Apicultura Racional (Johann Dzierzon)

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    APICULTURA RACIONAL Johann Dzierzon

    Traduo Carlos A. Osowski

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    APICULTURA RACIONAL;OU

    TEORIA E PRTICADO

    DR. DZIERZON,DE CARLSMAKKT,

    Knight of the Imperial Austrian Order of Francis Joseph (Fourth Class), and of the

    Grand Ducal Hessian Order of Ludwig,

    Member of the Imperial Leopold-Carolinan German Academy of Naturalists, of theFree German Institute, and of many other Lear-

    ned Societies at Home and Abroad.

    TRADUZIDO DA LTIMA EDIO ALEM POR

    H. DIECK AND S. STUTTERD.EDITADO E REVISADO POR

    CHARLES NASH ABBOTT,EDITOR DO 'BRITISH BEE JOURNAL.'

    COM NUMEROSAS ILUSTRAES.

    LONDRESHOULSTON & SONS,

    PATERNOSTER SQUARE.

    SOUTHALL: ABBOTT, BROS,

    1882Todos Direitos Reservados.

    Todos Direitos Reservados.

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    PREFCIO DA EDIO ALEM.

    APS o aparecimento da Primeira Edio do 'Apicultura Ra-cional', o ltimo e mais completo trabalho sobre Abelhas do Au-tor, ocorreu um grande progresso na apicultura como tambmrelevantes descobertas, tanto tericas quanto prticas, nesta ci-ncia. Fomos bem sucedidos ao modificar o skep de palha, acolmia de abelhas mais comum, a fim de permitir a remoodos favos, ao construir uma mquina para esvaziar os favos deseu contedo sem os destruir; e assim usufruir toda a vanta-gem de sua mobilidade. Mais tarde tivemos sucesso em desco-

    brir a natureza e a causa da cria ptrida, o maior terror dos a-picultores e, quase simultaneamente, descobrir no cido salic-lico uma cura infalvel para a mesma; e, ultimamente, consta-tamos que leite com acar e ovos constitui um substituto se-guro para a alimentao natural das Abelhas e um poderosomeio de promover sua multiplicao. Estes grandes avanos erelevantes descobertas esto apropriadamente apresentadosnesta Nova Edio do Apicultura Racional', cuja publicao sefez necessria, e que penso ser justo chamar de Edio amplia-da, especialmente porque o nmero de pginas, que era de 314,foi aumentado para 358.

    O cunho do trabalho permaneceu inalterado na Nova Edioe continua prtico. Os aspectos tericos, porm, foram focadosmuito brevemente e com vistas a uma apicultura prtica, mas oobjetivo do Autor mostrar como criar Abelhas de modo racio-nal e lucrativo e, ao mesmo tempo, permitir aos apicultores sa-tisfazer sua prpria curiosidade, bem como de outros, sobre a

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    razo das diferentes operaes em suas colmias; para o autors pode ser chamado apicultor racional quem compreende cla-ramente por que algo feito de certa forma e no de outro modoqualquer e quem consegue justificar tudo que faz.

    Tenho certeza que todos que ao lerem este livro e se anima-rem a estudar praticamente a cincia da Apicultura, verificaroque ela , no s, rentvel, mas com ela se consegue, tambm,um prazer duradouro, disposio de toda mente sensvel, aocontemplar os trabalhos do Todo-Poderoso nas maravilhas deNatureza, como notavelmente ilustrado numa colnia de abe-lhas; um prazer vivido por mais de quarenta anos pelo

    AUTOR

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    PREFCIO DA EDIOINGLESA.

    DESDE 1844 o Autor escreve artigos sobre Abelhas e geren-cia vrias Revistas, mas foi apenas em 1848 que ele publicouseu primeiro livro, intitulado Teoria e Prtica do Novo Amigo das Abelhas - seguido de um apndice em 1852. De 1854 a 1856 elepublicou uma revista mensal, O Silesiano Amigo das Abelhas , eem 1861 seu ltimo trabalho, Apicultura Racional . A ltima edi-o, 1878, contm, de forma condensada, todos os experimen-tos e melhorias que podem ser encontrados espalhados nos tra-balhos mencionados.

    Entre os mais recentes avanos na Apicultura merecem ci-tao os seguintes trs:

    1. A Introduo de Abelhas Cipriota. Estas foram recebidascom grande entusiasmo por causa da sua cor maravilhosa, maselas se mostraram agressivas e de difcil manejo. Elas continu-

    am a desenvolver cria at Outono e, depois de anos medocres,chegam ao final da estao do mel, na maioria das localidades,ricas em abelhas e pobres em mel. Assim, o Autor prefere, semsombra de dvidas, as abelhas italianas que ele introduziu hquase trinta anos e que so caracterizadas igualmente pela be-leza, docilidade e operosidade e que esto agora perfeitamenteclimatizadas.

