDEDORES DE OBRAS DE ARTE COM OS QUAIS O FUNDADOR NEGOCIAVA..................................20 c)DIFICULDADES NA AQUISIO DAS OBRAS DE ARTE................................................................ ...........22 d)MOTIVO PELO QUAL AS OBRAS DE ARTE CHEGARAM S MOS DO FUNDADOR....................................24 e)O FUNDADOR EVITOU QUE AS OBRAS DE ARTE FOSSEM VENDIDAS PARA O EXTERIOR.........................26 2.O MUSEU DE ARTE DE HAKONE.................................................................................... ....................27 . a)CONSTRUO.................................................................................................................................27 . b)INAUGURAO............................................................................................................................. 30 .... 3.A GRANDE AFLUNCIA DE VISITANTES........................................................................................... ...32 . a)MUDANA DE OPINIO DA SOCIEDADE............................................................................... ..............33 . b)OS INTELECTUAIS DO JAPO E DO EXTERIOR................................................................................... ..33 .

CAPTULO II................................................................................................................. ...................37 GOSTOS E PREFERNCIAS.......................................................................................................................... ..371.CINEMA..........................................................................................................................................39 . a)REMINISCNCIAS............................................................................................................................39 . b)"OS SAPATOS VERMELHOS".............................................................................................................40 . 2.TEATRO E MSICA...........................................................................................................................43 . a)ATORES..........................................................................................................................................43 . b)"ROKYOKU" 13)............................................................................................................................. 43 ... c)RECORDAES SOBRE GRANDES ARTISTAS........................................................... ............................45 3.ESCALADAS DE MONTANHAS........................................................................................ ...................46 . a)VIAGEM AOS ALPES JAPONESES.......................................................................................................46 . b)A VIAGEM A OKU-NIKO....................................................................................................................49 . 4.VESTIMENTAS E ALIMENTAO........................................................................................... .............51 . a)TRAJES JAPONESES E TRAJES OCIDENTAIS.................................................................. .......................51 b)REFEIES VARIADAS.....................................................................................................................53 . 5."EDOKO" 34) "ISSEYA" 35).......................................................................................... .....................55 .

CAPTULO III............................................................................................................. ......................57 DIFUSO DA OBRA DIVINA.......................................................................................... ................571.O DIA-A-DIA....................................................................................................................................58 . a)REALIZAO DA OBRA DIVINA COM OS MINUTOS CONTADOS.............................................................59 b)PROGRAMAO DIRIA...................................................................................................................59 . 1-O DESPERTAR.................................................................................................................................59 . 2-O BANHO.............................................................................................................................. ...........60 3-UMA VISTA DE OLHOS NOS JORNAIS.......................................................................................... .......60 . 4-A REFEIO MATINAL......................................................................................................................60 . 5-O BOM-DIA AOS DEDICANTES...........................................................................................................60 . 6-OS CABELOS...................................................................................................................................60 . 7-AS VIVIFICAES FLORAIS...............................................................................................................61 . 8-AS ENTREVISTAS........................................................................................................................... 61 ... 9-O "NYUREI" 40) E O ALMOO............................................................................................................61 . 10- APS O ALMOO..........................................................................................................................61 . 11- A MINISTRAO DE JOHREI NOS DEDICANTES.............................................................. ...................61 12- O JANTAR.....................................................................................................................................62 . 13- A EXIBIO DE FILMES..................................................................................... ............................62 . 14- AS CALIGRAFIAS A PINCEL.......................................................................................... ..................62 . 15- O ESTUDO DAS BELAS-ARTES........................................................................................................62 . 16- A MASSAGEM NOS OMBROS..........................................................................................................62 . 17- O LANCHE NOTURNO E O RELATRIO...................................................................................... .......62 . 18- A ORGANIZAO DAS NOTCIAS.................................................................................. ..................63 . 19- O DITADO DE ENSINAMENTOS......................................................................................... ..............63 . 20- O DESCANSO............................................................................................................................. 63 .... 2.ENTREVISTAS................................................................................................................................. 63 .. a)ORIGEM E MODIFICAES................................................................................................................63 . b)RECEBENDO LUZ.............................................................................................................................67 . c)OS PRESENTES OFERECIDOS PELOS FIIS............................................................................. ............71 . 3.JOHREI......................................................................................................................................... 74 .... a)O JOHREI DO AMOR.........................................................................................................................74 . b)MUDANA NO MTODO DO JOHREI............................................................................................ .......77 . 4.ATIVIDADES ESCRITURAIS................................................................................................................78 . a)LIVROS............................................................................................................................... .............78

b)COLETNEAS DE POEMAS................................................................................................................79 . c)RGOS INFORMATIVOS..................................................................................................................81 . d)DITADO DE ENSINAMENTOS.............................................................................................................82 . e)JOHREI ATRAVS DAS LETRAS..........................................................................................................83 . 5.CALIGRAFIAS E PINTURAS................................................................................... ............................85 . a)OS CALOS.......................................................................................................................................85 . b)COMO UMA MQUINA IMPRESSORA............................................................................ .....................87 . c)INOVAO: MQUINA DE FAZER TINTA CARVO............................................................ .....................88 6.AS VIVIFICAES FLORAIS...............................................................................................................89 . a)O AMOR PELAS FLORES...................................................................................................................89 . b)A CAMPANHA DE FORMAO DO PARASO POR MEIO DAS FLORES......................................................91

CAPTULO IV......................................................................................................................... ..........94 VIAGENS MISSIONRIAS.............................................................................. ...............................941.PALESTRAS............................................................................................................................ ..........96 2.VIAGENS MISSIONRIAS REGIO KANSAI....................................................................................... 97 . a)A PRIMEIRA VIAGEM........................................................................................................................97 . b)A TERRA DA TRANQILIDADE...........................................................................................................98 . c)O TEMPLO HORYU...........................................................................................................................99 . d)A LTIMA VIAGEM MISSIONRIA......................................................................... ...........................101 . 3.A DIFUSO NO EXTERIOR...............................................................................................................104 . a)"SALVAR OS ESTADOS UNIDOS"......................................................................................................104 . b)A PRIMEIRA PEDRA DA DIFUSO................................................................................ ....................105 . c)ENVOLVIDO PELO AMOR.................................................................................................................106 .

CAPTULO V............................................................................................................................ ......107 APS O FLORIR, A FRUTIFICAO.......................................................................... ...................1071.A VINDA DO MESSIAS....................................................................................................................109 . a)PURIFICAO DETERMINADA POR DEUS...................................................................... ....................110 b)CERIMNIA DE COMEMORAO PROVISRIA DA VINDA DO MESSIAS................................................110 c)O PALCIO DE CRISTAL E A COLUNA DE LUZ................................................................ .....................114 d)O TO ANSIADO POTE DE GLICNIAS...................................................................................... .........117 . 2.A ASCENSO.................................................................................................................................118 . a)A NOTCIA CHOCANTE....................................................................................................................118 . b)A DEDICAO EM PRANTOS...........................................................................................................119 . c)O SEPULTAMENTO.........................................................................................................................120 .

CAPTULO VI........................................................................................................................ .........122 A ETERNIDADE DA VIDA..................................................................................................... .......1221.O DEUS-HOMEM EST AQUI.............................................................................. .............................124 . 2.CORRESPONDENDO VONTADE DO FUNDADOR............................................................... ................126

POSFCIO............................................................................................................................ ......129 SUMRIO BIOGRFICO DO FUNDADOR................................................................... ..................131

CAPTULO I PALCIO DO BELO]

1. COLEO DAS OBRAS DE ARTE

a) APRENDIZAGEM DAS BELAS-ARTESO Fundador comeou a colecionar obras de arte na poca em que era empresrio. Desde menino ele amava as belas-artes, tendo chegado a aspirar carreira de pintor. Por isso, medida que sua vida ia se tornando mais afortunada, foi pouco a pouco comprando objetos de seu agrado. Por volta de 1917 ou 1918, poca em que o diamante Assahi teve uma vendagem surpreendente, os quadros do pintor Yokoyama Taikan tambm passaram a fazer parte da coleo do Fundador. Devido, porm, s sucessivas quedas econmicas, ele foi obrigado a se desfazer de todas as obras de arte que possua, s reiniciando sua coleo a partir da primavera de 1944, quando o fim da Segunda Guerra Mundial j estava prximo. Certo dia, aps uma sesso de cinema, passeando com Yoshi pelos arredores do bairro de Yuraku, o Fundador encontrou, na Loja Toaru, umas caixas para papel e material de caligrafia feitas em "maki-e", as quais haviam sido preservadas pela famlia Maeda, latifundirios da antiga Provncia de Kaga. Gostou tanto delas, que decidiu compr-las na mesma hora. No dia seguinte, indo entreg-las no Hozan-So (Solar da Montanha Preciosa); o dono da loja disse, muito emocionado: "Todo fregus, quando vai fazer uma compra, ouve atentamente as explicaes sobre o objeto e, aps examin-lo com o mximo cuidado, ainda pede desconto. O Sr. Okada, no entanto, assim que viu aquelas peas, comprou-as pelo preo que estava sendo pedido. Fiquei admirado com o seu senso de avaliao e com as boas maneiras como ele efetuou a compra." Pouco depois, o Fundador mudou-se para Hakone, e, desde ento, os vendedores de objetos de arte viviam entrando e saindo de sua casa. Aps o trmino da guerra, a coleo teve incio propriamente dito. Por essa poca, o conhecimento artstico do Mestre limitava-se s obras de "maki-e" e a mais algumas. Com o passar do tempo, foi aumentando a variedade de obras oferecidas a ele, que, por outro lado, tambm comeou a adquirir livros com fotografias sobre o assunto. Assim, a cada ano o Fundador ia acumulando estudos e polindo a sua capacidade de avaliao sobre um novo campo da arte: em 1947 e 1948, o Estilo Rin e as cermicas japonesas; em 1949, os quadros contemporneos, a pintura tipicamente japonesa e o "ukiyo-e"; em 1950, as pinturas a tinta carvo "higashiyama", as escritas antigas, as caligrafias a tinta carvo e as pinturas chinesas dos perodos So e Guen; em 1951, as cermicas e porcelanas da China e da Coria e as pinturas budistas; em 1952, as esculturas budistas, e assim por diante. O aprimoramento da sua capacidade de avaliao com referncia s obras de arte no teve fim. Acatando a aquisio desses conhecimentos como uma educao artstica dada por Deus, ele dedicou-se de corpo e alma ao estudo das belas-artes e a cada ano assimilava conhecimentos sobre novos campos. Levando-se em conta que o estudo de um s campo artstico requer normalmente dez anos, podemos ver que o seu desenvolvimento no era comum. O Fundador aproveitava todas as oportunidades para estudar. Lia livros e folhetos explicativos, freqentava exposies e procurava aprender com "experts" do ramo. As viagens missionrias Regio Kansai, iniciadas em 1951, tinham como um dos objetivos visitar as cidades de Quioto e Nara, que representam o cofre da arte budista. Entre os inmeros livros lidos por ele, podemos citar: "Viso Geral das Artes Orientais", obra em quinze volumes que apresenta a histria da pintura japonesa; "Viso Real do Mundo", em doze volumes, que rene as principais obras da arte mundial; Amostras de Famosas Peas da Era Taisho", em nove volumes;

"O Catlogo de Hakutsuru", obra em cinco volumes na qual est reunido o acervo do Museu de Arte Hakutsuru (1) ; o catlogo, em dez volumes, do acervo do Museu de Arte Nezu (2) "]., e catlogos de obras existentes em templos famosos, inclusive o Templo Horyu-ji. Figura "The Eumorfopoulos Collection" e outros livros de Arte lidos pelo Fundador Entre os livros adquiridos pelo Fundador, merece destaque "The Eumorfopoulos Collection" (3). um livro com fotografias de obras de arte oriental cujo ttulo leva o nome de um famoso colecionador ingls. Confeccionado com a mais elevada tcnica de impresso da poca, por si s ele considerado uma obra de arte. Alm disso, teve uma tiragem limitada (na ocasio, s havia trs exemplares), de modo que um trabalho muito valioso e cobiado pelos amantes das artes. Mas o Fundador no estudava s atravs de livros. Ele procurava ter contacto com pessoas entendidas no ramo e aprendia muito ouvindo suas palavras. Uma delas foi Yukossaissen Soshu (1889 - 1953), mestre de cerimnia de ch. que, aps o trmino da Segunda Guerra Mundial, passou a dar aulas domiciliares a Yoshi, o que deu origem amizade entre ele e o Fundador. Este no recebia aulas, mas, quando o treino de Yoshi terminava, punha-se a conversar alegremente com Soshu, profundo conhecedor de Histria e especialmente de caligrafia a tinta carvo. Certo dia, Yoshioka Yassugoro, diretor da revista "Shin Kentiku" ("Nova Construo"), que tambm era praticante de cerimnia de ch, acompanhou Soshu casa do Fundador. Antes da aula, a conversa girou em torno das belas-artes; quando a aula terminou, retomou-se o assunto com muito entusiasmo. Em momentos como esses, segundo dizem, o Fundador procurava aprender com uma humildade admirvel. No vero de 1952, Hashimoto Gyoin (1897 -1978), bonzo-chefe do Templo Yakushi-ji, situado em Nara, e presidente da Religio Hosso, que considerado um sbio e tambm possui profundo conhecimento de belas-artes, foi visitar o Museu de Arte de Hakone por intermdio de Soshu. A esse respeito o Fundador escreveu: "Conversamos durante algumas horas, e o assunto se desenvolveu como se nos conhecssemos h mais de dez anos." Hashimoto, por sua vez, recorda aquele encontro dizendo: "O que me deixou impressionado e que pude perceber claramente enquanto conversava com o Fundador, era o seu entusiasmo em aprender com terceiros. Ele tomava nota de tudo. Embora estivesse na posio em que estava, vivia sempre voltado para o alto, estudando, o que acho muito nobre."

Os estudos do Fundador no implicavam em negligncia das demais atividades e compenetrao apenas na Arte. Pelo contrrio, eram desenvolvidos paralelamente a muitas tarefas, o que o fazia(1)

- Museu situado no Distrito de Higashi-Nada, na cidade de Kobe, que tem como acervo a coleo do fabricante de saqu Kano Jihee. Possui obras-primas de cobre azul, vasilhas de prata e porcelanas da China. (2) - Museu situado no Distrito de Minato, em Tquio, cujo acervo constitudo pela coleo do empresrio Nezu Kaitiro, abrangendo todos os campos das artes orientais. particularmente famosa a obra intitulada "Biombo de Flores de ris. (3) - Eumorfopoulos nasceu em 1869 e faleceu em 1939. As obras de sua coleo foram doadas ao British Museum e ao Victoria and Albert Museum, constituindo, atualmente, a parte principal do acervo de ambos. O livro em questo foi publicado na Inglaterra em 1929.

valorizar todo e qualquer minuto. E no se tratava de estudos feitos apenas com o objetivo de adquirir conhecimentos ou por diletantismo. Era uma jogada sria em que no havia tempo sequer para pensar, pois, simultaneamente, ele ia adquirindo obras de arte de vendedores habilidosos. Figura O Fundador, direita, conversando com Hashimoto Gyoin O Mestre folheava os livros de Arte entre vinte e vinte e uma horas, depois que terminava de fazer os quadros de caligrafia a pincel, e a partir das vinte e trs horas, enquanto ouvia a leitura dos jornais feita por um dedicante; folheava-os, tambm, entre meia-noite e duas horas da madrugada, nos intervalos em que a pessoa incumbida da anotao dos Ensinamentos lia as Experincias de F e os artigos enviados para o jornal da Igreja. Quanto s revistas de Arte, costumava encarregar um dedicante de l-las para ele a cada trs ou quatro dias, enquanto lhe cortavam o cabelo. O Fundador jamais desperdiava o tempo, mesmo que fossem apenas vinte ou trinta minutos, e tinha um mtodo peculiar que consistia em desenvolver paralelamente, na medida do possvel, duas ou trs atividades, coordenando a combinao das tarefas. Figura O Fundador consultando livros de Arte na Casa de Cerimnia de Ch Monte e Lua. As flores que se vem no fundo foram vivificadas por ele. Assim, atravs de estudos incansveis, em pouco tempo ele adquiriu um profundo conhecimento sobre as belas-artes orientais em geral, a ponto de surpreender os especialistas. Pela sua aguada capacidade de avaliao, os vendedores de obras de arte comearam a sentir respeito por ele.

b) OS VENDEDORES DE OBRAS DE ARTE COM OS QUAIS O FUNDADOR NEGOCIAVANessa poca, a casa do Fundador era freqentada por inmeros vendedores de obras de arte. Entre eles figuravam Yoshida Kotaro, da Loja Mitoko; Setsu Inossuke, da Loja Gatodo; Yamaoka Shobee, da Loja Hiraido; Mayuyama Junkiti, da Loja Ryussendo; Yokoi Shuzo, representante de Hirota Fukossai, da Loja Kotyukyo, e outros nomes famosos do mundo empresarial. No incio, estava combinado que cada um traria os objetos que conseguira adquirir, para o Fundador escolher; com o passar do tempo, porm, cada comerciante ficou encarregado de trazer determinado tipo de obra. Ou seja, as lojas Mitoko e Gatodo encarregaram-se das peas de cerimnia de ch; a Hiraido, da arte budista; a Ryussendo e a Kotyukyo, das peas de porcelana, e assim por diante. Mais tarde, tambm passaram a freqentar a casa do Fundador Kaneko Fussui e Honda Haruo, comerciantes de "ukiyo-e"; Oguiwara Yassunossuke, de pinturas japonesas; Kanagai Shiguetoshi, de antigidades estrangeiras, e outros. Yamazaki Shiguehissa, que trabalhava no Departamento de Arte da Loja Maruzen, em Tquio, e comeara a vender obras de arte ao Fundador logo aps o trmino da Segunda Guerra Mundial, tornou-se membro da Igreja depois da perseguio religiosa ocorrida em 1950, dedicando-se coleo do Mestre. Alguns comerciantes, sabendo que o comprador era um lder religioso, ficavam alerta; outros duvidavam de sua capacidade de avaliao, mas, quando o conheciam e conversavam com ele,