    2. Recentemente foram introduzidas sees para que nelasas abelhas construam favos e os encham de mel. Elas so fa-

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    cilmente acondicionadas, fceis de transportar e tem um bommercado. Os americanos constroem suas colmias para abrirna parte superior, para colocar melgueiras com estas sees or-ganizadas em srie; as colmias devem ser montadas separa-

    damente exigindo muito espao. Em Colmias Stnder as se-es podem ser colocadas convenientemente pela porta lateral,removendo a cobertura e organizando as sees acima do ninhoda cria; em Comias Lager elas podem ser colocadas nas late-rais. Na Alemanha as sees podem ser obtidas de Messrs. S-chulz e Ghler, Buckow.

    3. sobejamente conhecido que o cido Saliclico foi reco-

    mendado, recentemente, para combater a cria ptrida, a maisperigosa de todas as doenas das abelhas, e este mtodo de tra-tamento foi identificado pelo Sr. Hilbert. Antigamente ele acon-selhava borrifar com tintura diluda de cido Saliclico, masmais recentemente ele aconselha a fumigar com cido Saliclicoem p refinado espalhado sobre um prato de metal e aquecidosobre uma chama. Como este tratamento muito mais simplesdo que borrifar repetidas vezes os favos separados, e aplicvelat mesmo em colmias com favos fixos; o Autor julga que nodeve mais mencion-lo.

    DR. DZIERZON,

    Emeritirter Pfarrer

    Karlsmarkt, 29 de Abril de 1882.

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    PREFCIO TRADUO PARA INGLS.Foi uma grande decepo saber que no tnhamos nenhuma

    traduo para o ingls dos recentes trabalhos alemes sobreApicultura. Esta constatao me levou a tentar reparar esta de-ficincia com a traduo do trabalho do Dr. Dzierzon, que podeperfeitamente ser intitulando, concordando plenamente com o

    Baro von Berlepsch, o 'Pai da nova era Apcola'.Este trabalho foi selecionado como sendo a melhor viso ge-

    ral dos mtodos alemes de Apicultura por recomendao doSr. Schmid, editor do Bienenzeitung .

    Ao escrever para o Dr. Dzierzon, soube que ele j tinha dadopermisso para a traduo do seu livro para o Sr. A. Neighbour.O Sr. Neighbour e o Sr. Dieck colocaram minha disposio,gentilmente, uma parte (cerca de um quinto) j traduzida, ofertaque muito me agradou.

    Devo reconhecer minha grande dvida para com o Sr. Abbottpela sua cuidadosa reviso das notas, e por tudo que ele fez pa-ra ajudar na publicao.

    Acredito que o presente trabalho incentive o uso de mtodos

    mais racionais e humanitrios que so objetivos da AssociaoBritnica de Apicultores.

    S. STUTTERD.

    Bambury, 29 de Agosto de 1882.

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    PREFCIOEdio InglesaO grande mestre Apcola, o falecido T. W. Woodbury, tendo

    ficado profundamente impressionado com a riqueza das idias eexperincias alems em apicultura, uma amostra das quais eleobteve de publicaes casualmente traduzidas, estudou o idio-ma alemo para poder se beneficiar totalmente da riqueza doconhecimento contida nos escritos das autoridades alems. Es-

    tivesse ele vivo, mais do que provvel que pelo seu alto apreopelo renomado, com justia, Dr. Dzierzon teria sido induzido atraduzir e publicar a obra-prima deste renomado mestre apcola

    trabalho de uma autoridade que contm riquezas em toda p-gina e que merece ser estudada e entendida por todos os apicul-tores; que, por estar agora disponvel em ingls, ser, estamosseguros, devidamente apreciada onde quer que este idioma sejafalado.

    Nossa participao no trabalho agora oferecido ao pblico delngua inglesa consistiu, principalmente, em evitar interpreta-es erradas de termos tcnicos e comentar as passagens * quepoderiam gerar dvidas a um apicultor amador; e oferecer, oca-sionalmente, com toda humildade sugestes quando nossa ex-perincia prtica no coincide com a do sbio Doutor. O siste-ma alemo de apicultura, como exemplificado no Apicultura Ra- cional , por insistir fortemente nos quadros mveis como umprimeiro princpio, difere largamente do atualmente ensinado epraticado nas Ilhas britnicas e na Amrica; entre estas dife-renas est o alto valor do trabalho. Tivemos a honra de com-partilhar com a produo desta obra para que a leitura e estudopudessem ser agradveis e benficos a outros, como o foram

    * Os comentrios feitos pelo Editor da traduo para o ingls esto nasnotas de rodap e so identificados por C.N.A. N.T.