mostravam-se impressionados pela preciso com que avaliava os objetos e pela sua paixo fora do comum pelo Belo, passando a respeit-lo profundamente. Sobre o sentimento que se deve ter em relao aos comerciantes de obras de arte, o Fundador dizia aos servidores que dedicavam ao seu lado: "No se deve pedir abatimento. Convm at mesmo dar gratificaes; caso contrrio, quem que vai trazer objetos de primeira qualidade ou os melhores que existem? preciso, inclusive, agradecer aos comerciantes!" A estes ele dizia: "Quero que traga uma pea que faa minhas mos tremerem ao peg-la." Por essas palavras, podemos ver que o Fundador buscava obras da mais alta categoria. Se fosse algo realmente bom, ele no se importava com o preo. Para corresponder sua expectativa, os vendedores sempre lhe levavam as obras-primas que conseguiam, pensando: "Tenho que vender esta pea a Meishu-Sama!" Mas o Mestre no tinha essa ateno apenas com os comerciantes. Era seu costume dispens-la tambm aos proprietrios, que, por motivos financeiros, no tinham outra alternativa a no ser abrir mo dessas importantes obras. O fato que se segue aconteceu no outono de 1952, quando o Fundador comprou o "Amida Sanzonbutsu", um conjunto de trs esttuas budistas posto venda pelo Templo Bo-ji, de Nara. As esttuas foram transportadas num caminho at Hakone e colocadas provisoriamente na Casa do Trevo. Ele foi imediatamente para l. Ao v-las, mostrou-se muito feliz e teve uma atitude de grande respeito, por ter sido protegido por Buda durante longo tempo. Observando isso, Yamazaki, que havia feito a transao, falou: "Consegui 500 mil ienes de abatimento". Entretanto, o Fundador replicou, em tom severo: "No devia ter pechinchado, principalmente por se tratar de uma obra pertencente a um templo". O servidor no aceitou a observao, pois o pensamento de que havia feito um grande esforo para conseguir aquele abatimento era mais forte. Assim, retrucou: " mesmo? Mas o vendedor aceitou..." O Mestre, porm, entregou-lhe 500 mil ienes, dizendo: "V agora mesmo ao templo levar esse dinheiro. " Como naquela poca ainda no existisse o trem-bala e estivesse cansado, por ter acabado de chegar de Nara, Yamazaki disse que levaria o dinheiro dentro de dois ou trs dias. Mas o Fundador, em tom ainda mais duro, contestou: "Absolutamente! Pegue o trem desta noite." Vencido pela convico com que ele falava, Yamazaki voltou a Nara no trem noturno. O Bonzo-Responsvel do templo, ao ouvir seu relato, ficou profundamente comovido com o sentimento do Mestre e, alegando que no podia aceitar todo aquele dinheiro, pegou uma parte e devolveu o restante. Kaneko Fussui, um dos comerciantes que negociavam com o Fundador, dedicara-se pesquisa de objetos de arte; em se tratando de reconhecer a autenticidade de obras de "ukiyo-e", era uma autoridade, no tendo concorrentes. Em 1952, quando eles ainda no se conheciam, um amigo seu, pertencente ao mesmo ramo, foi pedir-lhe auxlio. Contou-Ihe que o Fundador, achando que ele nunca lhe levava obras de categoria, dispensara os seus servios. Penalizado, Kaneko entregou ao amigo a xilogravura intitulada "Haguino Tamagawa" ("O Rio Tama das Flores de Trevo"), obra-prima de Suzuki Harunobu, precursor do mestre de cerimnia de ch Yukossaissen Soshu, e disse-Ihe que a levasse ao Fundador. Este, ao v-la, perguntou: "Essa pea no foi escolhida por voc, foi?" E acrescentou: "Traga a pessoa que o mandou traz-la para mim." Surpreso, o comerciante contou-Ihe tudo e depois transmitiu a Kaneko o desejo do Mestre. A calorosa recepo com que foi distinguido no Solar da Montanha Divina, em Hakone, calou profundamente no corao de Kaneko. Nesse primeiro encontro, o Fundador falou-Ihe com entusiasmo sobre as belas-artes do Japo, especialmente sobre o "ukiyo-e", e exps-lhe as suas prprias aspiraes, deixando-o impressionado com a sua paixo pelo Belo e a grandeza do seu corao. Na poca, em conseqncia de um acontecimento desagradvel, segundo dizem, Kaneko vivia dias ociosos, bebendo para esquecer o sofrimento. Tomando conheci" mento disso, o Fundador, certo dia, lhe disse: Se voc deixar, de beber, eu Ihe garanto vinte anos de vida. " Essas palavras foram o suficiente para ele abandonar a bebida. O fato ficou famoso entre os comerciantes do

mesmo ramo, e, confirmando o que o Mestre dissera, Kaneko foi abenoado com uma vida longa, tendo-se dedicado exclusivamente ao "ukiyo-e" at o seu falecimento, em 1978, aos noventa anos de idade. Os demais pesquisadores e vendedores de objetos de arte que freqentavam a casa do Fundador - e no apenas Kaneko Fussui - tambm ficavam embevecidos com a grandeza de sua personalidade. Certa vez, Hashimoto Gyoin disse: "Numa cerimnia de ch, o Sr. Okada nunca o nico participante importante, mas pessoas famosas, como Setsu Inossuke, Yoshida Kotaro e outros, arrumam-lhe os tamancos, demonstrando que ele realmente excepcional. Indivduos como esses no so de abaixar facilmente a cabea, nem mesmo para clientes muito ricos, que costumam comprar grande quantidade de objetos. Em sesses de cerimnia de ch, portam-se com muita ostentao, mas, perante o Sr. Okada, so simples arrumadores de tamancos. Vendo isso, acho que ele de fato um grande homem."

c) DIFICULDADES NA AQUISIO DAS OBRAS DE ARTEO Fundador no efetuou a compra de obras de arte numa situao financeira em que Ihe estivesse sobrando dinheiro. A construo do Museu de Arte e outras obras dos Solos Sagrados de Hakone e Atami estavam em andamento, e o dinheiro tendia sempre a faltar. Conseqentemente, nem sempre ele comprou os objetos pelo preo ao qual se encontravam venda. De fato, havia comerciantes desonestos que, pensando que o Mestre fosse amador em matria de Arte, levavam-Ihe obras pelas quais exigiam preos absurdos. Em tais ocasies, num s relance de olhos, ele desmascarava a inteno da pessoa e, saindo do recinto, dizia: "Leve isso embora. " Depois, rindo, comentava com os dedicantes: "Aquele indivduo queria me enganar." Entretanto, quando queriam vender-lhe uma obra-prima, a situao era bem diferente. Para uma coleo de obras de arte, a poca um fator importantssimo. Se a pessoa perder a oportunidade de comprar um objeto, pode estar ciente de que a sua aquisio depois ser impossvel. Assim, quando a Igreja estava sem muito capital, o Fundador, s vezes, dava uma entrada e parcelava o restante. O quadro "Yuna-Zu" ("Mulheres do Banho Pblico"), obra-prima da pintura de costumes no perodo inicial da Era Edo e considerado Importante Patrimnio Cultural do Japo, foi adquirido numa poca de dificuldades financeiras. Quando Yamazaki, que fazia as transaes, veio pedir dinheiro ao Fundador para pag-lo, ele respondeu: "Eu no tenho dinheiro, voc sabe. E, em troca do quadro, entregou-lhe quase setenta trajes utilizados no Teatro No. O proprietrio parece que no ficou muito contente, mas, meio ano depois, vendeu-os por um preo vrias vezes maior. Figura "Yuna-Zu" ("Mulheres do Banho Pblico") Em 1953, houve uma proposta de venda do "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas" (Vide foto no incio deste livro), da autoria de Ogata Korin, obra que o Fundador h muito desejava adquirir. Como estava difcil chegar a um acordo no tocante ao preo, Haguihara Yassunossuke, que servia de intermedirio, relatou a situao ao Mestre, sugerindo: "Se o senhor der mais dois ou trs milhes de ienes, conseguir adquiri-lo. Creio que no uma quantia to difcil de pagar. Que tal oferecer esses ienes a mais?" O Fundador tinha uma profunda admirao por Korin, mas, ouvindo tais palavras, ficou srio e disse: Minha Igreja est comprando objetos de arte com os donativos feitos pelo fiis e por isso no posso despender tanto

dinheiro levianamente. " A partir da no se deu continuidade s negociaes. Um ano depois, entretanto, chegou ao Fundador uma nova proposta. Haguihara disse, ento, que o proprietrio no tencionava abater o preo, acrescentando que, se o biombo fosse adquirido por outra pessoa, no haveria esperana de consegui-lo nunca mais. Nesse momento, vrias idias devem ter afludo mente do Fundador, mas ele acabou tomando uma deciso: "Sendo assim, no h outra alternativa. Vamos comprar pelo preo que esto pedindo. " E assim foi adquirida essa obraprima da arte mundial. O "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas" a obra mais representativa das belas-artes japonesas. Antes de chegar s mos do Fundador, teve um destino infeliz. At o trmino da Segunda Grande Guerra pertenceu famlia Tsugaru e durante um ataque areo quase foi destrudo por uma bomba incendiria cada no depsito onde estava guardado. A caixa que o embalava comeou a queimar, mas, quando ele j ia ser atingido, um empregado da casa apagou o fogo, salvando-o. Aps a guerra, passou de mo em mo; nesse nterim, ficou abandonado no canto de um escritrio humilde, esteve guardado num barraco que servia de depsito, enfim, encontrou-se sempre em situaes nas quais no seria nada estranho acontecerIhe algum dano. Depois de tudo isso, misteriosamente, foi parar nas mos do Fundador, que tanto admirava Korin. A aquisio do "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas" tinha um significado muito importante, tanto para o Fundador como para a Obra Divina. A afinidade do Mestre com o Estilo Rin remonta ao seu nascimento. Como j foi dito, a residncia de Sakai Utanokami, parente de Sakai Hoitsu, ficava perto de Hashiba e, graas a isso, um quadro desse pintor era preservado pela famlia Sakakuraya, proprietria da casa onde o Fundador morava. Por outro lado, quando este residia no bairro de Tsukiji, poca em que se empenhou no aprendizado de "maki-e" enquanto se recuperava de uma grave doena, sua casa ficava perto do Templo Tsukiji-Hongan-ji, onde estava o tmulo de Hoitsu. Dessa forma, havia uma profunda afinidade entre ele e o Estilo Rin, a qual se expressava ora de forma bem clara, ora de forma menos evidente. Entre os seguidores desse estilo, o Fundador admirava sobretudo Ogata Korin, tendo denominado Korin-Do a primeira loja que montou. Mais tarde, no tempo em que era empresrio e criou grande nmero de produtos, havia, no seu corao, um grande amor por aquele artista, evidenciado claramente na conversa que, como j dissemos, ele manteve noite adentro com Okakura Tenshin, por ocasio da visita que lhe fez em Izura, no Estado de Ibaraki, em 1907. Aps a Segunda Guerra Mundial, quando a construo do Solo Sagrado teve incio realmente, surgiram seguidos jardins que concretizavam a beleza do Estilo Rin na Natureza: O Jardim de Musgos e o jardim situado na frente da Casa de Contemplao da Montanha, em Hakone, e o Jardim das Ameixeiras e a Colina das Azalias, em Atami. Assim, a vida do Fundador, marcada do comeo ao fim por uma grande paixo pela Arte, sempre conservou profunda afinidade com esse estilo, o qual est centralizado em Ogata Korin. Conseqentemente, a aquisio do "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas", considerado a obra mais representativa do pintor e a obra-prima das belas-artes japonesas,possui um grande significado no s na vida do Mestre, o qual pregou que o Paraso o Mundo do Belo, mas tambm na Obra de Deus, cujo objetivo construir um Mundo Ideal. O biombo foi entregue no Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, na manh do dia 4 de fevereiro de 1954, exatamente o Dia do Incio da Primavera, data em que tudo desperta e comea a entrar em atividade. o dia alentador em que o poder de Deus aumenta a sua intensidade. Imediatamente o Fundador mandou que o abrissem na sala de estar e, com muita alegria, olhouo por diversas vezes at o entardecer, parecendo no se cansar de olh-lo. No incio de sua palestra no Culto daquele dia, ele disse: "Hoje ocorreu um fato maravilhoso. Um dia contarei do

que se trata (4) , mas adianto que diz respeito a uma realizao de Deus manifestada em forma de modelo e que um acontecimento muito alvissareiro. " Tais palavras referiam-se ao "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas". Considera-se que a sua aquisio no Dia do Incio da Primavera uma ocorrncia muito promissora, tendo-se visto nela uma prova do desenvolvimento da Obra Divina. Uma qualidade que todos os comerciantes do ramo reconheciam no Fundador, era a rapidez e a preciso com que ele escolhia as obras de arte na hora da compra. Certa vez, voltando de uma exposio em Tquio, o Mestre passou pela Loja Ryussen, situada em Kyobashi. Entre as porcelanas chinesas dispostas especialmente para aquela oportunidade, comprou cinco ou seis peas, tendo levado poucos minutos para escolh-las. Numa viagem missionria Regio Kansai, ocasio em que adquiriu, entre outros biombos, o "Biombo de Casas Altas, Montanhas e gua" ( 5) , da autoria de Kaiho Yusho (6), e o "Biombo de Pessoas Apreciando Cerejeiras e Caando Falces" (7), da autoria de Unkoku Togan (8), ele se decidiu num tempo mnimo. O primeiro j era Importante Patrimnio Cultural, mas o segundo ainda no havia recebido tal qualificao. Essa extraordinria capacidade de avaliao do Fundador resultava de estudos feitos com muito empenho, os quais poliram seu aguado senso de beleza inato. Alis, ao invs de falar simplesmente em "capacidade de avaliao", melhor seria dizer que se tratava de uma sensibilidade espiritual muito rara, mesclada com esprito religioso. Ou seja, mal ele punha os olhos numa obra de arte, certamente sentia, no fundo da alma, seu valor artstico e o sentimento com que o artista a elaborara. Sua coleo altamente avaliada no mundo das belas-artes, pelo curto espao de tempo em que foi feita e pela excelente qualidade das obras que a compem. Isso se tornou possvel graas sua paixo pelo Belo, sua capacidade de avaliao, adquirida atravs de esforos incansveis, e sensibilidade espiritual que ele recebeu de Deus.

d) MOTIVO PELO QUAL AS OBRAS DE ARTE CHEGARAM S MOS DO FUNDADORA aquisio da obra "Mulheres do Banho Pblico", da qual falamos no item anterior, foi qualificada, por um negociante de Arte, como um mistrio inconcebvel pelo senso comum: "O to comentado quadro "Mulheres do Banho Pblico" era propriedade do Sr. Dan Takuma, gerente da famosa Loja Mitsui. Pois at obras como essa, das quais eu achava impossvel as pessoas se desfazerem, foram atradas para o Fundador. Por isso s posso interpretar que o esprito do seu autor, por respeito ao Mestre, tenha ido para perto dele. algo realmente digno de respeito."

(4)

- Por determinao da Lei de Proteo do Patrimnio Cultural, j que o "Biombo de Ameixeiras com Flores Vermelhas e Brancas constitua Tesouro Nacional, o Fundador no podia tornar pblica a sua aquisio at que os registros necessrios estivessem concludos. (5) - Biombo com desenhos pintados a tinta carvo. Importante Patrimnio Cultural. (6) - Pintor da Era Momoyama. Suas obras se caracterizam por um ar de insubordinao que reflete o seu carter forte, de origem samurai. (7) - Quadro de costumes pintado no Perodo Keityo (1596 - 1615). importante Patrimnio Cultural. (8) - Pintor da Era Momoyama. Admirava a pintura de Seshu, e, baseado nela, criou um novo estilo. Herdou de Seshu a Casa Unkoku, situada na cidade de Yamaguti, no Estado de Yamaguti, onde o pintor residiu.

Sobre a famosa srie de xilogravura de Ando Hiroshigue (9)"As Cinqenta e Trs Vilas da Estrada Tokai-Do", tambm se conta um milagre. Tudo comeou quando Honda, comerciante e especialista em xilogravuras, trouxe uma obra de Hiroshigue. O Fundador, que h muito tempo desejava adquirir a srie mencionada, disse-lhe que, se ele conseguisse a sua primeira impresso, feita pela Editora Hoei, ficaria com ela na hora. Entretanto, no eram xilogravuras que se pudessem encontrar facilmente, pois os seus apreciadores no se desfaziam delas com facilidade. Caso se tratasse de reimpresses, talvez fosse possvel consegui-las, mas, tratando-se da primeira impresso, era preciso esperar pela sorte. Figura Primeira impresso, feita pela Editora Hoei-Do, da xilogravura "A vila de Hakone", includa na srie "As Cinqenta e Trs Vilas da Estrada Tokai-Do", da autoria de Ando Hiroshigue. De fato, o prprio Honda, que negociava com xilogravuras h quase quarenta anos, nunca tinha encontrado algum que quisesse vender aquela srie. Sendo assim, ele disse com amargura: ". . . a primeira impresso. . ." e foi embora. Entretanto, exatamente na noite desse dia algum lhe trouxe o que o Fundador desejava. Acrescente-se que essa pessoa trabalhava com mveis antigos, sendo, portanto, completamente alheia arte de "ukiyo-e". Honda ficou perplexo com a grande coincidncia e, no dia seguinte, mais que depressa, foi levar as xilogravuras ao Fundador. Para comprar um objeto de arte, no basta juntar dinheiro. preciso amar a Arte de corao, ter o forte desejo de obter a pea e sorte para concretiz-lo. Assim, s podemos dizer que um mistrio as obras colecionadas pelo Fundador terem chegado s suas mos sem que lhe fosse preciso brigar por elas ou forar situaes. Narazaki Muneshigue, doutor em Literatura e pesquisador de "ukiyo-e", comenta a incomum coleo do Mestre: "As obras se reuniram porque a pessoa que as colecionou virtuosa. Assim, a virtude do Fundador que possibilitou sua coleo. E ele conseguiu faz-la em to pouco tempo porque, atrados pela sua personalidade, todos lhe levavam peas. Creio que um tipo de coleo muito raro."

O Fundador explica o aspecto espiritual da coleo: "Os espritos dos autores dessas obras, que, obviamente, esto no Mundo Espiritual, assim como os espritos das pessoas que as apreciavam ou tinham alguma relao com elas, desejando praticar um ato meritrio, faziam com que as peas chegassem s minhas mos por diversos meios. Isto porque, atravs desse mrito, eles se salvariam e subiriam de nvel (10) no Mundo Espiritual. No preciso dizer que foi pelo mesmo motivo que conseguimos um museu de Arte como este em to pouco tempo. " (Alicerce do Paraso - Por que as obras-primas chegaram s minhas mos) Para formar sua coleo, o Fundador escolheu obras-primas antigas e modernas da arte oriental, levando em conta a beleza das peas e no seu valor histrico ou arqueolgico. A condio absoluta do seu critrio de avaliao que fossem objetos cuja beleza deixasse todas as pessoas(9)

- Artista de "ukiyo-e" do perodo final da Era Edo. Abriu um novo campo na xilogravura: a representao de paisagens. (10) - O Fundador ensina que o Mundo Espiritual est subdividido em cento e oitenta e uma camadas; a essas camadas que ele est se referindo.