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    para ns, que o primeiro desejo e esperana de seu Editor eRevisor.

    O EDITOR da British Bee Journal.

    Fairlaum, Southall, Middlesex.Setembro de 1882

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    INDICE

    APICULTURA: UMA OCUPAO AGRADVEL E LUCRATIVA........... 1 HISTRIA NATURAL DAS ABELHAS ............................................... 1

    Sexo das Abelhas .................................................................................... 4 Rainha.................................................................................................... 7 Fecundao da Rainha.......................................................................... 11 Operrias.............................................................................................. 18 Zanges ................................................................................................ 21 Atividades das Abelhas ......................................................................... 25

    Construo de Favos e Alvolos............................................................. 26 Finalidade dos Alvolos ......................................................................... 27 Produo de Cera.................................................................................. 31 Comida das Abelhas ............................................................................. 33 Atividade Vital das Abelhas ................................................................... 38 Objetivo da sua Atividade...................................................................... 41

    A PRTICA DA APICULTURA......................................................... 47 Paradouro das Abelhas (Apirio)............................................................ 48 Moradia das Abelhas............................................................................. 50 Do Material das Colmias...................................................................... 51

    Forma................................................................................................... 55 Tamanho das Colmias ......................................................................... 58 Fcil de Manejar ................................................................................... 61 Porta Lateral ......................................................................................... 61 Quadros Mveis .................................................................................... 62

    Tbuas de Cobertura ............................................................................ 67 Guiadas para Construir seus Favos Regularmente ................................ 69 Quadros................................................................................................ 75 Diferentes Tipos de Colmias ................................................................ 80

    Colmia Tronco (Klotzstock, ou Klotzbeute) ......................................................81 Colmia de Palha.............................................................................................. 84

    Bogenstlper de Gravenhorst...........................................................................85 Thorstock (Colmia de Porta)............................................................................ 86 Colmia Geminada ........................................................................................... 91 Uma Pequena Porta Mvel ................................................................................ 99 Colmia Lager Dupla ...................................................................................... 114 Vantagens das Colmias Geminadas..............................................................116 Colmia Lager, com Quatro Compartimentos .................................................125 Colmia Stnder............................................................................................. 128 Colmia Stnder de Um Compartimento ........................................................ 130 Colmia Stnder de Dois Compartimentos ..................................................... 140 Colmia Stnder de Quatro Compartimentos .................................................142 Pavilho ......................................................................................................... 146 Colmia de Trs Compartimentos................................................................... 154

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    Colmia Sxtupla ........................................................................................... 154 Colmias Qudruplas e Conjunto de Oito....................................................... 159 Colmia para Criao de Rainha ....................................................................160 Colmia de Observao .................................................................................. 162

    DIFERENTES MTODOS DE APICULTURA ................................. 165 Manejo para Criao ........................................................................... 166 Manejo Zeidel...................................................................................... 168 Apicultura Racional ............................................................................ 169 Povoamento das Colmias novas ......................................................... 170 Acessrios da Colmia que ser povoada............................................. 173 Enxames............................................................................................. 180 Diferentes Tipos de Enxames, Sua Origem e Tratamento. .................... 181

    Enxame Indigente .......................................................................................... 181 Enxames Regulares ou Indigentes.................................................................. 182 O Enxame Primrio ........................................................................................ 182 Enxame Secundrio ....................................................................................... 184

    Evitando a Fuga dos Enxames ....................................................................... 189 Enxames artificiais......................................................................................... 196

    Forar a Criao ................................................................................. 203 O que Pode Ser Feito com a Ajuda de uma Rainha Frtil ..................... 213 Como Conseguir Rainhas Frteis ........................................................ 215 Realeiras............................................................................................. 219 Introduo da Abelha Italiana ............................................................. 226 Multiplicao da Abelha Italiana ......................................................... 230

    Tratamento Adicional dos Enxames .................................................... 239 Manejo dos Estoques de Mel ............................................................... 243 Esvaziando o Espao do Mel................................................................ 247 Vidro em Forma de Sino para Depsito de Mel .................................... 252 A Denominada Apicultura Migratria................................................ 255 Aumento da Produo de Mel.............................................................. 262 Preparao para o Inverno .................................................................. 267 Sinais da Existncia de uma Boa Rainha e da Sua Falta ..................... 275 Requisitos que um Enxame deve Satisfazer para Passar o Inverno....... 280 Hibernao ......................................................................................... 286 O que Deve ser inspecionado no Inverno ............................................. 294 Como Reanimar uma Abelha Congelada.............................................. 299 Os Enxames Devem Ser Mantidos Tanto Quanto PossvelSossegados ......................................................................................... 301 Limpeza Normal da Primavera............................................................. 303 Alimentao........................................................................................ 308 Pilhagem............................................................................................. 313

    Corte dos Favos na Primavera ........................................................................ 319 poca para Cortar............................................................................... 321 Como e Onde Deve Ser Cortado?......................................................... 322 Outros Assuntos que Devem Ser Observados ...................................... 324 Doenas das Abelhas .......................................................................... 326

    Disenteria....................................................................................................... 327 Cria Ptrida ................................................................................................... 328 Vertigem (Tollkrankheit) ................................................................................. 336

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    Inimigos das Abelhas .......................................................................... 338 Influncias Nefastas do Clima ............................................................. 345 Implementos Apcolas ......................................................................... 347

    Fumigador...................................................................................................... 347 Bon ou Capuz para Abelha ........................................................................... 350 Peneira ........................................................................................................... 351 Colmia de Transporte ................................................................................... 351 Cavalete ......................................................................................................... 354 Alicate ............................................................................................................ 355 Garfo .............................................................................................................. 355 Faca ............................................................................................................... 356 Pena ............................................................................................................... 356 Gancho........................................................................................................... 357 Gaiola para Rainha ........................................................................................ 357 Armadilha para Zango .................................................................................. 358 Rede de Enxame............................................................................................. 360 Recipiente Escavado....................................................................................... 360 Alimentador.................................................................................................... 361 Panela de Lata................................................................................................ 362 Seringa........................................................................................................... 362 Parafuso......................................................................................................... 363 Centrfuga ...................................................................................................... 363 Faca de Desopercular ..................................................................................... 366

    Refinamento do Mel e da Cera............................................................. 366 Usos e Manufaturados Adicionais da Cera e do Mel............................. 369 Forragem Apcola ................................................................................ 371

    Calendrio Apcola...................................................................... 379 Janeiro ............................................................................................... 379 Fevereiro............................................................................................. 382 Maro ................................................................................................. 386 Abril ................................................................................................... 388 Maio ................................................................................................... 392

    Junho................................................................................................. 394 Julho .................................................................................................. 398 Agosto................................................................................................. 401 Setembro ............................................................................................ 402 Outubro.............................................................................................. 405 Novembro ........................................................................................... 407 Dezembro ........................................................................................... 409

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    DZIERZONAPICULTURA RACIONAL.

    APICULTURA: UMAOCUPAO AGRAD-

    VEL E LUCRATIVA

    A apicultura uma ocupao agradvel e lucrativa. Nada mais puro e duradouro do que o prazer de contemplar os traba-lhos do Todo-Poderoso nas maravilhas de natureza; mas emnenhum outro lugar encontramos uma manifestao to claradas maravilhas da natureza quanto numa colnia de abelhas.No ser fcil induzir um verdadeiro apicultor a trocar a apicul-tura por qualquer outra ocupao; quanto mais profundamenteele se familiarizar com a natureza das abelhas, mais maravilhasele descobrir e maior ser o prazer que ter com a apicultura.O genial Baro von Ehrenfels que intitulou a apicultura de 'Poe-sia da Agricultura' no poderia ter expressado com mais propri-edade o fascnio que a apicultura provoca. Mas as vantagensmateriais conseguidas com a apicultura, levada adiante com ze-lo e princpios racionais, tambm so considerveis. Uma nica

    abelha no recolhe muito, mas uma grande populao pode a-cumular muitas libras, at mesmo centenas, de mel e cera; da

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    mesma forma, a apicultura praticada por muitos, mesmo queapenas em pequena escala, pode contribuir muito para aumen-tar a prosperidade de um pas. Diz-nos a Bblia que mel e ceraeram produtos valiosos para os antigos, estas palavras eram

    usadas figurativamente para indicar a fertilidade de um pas. Ademanda por estes produtos comerciveis na atualidade ainda grande, e a recente elevao do preo da cera ajudou a provarque, apesar do progresso ocorrido na qumica e da aplicao desuas descobertas na arte e na indstria, ainda no foi encon-trado nenhum substituto para a cera de abelha.