encantadas, proporcionando-lhes deleite. Essa diretriz bsica est fundamentada no amor altrusta, que deseja dar ao maior nmero possvel de pessoas o ensejo de apreciar o Belo e abrirlhes o caminho para a elevao de sua espiritualidade. Assim, o Fundador escolheu somente obras de elevado valor artstico, que falassem alma daqueles que as apreciassem. por isso que, embora sua coleo seja extremamente variada, todos dizem que ela possui uma diretriz. Matsunaga Yassuzaemon, empresrio famoso e praticante de cerimnia de ch, era conhecido pelo grande nmero de obras-primas que colecionou. No Museu Matsunaga, instalado na cidade de Odawara quando ele ainda estava vivo, exps sua coleo pessoal ao pblico. Fez, tambm, diversas visitas ao Museu de Arte de Hakone. Numa dessas oportunidades, no poupando elogios, disse: "A coleo do Sr. Okada realmente muito ampla. Alm disso, a qualidade de cada rea muitssimo elevada. Constitui, de fato, uma coleo maravilhosa, que possui uma linha mestra. "

e) O FUNDADOR EVITOU QUE AS OBRAS DE ARTE FOSSEM VENDIDAS PARA O EXTERIORComo todos sabem, o Japo, logo aps a indita derrota na Segunda Guerra Mundial, passou por um perodo muito conturbado. Um dos motivos foi que os nobres, os grandes grupos financeiros, os proprietrios de terras e demais pessoas da classe dominante caram de uma s vez. Na poca, uma terrvel inflao assolou o pas inteiro; alm disso, em conseqncia da alterao da moeda japonesa e dos impostos sobre os bens, as pessoas ficaram numa sria dificuldade financeira. Como resultado, muitos vendiam suas terras, no sendo poucos os que abriram mo de quadros de caligrafia e antigidades legados de gerao para gerao. Dessa forma, grande quantidade de obras valiosas foram colocadas no mercado, mas como, na poca, o poder aquisitivo dos japoneses era limitado, os comerciantes tiveram de recorrer aos compradores do exterior, aos quais eles podiam vend-las por um preo mais elevado. Assim, a demanda fora do pas foi aumentando cada vez mais. Seriamente preocupados, alguns entendidos diziam: "Se tal situao continuar, em breve as obras-primas da arte japonesa no podero ser encontradas no Japo", palavras que hoje soam como piada. Pela Lei de Proteo do Patrimnio Cultural, as obras qualificadas como Tesouro Nacional ou Importante Patrimnio Cultural no podiam ser vendidas para o estrangeiro, mas dizem que, apesar disso, foram feitas, secretamente, muitas vendas. Quanto s que no tinham nenhuma qualificao, eram como se estivessem abandonadas. A maneira mais eficaz de evitar que isso acontecesse seria o Estado compr-las, porm, na situao da poca, com um oramento limitado, tornava-se impossvel comprar todas que fossem aparecendo. Figura O artigo onde se diz que o quadro "A Bela sob a rvore" poderia ter sido vendido ao exterior por 30 mil dlares. (Propriedade da Biblioteca do Congresso Nacional) O quadro "A Bela sob a rvore", uma das obras-primas da coleo do Fundador, tambm correu perigo de ser levado para o exterior. Ele fazia par com o quadro intitulado "O Homem sob a rvore", o qual fora adquirido pelo Estado, e passara a fazer parte do acervo do Museu Nacional de Tquio. Desde a antigidade ambos eram conhecidos como pinturas representativas do encontro do homem e da mulher. No vero de 1952, quando "A Bela sob a rvore" ainda no havia sido qualificada como Importante Patrimnio Cultural, Mayuyama Junkiti, proprietrio da Loja Ryussen, levou-a Comisso de Preservao do Patrimnio Cultural, solicitando que o

Estado a comprasse. Entretanto, dadas as condies da poca, a negociao no foi possvel. Sem outra alternativa, Mayuyama levou o quadro para o Fundador, em Hakone, e explicou-lhe que se tratava de uma pintura de costumes feita na Era Tang da China, constituindo uma obra-prima de elevado valor cultural. Acrescentou que, em outros pases, havia pessoas querendo adquiri-la, existindo, portanto, perigo de que ela fosse levada para fora do Japo. Em face disso, ele pedia que o Fundador a comprasse, e este resolveu faz-lo imediatamente, pelo preo que lhe foi oferecido: 5 milhes e 500 mil ienes. Depois de algum tempo, o acontecimento foi noticiado, com grande destaque, no jornal "Tokyo Hibi", chegando ao conhecimento de toda a sociedade. Atravs do exemplo acima, podemos imaginar facilmente que, naquela ocasio, em que era intensa a venda de objetos de arte ao exterior, um grande nmero de obras-primas teriam desaparecido do pas se o Fundador no as tivesse comprado. Entretanto, no foi por simples patriotismo que o Fundador tentou evitar o xodo das obras de arte para o estrangeiro. Ele o fez pela crena de que a arte japonesa manifestava o seu mais elevado valor esttico quando apreciada no ambiente japons. Fujikawa Kinji, que ocupara o cargo de diretor do Departamento de Administrao do Museu Nacional de Tquio e mais tarde se tornou diretor administrativo da Comisso de Proteo do Patrimnio Cultural, expressou sua simpatia pela construo do Museu de Arte de Hakone dizendo: "Um mus.eu como esse o que melhor atende s necessidades atuais do pas e por isso ns lhes oferecemos todo o nosso apoio e ajuda. Portanto, esforcem-se bastante. Diante dessas palavras, o entusiasmo do Fundador tornou-se ainda maior. De fato, na administrao do museu e na criao da Fundao Tomei de Preservao da Arte, Fujikawa colaborou em todos os sentidos, conforme havia prometido. Assim, evitando a evaso de obras de arte para outros pases e empenhando-se na preservao do patrimnio cultural japons por meio de sua coleo, o Fundador tornou-se alvo do mais elevado respeito por parte dos entendidos na rea. Uma prova disso o fato de que, quando ele ascendeu, Takahashi Seitiro, presidente da Comisso de Preservao do Patrimnio Cultural, enviou Igreja um atencioso telegrama de pesar, rendendo uma sincera homenagem ao mrito do Mestre.

2. O MUSEU DE ARTE DE HAKONEa) CONSTRUONa Terra Divina, acima da Casa de Contemplao da Montanha, havia uma casinha feita de sap, que o Fundador denominou "Tori-no-Ya" (Casa dos Pssaros). Era uma das casas de aluguel que ali existiam na poca do jardim japons, tendo servido, durante alguns anos, como local de descanso dos fiis que vinham para as entrevistas com o Fundador. Entretanto, aps a construo do Palcio da Luz do Sol, em 1948, ela j no era to utilizada; alm disso, estava muito velha. Sendo assim, ficou decidido que seria demolida. O material aproveitvel foi empregado na construo da sede da Grande Igreja Taissei, situada perto da Terra Divina. Isso aconteceu no final de 1950. A Casa dos Pssaros tinha uma rea de aproximadamente 100 m2; todavia, depois que ela foi posta abaixo, o terreno ficou com uma rea bem plana e ampla. O Fundador teve, ento, a idia de construir ali um museu de Arte. A esse respeito ele escreveu mais tarde: "Com a demolio da casa, formou-se um terreno livre de 500 m2 mais ou menos, e eu fiquei pensando em construir algo adequado ao lugar. De repente, me veio cabea a idia da construo de um museu de Arte. O terreno era um pouco pequeno para isso, mas sua localizao e o ambiente sua volta eram excelentes. Ento, em meu ntimo, tomei a deciso de construir o museu. Ora, ainda que pequeno, um museu de Arte no se faz com pouco dinheiro, e eu no tinha previso de obter os

recursos suficientes num futuro imediato. No entanto, achando que, se pelo menos deixasse o terreno preparado, acabaria chegando o momento de poder dar incio construo, pus mos obra. O trabalho ficou praticamente terminado no vero de 1951. Ai, a vontade de construir logo o museu tornou-se to intensa, que, sem esperar mais tempo, consultei Abe (11) sobre a viabilidade do plano. "Se assim, vou estudar o assunto imediatamente", disse ele. De acordo com a pesquisa feita, vimos que o plano no era to difcil de ser concretizado, como pensvamos. Confiando em que Deus daria um jeito em tudo, iniciamos a obra em outubro daquele mesmo ano." De acordo com o projeto do Fundador, o museu teria dois andares; seria um prdio simples, em estilo chins, com paredes brancas e telhado azul, tendo uma rea de aproximadamente 880 m2. Haveria seis salas de exposio, sendo trs no trreo e trs no primeiro andar; no segundo, seriam construdos dois cmodos em estilo japons, um de 24,30 m2 e outro de 9,72 m2. A construo e as instalaes eram projetos do prprio Fundador. Desde que teve incio, em outubro, a construo avanou com uma rapidez incrvel; nos meados de novembro, os alicerces e a estrutura j estavam prontos. Em dezembro, iniciou-se a concretagem do piso dos dois pavimentos; no primeiro, o trabalho foi feito em vinte e quatro horas ininterruptas. Entre os fiis que vieram de todo o pas para dedicar na construo do museu, escolheram-se, logicamente, os homens mais fortes, mas, graas ao poder da f, puderam ser executados at mesmo os trabalhos que, pelo senso comum, pareciam impossveis, surpreendendo inclusive aqueles que o executaram.