    Tudo o que obtido da apicultura , sem dvida, lucro l-

    quido. A comida para os animais domsticos deve ser produzidae fornecida a eles; mas com as abelhas o caso diferente. Elasrecolhem sua comida e, ao faz-lo, nos proporcionam um servi-o indireto melhorando a fertilizao das flores das plantas,aumentando assim a produtividade de nossos jardins e campos.

    Foi afirmado que a apicultura s rentvel em locais onde aterra pouco cultivada e no rentvel onde a agricultura

    praticada extensivamente. A falcia desta afirmao provadapelos lucros obtidos todos os anos em que a estao no tenhasido especialmente desfavorvel para as abelhas. At mesmonas reas mais intensamente cultivadas os resultados, em esta-es favorveis, so tais que provocam uma depresso conside-rvel e geral no valor de mercado do mel e da cera. Porque fica-riam as abelhas impedidas de estender o forrageamento se asplantaes abundam at junto delas com plantas cultivadascomo colza, trevo, trigo-mouro, ervilhaca, feijo, tabaco, etc.,etc. das quais elas conseguem recolher mel. Quanto melhor cul-tivada e adubada for a terra, mais luxuriante tambm ser ocrescimento de muitas ervas daninhas como a mostarda selva-gem que pode ser vista florescendo abundantemente desde aPrimavera at tarde do Outono, onde s elas fornecem uma ricapastagem para as abelhas; assim o fazendeiro deve cuidar at

    mesmo das ervas daninhas de seus campos se ele for tambmapicultor.

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    Alm disso, a apicultura uma fonte de melhoria moral oque no pode ser desprezado. Qualquer um que tenha experi-mentado uma vez o prazer do estudo e conhecimento das abe-lhas ir, estou convencido, permanecer em seu apirio toda ho-

    ra disponvel; fazendo assim ele escapar das tentaes a diver-ses imorais e caras e, contemplando a operosidade infatigvel,os hbitos asseados e ordenados e a afeio das abelhas suarainha, ficar encorajado a seguir seu exemplo; at mesmo seas circunstncias no possibilitarem nenhum ganho material,sua natureza moral, pelo menos, ser grandemente melhorada.

    Ento, com satisfao constatamos que ultimamente est

    sendo devotada mais ateno apicultura que era antigamente,at mesmo, pouco compreendida e muito negligenciada. O autorfoi agraciado com um grande nmero de certificados de louvor,medalhas de prata e ouro, a Universidade de Munich lhe confe-riu o ttulo honorrio de Doutor, e foi condecorado com aGrand Ducal Hessian Order de Ludwig e a Imperial AustrianOrder of Francis Joseph, alem de muitas outras distines. Elefaz meno a estes ttulos simplesmente para mostrar que osGovernantes, no menos do que as instituies de ensino e so-ciedades agrcolas, tm cincia do real valor da apicultura e es-to se esforando para promover o interesse por ela. A apicultu-ra pode at receber mais ateno se as pesquisas feitas paracomprovar os estragos e a grande disseminao da Phylloxera, oterror dos viticultores, provarem no serem verdadeiros; nestecaso a deficincia na vindima dever ser suplementada pelo uso

    do vinho feito de mel. Sempre haver demanda para a cera e omel e a apicultura manter sua posio de importante ramo daindstria.

    Mas qualquer um que queira obter lucro com a criao etreinamento de animais deve estar profundamente familiarizadocom sua natureza, instintos e disposio; deve respeitar ascondies necessrias para eles prosperarem. Na apicultura tal

    conhecimento indispensvel, pois as abelhas so insetos ver-dadeiramente delicados, tmidos e maravilhosos. Reparar qual-

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    quer desordem na colmia e assim evitar perdas simples; masaquele que no estiver familiarizado com a economia das abe-lhas no saber onde o socorro se faz necessrio, ou tomarmedidas totalmente descabidas para remediar o estrago. Em lo-

    cais onde a forragem abundante e a estao favorvel atmesmo um apicultor inexperiente tem quase certeza de obterlucros, pois as perdas em algumas colmias sero mais do quecobertas pelos grandes resultados em outras. Em condiesmenos favorveis, no entanto, os efeitos do manuseio inade-quado sero mais evidentes. Quanto menos abundante o su-primento de alimento, tanto mais manuseio criterioso as abe-

    lhas exigem e quanto mais intimamente familiarizado se estivercom as abelhas melhor sero elas manejadas. No se exige deum apicultor apenas destreza em aparelhos mecnicos, poispodem ocorrer muitos casos no previstos nos quais um conhe-cimento meramente superficial seria intil. Mas quem quer quedomine completamente toda a economia das abelhas nunca fi-car sem saber o que fazer, e empregar sempre os melhoresmeios para conseguir o objetivo perseguido. Toda pessoa compercepo sagaz e de bom senso pode conseguir o conhecimentonecessrio atravs de suas observaes; mas para compreenderperfeitamente e de forma completa a economia das abelhas, edescobrir os profundos segredos da colmia, a vida de uma pes-soa dificilmente ser suficiente. Assim, para no desperdiar oprecioso tempo e evitar as dificuldades e custos de experimen-tos caros, todo apicultor novato far muito bem em usar, para a

    sua instruo, a experincia dos outros. O autor, que dedicous abelhas a mais devotada ateno desde sua juventude pormais de cinqenta anos - e que manejou centenas de colniasem todos os tipos de colmias nos ltimos quarenta anos, ten-ciona apresentar aqui, para uso e proveito do pblico, a experi-ncia que ele acumulou, e espera que todo aquele que seguirsuas instrues consiga obter da apicultura tanto lucro e prazerquanto ele conseguiu.

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    TEORIA DA APICULTURA

    OU

    HISTRIA NATURAL DAS ABELHAS

    As pequenas e maravilhosas criaturas que chamamos abe-lhas, das quais trata este livro, pertencem espcie de insetoschamada Hymenoptera que vive em grandes sociedades ou en-xames. No , porm, por casualidade e apenas ocasionalmenteque elas se renem em grandes nmeros, como muitos outrosanimais - como gafanhotos, mosquitos e muitos tipos de pssa-ros; mas elas no conseguem propagar sua espcie, ou at mes-mo existir, em estado isolado, pois funes especiais e deveresespeciais so executados por diferentes membros desta socie-dade que ns chamamos de enxame, ou colnia, ou uma col-mia de abelhas se desejarmos incluir tambm a colmia.

    Como todos os insetos, as abelhas so de sangue frio; maspara viver e prosperar elas precisam de temperatura moderadaque, de acordo com a estao, varia de 10 a 30R (54 a99F). Em temperatura mais baixa se esfriam e no conse-guem se mover nem usar seus membros e, quando o termme-tro desce ao ponto de congelamento, o frio gradualmente as en-

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    torpece, e no mais recuperam a vitalidade ou, pelo menos, noatingem sua vitalidade anterior. Em nosso clima, bem como namaioria dos pases da zona temperada, onde a temperatura caifreqentemente abaixo de zero, elas no poderiam existir em

    absoluto se no produzissem calor e mantivessem sua colmia,constantemente, em temperatura necessria para seu bem-estar; e isto elas s o conseguem quando reunidas em enxamesconsiderveis.

    At mesmo quando a temperatura externa baixa elas po-dem produzir calor e manter a temperatura, quando em agru-pamento denso, quimicamente pela respirao, processo lento

    de combusto, combinao do oxignio do ar atmosfrico com ocarbono do sangue, e mecanicamente por certos movimentosdas asas e de outras partes do corpo, e pela vibrao assim ob-tida; a perda de calor rpida evitada pelo confinamento do arnos alvolos do favo, pelos cabelos dos seus corpos e, at mes-mo, pela prpria colmia. Para que as abelhas consigam propa-gar sua espcie necessrio que elas se renam em enxames,no s porque se congregando elas podem manter a temperatu-ra necessria cria, mas, tambm, porque as diferentes castasdas abelhas tm funes diferentes e executam deveres diferen-tes, tudo absolutamente necessrio existncia da colnia. Arespeito destas funes e relaes sexuais das diferentes castasde abelhas na colmia, existem opinies muito divergentes queforam defendidas com grande tenacidade at recentemente. Pa-ra manter as vises expressas pelo Autor em sua Teoria e Prati-

    ca publicada em 1848, fui obrigado a enfrentar controvrsias,as mais violentas, que perduraram durante vrios anos no Ei- chstadt Bee Journal, publicao dos apicultores alemes, mas,na maioria das vezes, aparecia no Bienenfreund of Silesia, pu-blicao peridica mensal entre 1854 e 1856. Em sua maioriase referiam introduo e propagao da abelha italiana que ospreconceitos e erros, constantes durante sculos, tiveram quefinalmente ceder caminho rpida e universalmente.