Figura Vista externa do Museu de Arte de Hakone na poca de sua inaugurao Concluda a parte externa, teve incio o revestimento interno, em maro de 1952. No ms de outubro, como acontecia todos os anos, o Fundador fora para Atami. Entretanto, vrias vezes por ms pegava um carro e ia Terra Divina inspecionar a obra. Seus passos eram bem leves. s vezes ele parava e dava instrues minuciosas. Quando, por exemplo, iam comear a construir a entrada das salas de exposio, falou: "Na planta ela est muito larga. Que tal estreit-la um pouco?" Imediatamente foi montado um caixilho de madeira na medida prevista. O Fundador mandou que o colocassem no lugar da entrada experimentou entrar e sair, para definir a medida exata. O mesmo aconteceu com o telhado. Ele estudou bastante para definir-lhe a curvatura e a cor. Depois de observar as telhas de diversas casas, escolheu a cor do seu agrado e mandou confeccion-las atravs de um pedido especial. O Fundador dispensou todo o cuidado s salas japonesas do segundo andar, que seriam utilizadas como salas de visitas. Na porta do lado leste, que d a montanha da letra "Dai" ("Grande"), foi colocada, entre a veneziana e o vidro, uma armao corredia, de madeira e papel, para dar um toque mais suave ao ambiente. Ela foi estudada atravs de vrios modelos, elaborados com o objetivo de se observar a espessura das linhas da porta e o espao entre estas, de modo que a armao se harmonizasse com todo o cmodo. O Fundador determinou, ainda, que o teto fosse quadrangular, de paulvnia; que as portas tivessem motivos de xadrez dourado e prateado; que fossem plantados pequenos ps de bambu na parte leste da sala e que, por entre as folhas dos bambus, se pudesse avistar a montanha acima referida. Enfim, ele se preocupou com cada recanto. As linhas desenhadas pelo prprio Fundador, no trecho da parede acima da porta,(11)

- Secretrio do Fundador na poca em que foi construdo o Museu de Arte de Hakone.

simbolizam nuvens auspiciosas; mais tarde, o desenho foi utilizado na cortina do Templo Messinico. Figura Salas japonesas do segundo andar do Museu de Arte de Hakone A dedicada inspeo do Fundador impulsionava o andamento da obra. Alm disso, vendo sua postura em relao aos futuros visitantes e sua preocupao com os mnimos detalhes, os dedicantes aprenderam a sinceridade que se deve ter para com a Obra Divina e assim, solidificaram sua f. Quando ele percorria as obras, todos paravam o trabalho para cumpriment-lo. O Fundador respondia ao cumprimento levantando um pouco o chapu e fazendo uma leve reverncia. s vezes, para desfazer a tenso dos fiis, perguntava-lhes carinhosamente: "De onde voc veio?" "At quando ir ficar?" etc. Eram palavras simples, sem qualquer exibicionismo ou ostentao. Devido ao nervosismo, os fiis geralmente davam respostas trmulas, s cegas, suando pelo corpo inteiro, mas depois sentiam o grande amor do Mestre e ficavam profundamente emocionados. Em 1951, quando foi anunciada a limitao da construo de prdios grandes, determinada por regulamento baixado pelo Quartel General das Tropas de Ocupao, todos se puseram a trabalhar como loucos. Isto porque s os prdios que j tivessem recebido cobertura at o dia estipulado pelo regulamento estariam a salvo. Ento, para que o telhado ficasse pronto at essa data, por diversas vezes a concretagem se prolongou noite adentro, no perodo de novembro a dezembro, contando-se, inclusive, com a participao dos dedicantes encarregados da cozinha, que se ofereceram voluntariamente para carregar pedras e areia. Se j era pesado executar o trabalho durante o dia, continu-lo noite era desgastante. Mas Deus correspondeu a essa sincera dedicao de todos. Na montanha, especialmente quando o cu est limpo, as noites de inverno so muito rigorosas; nos dias, porm, em que o trabalho se prolongava pela madrugada, o cu cobria-se de nuvens e a temperatura tornava-se mais amena. Sentindo na pele a proteo de Deus, os dedicantes trabalhavam com alegria, por verem a Obra Divina se desenvolver passo a passo. Em maio de 1952, quando o Fundador se mudou de Atami para Hakone, o museu j estava noventa por cento concludo. Sua figura simples e clara destacava-se entre o verde da primavera, diante do Monte Soun. Diariamente o Fundador ia at l e, sem se importar com os estilhaos de madeira espalhados por todos os cantos, percorria a obra examinando tudo cuidadosamente. Desde que se iniciara a construo do museu, ele passara a falar cada vez mais, durante as entrevistas com os fiis, sobre assuntos relacionados s belas-artes, repetindo frases como estas: "O Museu de Arte de Hakone o Palcio do Belo que ir apresentar a arte do Japo ao mundo. Quando ele estiver pronto, tornar-se- conhecido tambm no exterior e provavelmente muitos estrangeiros viro visit-lo. " Numa poca em que nem mesmo o governo pde evitar o xodo de um grande nmero de obrasprimas da arte japonesa para o exterior, tendo-se limitado a observar em silncio, o grandioso plano do Fundador protegeu antecipadamente, as artes tradicionais do pas, colocando muitas dessas obras ao alcance do povo e divulgando o verdadeiro valor da cultura japonesa dentro e fora do Japo. Dessa forma, ele abriu os olhos dos fiis, que at ento demonstravam pouco interesse pelas belas-artes. A respeito do significado do Museu de Arte de Hakone dentro da Obra Divina, o Fundador disse: "Ele tambm um modelo da Obra Divina. um smbolo do Paraso Terrestre. Com o trmino dessa construo, estar concludo o prottipo do Paraso Terrestre de Hakone e, com o passar do tempo, se processar o desenvolvimento da construo do Paraso em escala mundial. " Cada vez que ouviam palavras como essas, os fiis tornavam-se mais conscientes de que estavam tendo

permisso de participar da mais elevada Obra Divina, e seus coraes se enchiam de orgulho e alegria. s pessoas que deram uma contribuio destacada para a construo do Museu de Arte de Hakone, o Fundador ofereceu quadros com caligrafias suas, feitas especialmente para recompensar o trabalho por elas executado. Esses quadros, mais de trinta, eram escritos em sentido vertical, numa linha apenas, sendo prprios para salas de cerimnia de ch. Ele costumava fazer caligrafias com uma rapidez incrvel; dessa vez, entretanto, escolheu, uma a uma, letras diferentes, e levou tempo para escrev-las. (As caligrafias do incio do captulo I do segundo volume e do captulo III do terceiro volume da presente obra so dessa ocasio).

b) INAUGURAOConcludo o prdio, no dia 10 de junho de 1952, comearam a ser instaladas as vitrines; no dia 11, teve incio a disposio das obras que seriam expostas. Nesse perodo, o Fundador passava o dia todo no museu, ordenando as peas e dirigindo o preparo da exposio. Tomava cuidado at com o lugar onde ficaria o carto contendo explicaes sobre o objeto. Nessa oportunidade, ele tambm contou com a ajuda de vrios comerciantes de obras de arte. medida que os objetos iam sendo colocados em seus lugares, volta e meia um deles deparava com uma pea muito valiosa que soubera estar venda, e, mostrando espanto, dizia: Ah, esta tambm veio parar aqui?!" Palavras desse gnero eram ouvidas a todo momento, e, enquanto trabalhavam, os negociantes mantinham com o Fundador uma conversa alegre que no tinha fim. Figura O Fundador, no dia 13 de junho de 1952, preparando as peas que seriam expostas no dia da inaugurao do museu. No dia 14 de junho, vspera da inaugurao do museu, o Mestre, esquecendo-se de jantar, ficou estudando cuidadosamente a disposio das peas at depois das vinte horas. Segurando-as com as duas mos e dispondo-as com o maior zelo, atento direo dos desenhos e harmonia com a vitrine, ele transmitia uma imagem repleta de alegria, por finalmente ver realizar-se um sonho acalentado h longa data. Aps determinar a colocao dos objetos, o Fundador voltou para a Casa de Contemplao da Montanha; por volta das 23 horas, entretanto, retornou ao museu, acompanhado de Yoshi. Nas vitrines, claramente iluminadas pelas lmpadas, estavam dispostas inmeras obras-primas colecionadas por ele. Esquecido de que a noite ia avanando, contemplou obra por obra, parecendo conversar com elas. Quando acabou de percorrer todas as salas, j era quase uma hora da madrugada. Pela maneira como o Fundador olhava e tornava a olhar para trs e ao seu redor, ao deixar o museu, at mesmo os funcionrios que ali se encontravam sentiram o quanto ele estava contente por v-lo concludo e como ansiava pela sua inaugurao. As cerimnias comemorativas da inaugurao do Museu de Arte e da concluso do prottipo do Paraso Terrestre de Hakone foram realizadas durante trs dias, a partir de 15 de junho de 1952. Esse museu o ponto chave da Terra Divina e sua abertura representa a concluso da primeira etapa do prottipo do Paraso Terrestre. Para aquele acontecimento, o Fundador comps dezoito poemas, entre os quais os que se seguem: "No esquea que, De acordo com a Vontade Divina,

O Pas do Sol Nascente Est determinado Para ser o Pas do Belo. " "Para purificar Este mundo cheio de impurezas, Constru o Palcio do Belo Nas terras puras de Hakone. " "Para construir um mundo De perfeita Verdade, Bem e Belo, Estou manifestando O Poder Divino. " As dezoito composies foram entoadas vigorosamente, em forma de salmo, pelos milhares de fiis que assistiram aos Cultos, realizados nos dias 15, 16 e 17. Em todos eles o Fundador fez uma palestra sobre o significado da concluso do museu e sobre a Vontade de Deus encerrada nessa obra. Eram palavras radiantes e vigorosas, que mostravam o largo avano da Obra Divina dali para a frente. Aps cada Culto, os fiis se dirigiam para o museu e, muito comovidos, apreciavam as obras expostas. O Museu de Arte de Hakone foi aberto aos fiis antes de ser franqueado aos convidados de fora, num cuidado inexprimvel atravs de palavras. Consciente de que ele fora concludo graas sinceridade dos fiis, que procuraram corresponder sua vontade, o Fundador quis compartilhar sua alegria primeiramente com eles, para louvar-lhes o mrito. Duas semanas depois, do dia 29 de junho ao dia 1 de julho, agora com a presena no s de ilustres personalidades do mundo poltico, cultural, artstico, informativo etc. , mas tambm de autoridades locais, o museu foi apresentado coletividade, expondo-se o objetivo de sua instituio. Para a solenidade do dia 29, foram convidadas inmeras personalidades de Hakone, Atami e Odawara, e pessoas ligadas Federao Japonesa de Religies e Associao das Novas Entidades Religiosas Japonesas. O dia 30 foi reservado para pessoas ligadas Arte e representantes da imprensa. Estavam presentes os escritores Kawabata Yassunari, Takami Jun, Niwa Fumio e Yoshiya Nobuko, o calgrafo Onoe Saishu, o escultor Hiragushi Dentyu, o arteso de "maki-e" Matsuda Gonroku, os pintores Takabatake Tatsushiro, Fukushima Shiguetaro, Kawabata Ryushi e Nakagawa Kazumassa, o arquiteto Yoshida Issoya, o instrumentista de "shamissen" Kineya Eizo, o mestre de dana Ito Mitio, o apresentador de programas radiofnicos Tokugawa Mussei, o diretor do Departamento Cultural da Universidade Hossei (posteriormente reitor da mesma Universidade) e o crtico de Arte Tanigawa Tetsuzo. Da imprensa, assistiram cerimnia, entre outros, Sassaki Mossaku, presidente da revista "Bunguei Shunju"; Hirose, redator-chefe do Jornal Mainiti; Nishikawa, redator-chefe do jornal "Tokyo Hibi", e Nakayama, redator-chefe do Jornal Fotogrfico Sun. Alm dessas pessoas, estiveram presentes alguns membros da Comisso Especial de Avaliao do Patrimnio Cultural e tambm Matsuda Kojiro, presidente da Loja Haku Botan e amigo ntimo do Fundador desde a poca em que este era empresrio. Para o dia 1 de julho foram convidados diplomatas estrangeiros atuantes no Japo e mais algumas personalidades do mundo das belas-artes. Compareceram elementos da Embaixada da Frana e da Itlia, alguns membros da Associao de Arte Oriental e do Museu Histrico Nacional, o deputado federal Dan Ino e tambm Takada Koin, representante de Hashimoto Gyoin, bonzo-chefe do Templo Yakushi-ji, cargo este ocupado, atualmente, por Takada.

No convite que enviou a essas pessoas, o Fundador apresentou-se como diretor do museu. Tokugawa Mussei, um dos convidados, disse que, ao ver escrito no convite "Okada Mokiti diretor do Museu de Arte" e no "Lder Espiritual da Igreja Messinica Mundial" ou "Senhor da Luz", sentiu que o corao do Fundador era puro como o de um menino, e que ele estava plenamente satisfeito com aquela designao. No dia 1 de julho, depois de saudar os presentes, o Mestre falou sobre o significado do museu. Fez a palestra girar em torno do aspecto cultural no s dessa construo, mas tambm da construo do Solo Sagrado. Comeou dizendo que a Religio, como se pode ver pela Histria Universal, a me da Arte, e que o seu objetivo original construir um mundo belo, alm de verdadeiro e bom. Acrescentou que a misso do Japo contribuir para a formao de uma cultura elevada, deleitando os povos de todo o mundo atravs do Belo. Para concluir, o Fundador explicou que construiu os pequenos parasos do Belo, em Hakone e Atami, com a inteno de concretizar o objetivo original da Religio, trazendo, assim, uma importante ajuda para o Japo cumprir a misso que Deus lhe atribuiu. Figura Convite para a inaugurao do Museu de Arte de Hakone. O Fundador se apresenta como diretor do museu. De fato, o Museu de Arte de Hakone foi construdo com o propsito de liberar as obras de arte, que, desde os tempos antigos, eram propriedade exclusiva das classes dominantes. Esse propsito do Fundador, baseado na firme crena de que a apreciao de tais obras elevaria a espiritualidade do povo, foi elogiado pelo escritor Nagayo Yoshiro. Respondendo saudao do Mestre como representante dos convidados, Nagayo disse que ficou muito impressionado com a magnfica idia que ele tivera de colocar o Belo ao alcance do povo e com a sua extraordinria capacidade de ao. Figura Nomes de pessoas convidadas para a inaugurao do museu assinados na lista de presena Figura O Fundador atendendo os convidados Nesse dia, o prprio Fundador serviu de cicerone e, valendo-se de tudo aquilo que aprendera durante longos anos, deu explicaes pormenorizadas sobre cada obra. Os visitantes, que entendiam muito de belas-artes, ficaram surpresos com a profundidade dos seus conhecimentos e com a sua aguada sensibilidade, expressa atravs da apreenso da essncia das obras expostas. Essas explicaes estavam baseadas no sentimento do Fundador, o qual no se cansava de admirar o Belo, e na emoo que este lhe fazia afluir naturalmente. Sua alegria e seu entusiasmo irradiavam-se por todo o museu, e as pessoas passaram um dia alegre, concentradas na Arte.

3. A GRANDE AFLUNCIA DE VISITANTES

a) MUDANA DE OPINIO DA SOCIEDADEA inaugurao do Museu de Arte de Hakone, noticiada em muitos jornais, chamou ateno como atividade artstica indita, mudando por completo o pensamento da sociedade em relao Igreja. O Fundador ensina que a Religio, conforme se pode ver pela Histria e pela sua misso original, deve estar numa relao extremamente ntima com a Arte. Esse conceito nunca foi muito levado em considerao, de modo que a criao do museu causou surpresa no meio social. Os jornais compreenderam a inteno do Mestre e noticiaram o fato:

Um museu de Arte rodeado pela natureza Jornal Fotogrfico Sun (27.06.1952) O Museu de Arte de Hakone rene at obras-primas de "ukiyo-e" Jornal "Tokyo Hibi" (02.07.1952) Beleza artificial dentro da beleza natural - o museu que a Igreja Messinica Mundial construiu em Gora. Jornal Hoti (19.07.1952) Aps a inaugurao do museu, muitas pessoas ligadas imprensa visitaram o Fundador, entre as quais Issato Tsuneatsu, vice-diretor do departamento cientfico do Jornal Yomiuri e mais tarde superintendente desse jornal; Hioki Shoiti da revista "Bunguei Shunju", e Takami Norio, do Jornal Hokoku. Pela atitude daqueles que vinham colher informaes, dava para se perceber que estavam bem intencionados. Se pensarmos que, no passado, todas as notcias sobre a Igreja tendiam zombaria e censura, poderemos constatar a diferena dos tempos. Figura Artigos noticiando a inaugurao do Museu de Arte de Hakone At ento houvera muitos equvocos e mal-entendidos em relao rpida expanso da F Messinica, ao Johrei e Agricultura Natural. Alm disso, os fatos desagradveis ocorridos entre 1948 e 1950 levaram a sociedade a olhar a Igreja com todo rigor; a maioria das pessoas encarava-a com maus olhos, achando que era uma religio trapaceira. Entretanto, com a construo de um museu onde se expunham obras de qualidades extraordinariamente elevada em termos artsticos, evidenciou-se, diante de todos, a realizao de um trabalho de primeira classe em matria de empreendimento cultural e, graas a isso, os intelectuais do Japo comearam a reconsiderar sua opinio sobre a Igreja Messinica Mundial.

b) OS INTELECTUAIS DO JAPO E DO EXTERIOREntre as inmeras pessoas que visitaram o Museu de Arte de Hakone, figuram: Assano Nagatake, diretor do Museu Histrico Nacional; Yanagui Muneyoshi, pesquisador de artesanato; Umehara Ryuzaburo, pintor de estilo ocidental; Kobayashi Itizo, fundador da Companhia Ferroviria Hankyu; Kaya Tsunenori, ex-nobre e general do exrcito; Tanaka Itimatsu, chefe do Centro de Pesquisas do Patrimnio Cultural; Tayama Honan, pesquisador da Comisso de Proteo do Patrimnio Cultural; Suzuki Daisetsu, autoridade em budismo de fama

internacional, e Furuta Shokin, seu discpulo mais elevado; Hanayagui Jyutaro, mestre de dana; Iwai Hanshiro, ator do Teatro Cabqui, e outros ilustres nomes dos mais diversos setores da sociedade, todos eles amantes das artes e profundos conhecedores da cultura japonesa. Sobre a capacidade de avaliao do Fundador, Assano Nagatake comentou: "Para avaliar obras de arte, no basta ter intuio. preciso estudar muitas peas de boa qualidade, ouvir freqentemente comentrios sobre elas, guardar tudo isso na cabea e torn-lo algo seu. Faz-se necessrio esse esforo, e o Fundador deve t-lo feito. Ele amava e respeitava profundamente as coisas boas; no se limitava a estud-las cientificamente. Ampliava o seu gosto no bom sentido e, alm disso, escolhia as peas com rigor, dando-lhes vida. Assim era ele: conhecia a alegria de dar vida s coisas. Por outro lado, sua alegria deve ter sido tambm um sofrimento. E esse sofrimento, penso eu, tambm deve ter sido uma alegria." Antes da Segunda Guerra Mundial, Assano fora membro do Conselho dos Nobres. Desde jovem apreciara a Arte, tendo ganho muita fama pela sua precisa capacidade de avaliao. Por isso, as palavras que ele disse sobre o Fundador baseiam-se num sentimento nascido de sua prpria experincia. Os dois se encontraram uma nica vez; conhecedores, porm, da alegria e do sofrimento que acompanham o aprimoramento artstico, conversaram com infinito interesse e emoo, enquanto apreciavam obras de arte, esquecendo-se at das horas. Tanigawa Tetsuzo comentou que no acervo do Museu de Arte de Hakone existiam inmeras obras qualificadas como Tesouro Nacional ou Importante Patrimnio Cultural. Disse tambm que, entre as obras que no tinham recebido nenhuma qualificao oficial, havia muitas de excelente qualidade, o que o fizera perceber a extraordinria capacidade de avaliao do Fundador. Tanigawa tambm estivera presente inaugurao do museu e enviara seus comentrios ao Jornal Yomiuri. Voltou l em abril de 1953 e, em seguida, foi visitar o Fundador no Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami. A conversa sobre Arte que tivera nessa oportunidade, foi publicada no Jornal Hoti numa srie de sete artigos. Como j foi mencionado, durante a construo do Museu de Arte de Hakone o Fundador afirmou, em tom vigoroso e cheio de convico: "Quando ele ficar pronto, viro pessoas do mundo inteiro visit-lo. Por isso farei com que elas se deleitem ao mximo com a arte japonesa. Concludo o museu, essas palavras tornaram-se realidade. A imprensa e intelectuais de outros pases visitaram Hakone, e o nome da Igreja Messinica Mundial foi noticiada amplamente no estrangeiro. Figura O Fundador ( direita) conversando sobre Arte com Tanigawa Tetsuzo No dia 15 de junho de l953, data em que se comemorava o primeiro ano da inaugurao do museu, o doutor Braden, professor da "Northwestern University" de Illinois, nos Estados Unidos, foi a Hakone, onde teve ocasio de dialogar com o Fundador. Uma semana depois este tambm recebeu a visita de Remon Cartier, correspondente da revista francesa "Paris Match". Visitaram-no, em seguida, entre outras pessoas, Avery Brundage, presidente da "The Olympic Committee"; o doutor Wainly, diretor do "Freer Gallery of Art" de Washington; o doutor Allan Priest, diretor do "The East Asian Arts Department" do "Metropolitan Museum of Art in New York"; Madeline David, vice-diretora do "Muse Cernuschi", de Paris; Elise Grilli, professora da "Sophia University in Tokyo" e correspondente do "The Japan Times"; Waigle Simmons, correspondente do "The Tokyo Evening News", e o ceramista Bernard Leach. Na medida do possvel, o Fundador recebia pessoalmente esses visitantes, com os quais conversava familiarmente. Entre outros aspectos internos e externos do museu, todos eles, sem exceo, mostravam-se encantados com a qualidade das obras expostas; com o fato de as janelas