    A abelha italiana uma raa distinta da Apis mellifica , e

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    distinta da abelha alem comum * sendo diferente na cor e ou-tras caractersticas. Enquanto na abelha alem todos os anisdo abdmen so de cor igualmente cinza ou preta, na abelha i-taliana os primeiros dois anis, ou os dois e meio, so de colo-

    rao laranja, se apresentando como uma faixa amarela que visvel at mesmo quando em vo. Esta abelha de bela cor dou-rada era conhecida desde os tempos antigos, o poeta romanoVirgilio, no quarto livro das Georgicas , que trata da apicultura,afirma que ela possui vantagens positivas que ainda se mantemboas at os dias de hoje. Em relao abelha alem mais la-boriosa, mais prolfica, capaz de defender melhor sua colmia

    quando atacada por ladres, mais dcil, s fazendo uso do seuferro muito raramente e s quando apertada ou muito irritada.O Autor recebeu a primeira colnia destas abelhas em Fevereirode 1853, desde ento ela se espalhou a partir de Carlsmarktno s por toda a Alemanha e pases vizinhos, mas tambm naSucia, Dinamarca e at mesmo na Amrica . Nos prximos ca-ptulos sobre os sexos na colmia, ser explicado como esta a-belha contribuiu para acelerar o reconhecimento universal deuma verdade durante muito tempo escondida.

    Enquanto isso, a abelha egpcia tambm foi introduzida naAlemanha e l se alastrou. um pouco menor do que a abelhaitaliana, com a qual muito se assemelha, da qual pode ser dis-tinguida pelos plos que so de cor branca e uma pequenamancha marrom nas costas, sobre o trax. A abelha egpcia teminteresse apenas cientfico. Na opinio do Sr. Vogel, famoso api-

    cultor e professor, primeiro a criar esta abelha, ela no tem ne-nhum valor prtico, principalmente porque ela procria ao longode todo o ano e, assim, hiberna muito mal.

    A abelha Carniolana no considerada uma raa separada,mas uma variedade de nossa abelha alem; ultimamente foi in-

    *

    E a abelha Inglesa. - C. N. A. De passagem podemos informar, que nas Ilhas britnicas exis-tem, atualmente, muitas centenas de colnias. - C. N. A.

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    tensamente introduzida na Alemanha, principalmente por cau-sa de sua docilidade e grande tendncia para enxamear. mui-to difcil manter esta abelha pura por causa de sua semelhanacom a abelha alem o que torna difcil distinguir um hbrido

    das duas. * Quem desejar aumentar intensamente o nmero de suas

    colmias encontrar na abelha Carniolana a resposta para seupropsito, embora seja obrigado, freqentemente, a aliment-las; mas quem busca um alto retorno em mel, dever preferir asabelhas italianas.

    At mesmo a espcie alem preta comum ou cinzenta podeser usada como abelha para mel e abelha enxameadora. A lti-ma, tambm chamada abelha Heath , como conseqncia domanejo adotado, enxameia continuamente; a enxameao setornou quase uma segunda natureza desta abelha, tanto assimque, at mesmo, colnias com rainhas jovens tendo um ano deidade se preparam para enxamear e criam zanges, o que nun-ca acontece com a abelha que se encontra em grande parte do

    Sul e Centro da Alemanha.

    SEXO DAS ABELHAS Sobre este assunto j foram apresentadas as mais errneas

    vises. At mesmo a rainha que, como todo apicultor novato a-tual sabe, bota os ovos dos quais se originam todas as abelhasda colmia, j foi considerada antigamente uma abelha mascu-lina. O poeta Virgilio, h pouco citado, no a chama por ne-

    * Isto se aplica tambm para a Inglaterra. - C. N. A.

    Heath = charneca, urze - (Segundo Michaelis: charneca = ter-reno rido e inculto onde h, apenas, vegetao arbustiva e ras-teira). N.T.

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    nhum outro nome a no ser rei; e o nome Weiser , ou Weisel ,antigamente em uso na Alemanha, mostra que ali tambm pre-dominava a mesma viso errada. Qualquer um que esteja fami-liarizado, apenas ligeiramente, com insetos sabe que as fmeas

    das abelhas, bem como das mamangabas, vespas e vespes,parentes das abelhas, esto providas de ferro, enquanto esteno existe nas abelhas masculinas. Pela presena ou ausnciado ferro pode ser determinado, imediatamente, o sexo das abe-lhas. Os zanges que, como bem conhecido, no tem ferro,so abelhas masculinas; as operrias e a rainha que tem ferropertencem ao sexo feminino. As abelhas masculinas, ou zan-