terem sido feitas de modo a permitirem ampla entrada da luz externa, dando ao interior um ambiente de serenidade e paz; com a paisagem que se avistava das janelas e com a perfeita harmonia entre o prdio e o jardim sua volta. Em agosto de 1952, o casal Charles Cutting, do "The New Arts Museum de New Jersey, Estados Unidos, esteve em Hakone e, j prximo de sua volta quele pas, enviou ao Fundador uma carta que dizia: " uma grande alegria podermos retornar nossa Ptria depois de termos visto o seu extraordinrio trabalho. Achamos que, atualmente, o pensamento da sociedade japonesa est ocidentalizado demais, e pudemos sentir, no seu trabalho, representado pelo Museu, a verdadeira imagem do Japo." Todos os visitantes estrangeiros sentiram uma profunda emoo ao verem os jardins e o museu da Terra Divina, levando para sua terra uma inesquecvel lembrana da beleza tradicional do pas. Elise Grilli, que, segundo j dissemos, visitou Hakone no vero de 1953, encontrou-se algumas vezes com o Fundador e, ultrapassando a diferena de cultura e lngua, ficou sua amiga, identificando-se com ele pelo amor Arte. Elise era uma australiana naturalizada americana e estudara arte ocidental. Conhecia um pouco de arte chinesa, mas at ir para o Japo no tinha quase nenhum conhecimento sobre a arte japonesa; quando teve contato com ela, ficou encantada com sua riqueza. Visitou museus e colecionadores do pas inteiro e, estudando em contato direto com as obras, desenvolveu grande capacidade de avaliao. Mas no se limitou a isso: adquiriu, ainda, compreenso da cultura espiritual do Japo, especialmente do xintosmo e do budismo (este ltimo, o criador da arte japonesa) e tambm da sensibilidade religiosa e artstica do povo japons. Sobre a Igreja Messinica Mundial, Elise disse que, no incio, achara-a igual a tantas outras religies existentes no Japo, mas que, a cada visita que fazia ao museu, essa impresso fora mudando e ela pudera compreender a sua profundidade e dimenso. medida que ia l, juntamente com Marcel, seu marido, o qual trabalhava na Secretaria Internacional da N.H.K. , emissora de rdio e televiso japonesa, gradativamente foi entendendo que a Terra Divina era a concretizao do pensamento do Fundador. Mais tarde, atravs da conversa informal mantida com ele no Solar da Nuvem Esmeralda, em Atami, durante uma visita que Ihe fez, conheceu o princpio religioso da purificao do esprito atravs do Belo e certificou-se de que as atividades da Igreja Messinica Mundial, as quais visam a unir Religio e a Arte, de acordo com a Vontade Divina, tinham uma possibilidade infinita de concretizar esse objetivo. Tempos depois, por vontade pstuma do Fundador, o casal Grilli foi presenteado com uma vestimenta usada no Teatro No. Essa vestimenta, com o consentimento de Yoshi, foi doada por eles ao Haifa Art Museum, de Israel, onde se encontra ainda hoje. Assim, independente de sua nacionalidade, todos aqueles que visitavam o Museu de Arte de Hakone e conheciam o Fundador, saam contentes. No apenas porque se sentiam identificados com ele pelo sentimento comum de amor ao Belo, mas tambm porque o Mestre no media esforos para as pessoas apreciarem os objetos de arte com alegria e se sentirem satisfeitas. Na vspera dos Cultos, por exemplo, ele costumava dizer: "Amanh vamos mostrar aos fiis a obra que adquiri estes dias. " Nas horas em que no havia visitantes no museu, ia at l, a fim de dar instrues sobre a troca dos objetos expostos. Quando estava esperando algum especial, punha em exposio as peas adequadas ao gosto da pessoa. Enfim, colocando-se na posio daqueles que iriam apreciar as obras, preocupava-se com os mnimos detalhes, o que deixava as pessoas profundamente comovidas. Mas esse zelo no se limitava ao museu. Quando o Fundador recebia uma visita particular, sempre lhe dispensava uma calorosa ateno, para que ela pudesse sentir tranqilidade e alegria. No ensinamento intitulado "Pessoa Simptica", ele escreveu: "Quando vejo uma magnfica obra de arte, ou uma paisagem maravilhosa, no sinto vontade de apreci-las sozinho, e at fico melindrado; nasce em mim a vontade de mostr-las a um grande nmero de pessoas, para alegr-las. Dessa forma, minha maior satisfao alegrar o prximo e com isso ficar alegre

tambm. " Portanto, era pelo desejo de partilhar alegria com muita gente que o Fundador colecionava obras de arte e fazia vivificaes florais. Esse seu sentimento transmitia-se naturalmente aos visitantes do museu, em forma de grande alegria. Antes mesmo da concluso do Museu de Arte de Hakone, o Fundador tornara as atividades artsticas independentes da Igreja, planejando organizar uma Fundao. Em maio de 1952, ele entregara Comisso de Proteo do Patrimnio Cultural o pedido de instituio da Fundao Tomei de Preservao da Arte, deferido no ms de setembro. Seu objetivo era evitar a disperso do patrimnio cultural e das antigidades, colocando-os ao alcance da sociedade; dessa forma, a Fundao estaria contribuindo para a formao da educao esttica da populao e, conseqentemente, ajudando na construo de uma nao cultural. Assim, logo depois que o museu foi inaugurado, as atividades por ele desenvolvidas ficaram posicionadas socialmente e puderam efetuar-se de forma ainda mais positiva. O Fundador continuou a colecionar obras-primas da Arte mesmo aps a inaugurao do museu, em 1952. Por essa poca ele conseguiu adquirir muitas antigidades do Egito, da Prsia (atual Ir), da ndia e da Grcia, e tambm obras de "ukiyo-e". Especialmente sua coleo de quadros nesse tipo de pintura foi acrescida de grande nmero de obras-primas, passando a ser considerada de primeira categoria, no s quantitativa como qualitativamente. Com a grande melhoria da coleo, as exposies passaram a ser realizadas com maior diligncia. No dia 1 de abril de 1953 foi inaugurada uma exposio de artesanato da China, Coria, ndia, Prsia, Grcia e Egito. Para ampliar a escala das exposies, o Fundador construiu um prdio anexo, atrs da Casa do Trevo. Em junho de 1953, foram expostas, nesse local, obras de "ukiyo-e" da Era Momoyama at a poca contempornea. Contando com a colaborao no s do Museu Histrico Nacional de Tquio, que cedeu nove obras de seu acervo, mas tambm do Jornal Mainiti e do Jornal "Tokyo Hibi", essa exposio granjeou as atenes do mundo das belas-artes, pela boa qualidade do seu contedo, sendo noticiada em inmeros jornais. Em abril de 1954, o Fundador promoveu uma exposio de famosas pinturas "ukiyo-e" na matriz da Loja Mitsukoshi, em Tquio, e em maio, na filial dessa loja na cidade de Saporo, no Estado de Hokaido, uma exposio de famosas xilogravuras, tambm "ukiyo-e". Figura Cartaz da exposio de "ukiyo-e" inaugurada no dia 1 de junho de 1953 Por encontrar-se num perodo ps-guerra e ser um pas perdedor, o Japo estava pobre e seu povo no tinha tranqilidade espiritual, vivendo um dia-a-dia penoso. Numa poca assim, era difcil conseguir-se uma oportunidade de contato com obras de elevado teor artstico, de modo que a experincia do Fundador, dando ao povo essa oportunidade, alcanou grande sucesso. Tanto em Tquio como em Saporo, a exposio recebeu, diariamente, um grande nmero de visitantes, proporcionando alegres temas de conversas no Arquiplago do Japo, que estava na primavera. Ainda em 1954, teve incio o primeiro curso no Museu de Arte de Hakone, realizado por trs vezes, entre julho e setembro. Esse projeto tinha como objetivo concretizar o plano do Fundador: convidar as pessoas Terra Divina, que ficava longe das impurezas mundanas, e faze