    ges, so maiores de que as abelhas operrias comuns, e sonecessrios alvolos mais largos para criar os zanges. Os alv-olos dos zanges tm cerca de um quarto de polegada de largu-ra, e cerca de dezesseis deles ocupam uma polegada quadrada.Eles so tambm um pouco mais profundos do que os alvolosdas operrias. Mas embora em alguns casos - os quais, porm,muito excepcionais - os zanges so criados nos alvolos maisestreitos de operria, que tem a largura de um quinto de pole-gada, e vinte e cinco dos quais ocupam uma polegada quadra-da, zanges criados em alvolos de zango no diferem dos cri-ados em alvolos de operria, a no ser que, no ltimo caso, oszanges so menores. Zanges pequenos so, tambm, perfei-tamente capazes de copular com a rainha.

    Fazer uma distino entre zanges grandes e pequenos quase impossvel; * zanges pequenos no so produzidos regu-

    larmente na colmia como um tipo distinto de abelha - apenasocasionalmente que eles aparecem, e quando surgem geral- * Somos inclinados a discordar, neste ponto, com nosso instru-do Autor. Se as fmeas so pouco desenvolvidas, quando com-paradas com as rainhas, por terem sido criadas em alvolosmenores, razovel supor que zanges (machos) criados em al-volos pequenos (de operria) tambm no se desenvolvem

    completamente. Eles certamente no so um tipo distinto deabelha, mas mantem a mesma relao para com os zangescomo as operrias mantem para com as rainhas. - C. N. A.

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    mente sinal de que h algo errado na colmia. Mas com as abe-lhas femininas, que possuem ferro, o caso diferente. ver-dade que todas elas se originam de ovos femininos, que sobastante semelhantes, mas elas se desenvolverem parcialmente

    ou perfeitamente depende se elas foram criadas em alvolos pe-quenos de operrias, alimentadas menos abundantemente ecom comida menos nutritiva, ou se elas foram criadas nas as-sim chamadas realeiras que so espaosas, compridas e pendu-radas no favo, e foram alimentadas abundantemente com comi-da mais nutritiva. As fmeas perfeitamente desenvolvidas nschamamos de rainhas, mes, ou Weisel , e elas so capazes de

    sozinhas propagar a espcie. A outra classe e, sem dvida, amais numerosa na colmia so fmeas no perfeitamente de-senvolvidas. Elas esto preparadas para realizar todo trabalhonecessrio, mas no conseguem copular e propagar sua esp-cie, pois seu receptculo seminal pouco desenvolvido. Elastm sido chamadas muito apropriadamente de abelhas oper-rias. De qualquer forma, no correto cham-las de neutras -termo usado em muitos livros sobre apicultura e em trabalhosde histria natural - pois elas se originam dos mesmos ovos queas rainhas, elas possuem ferro como todas as fmeas destaclasse de insetos, e sob certas condies, especialmente quandoo enxame fica privado de sua rainha e os trabalhos normais nacolmia ficam suspensos, elas so, at mesmo, capazes de botarovos, pois seus ovrios, rudimentos que permaneceram porcausa do seu desenvolvimento sexual imperfeito, nesta situao

    ficam ativos.Embora existam apenas dois gneros de abelhas, macho e

    fmea, contudo, por ocasio do maior crescimento do enxame a plenitude do seu vigor coincide com o perodo de florescimen-to da maioria das plantas - na colmia so encontrados trs ti-pos de abelhas, que diferem na forma e constituio, a saber:

    1. Fmea perfeita, rainha, Weisel ou me;

    2. Fmeas imperfeitas ou operrias; e

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    3. Abelhas masculinas ou zanges,

    Se ns desejarmos acrescentar, uma quarta classe, comofeito por muitos escritores, as operrias poedeiras que s apare-cem em casos excepcionais, seria necessrio mencionar essasrainhas no frteis como uma quinta ou sexta classe, ou rai-nhas que pem apenas ovos de zango, que, s vezes, tambmso encontradas, mas isto seria fora de lugar e intil pois taiscondies so anormais.

    RAINHA A rainha a principal abelha da qual depende a prosperida-

    de da colnia. A semelhana entre a rainha e a operria indicaque elas so do mesmo sexo e produzidas de ovos similares,mas o desenvolvimento mais perfeito da rainha aparece pelaforma mais reforada do corpo, mais especialmente pela largurado trax, pela cor mais marrom, pelo abdmen mais corpulentoe mais alongado, suas asas dificilmente cobrem a metade doabdmen no perodo em que ela esta mais ativamente engajadana postura de ovos.

    Suas pernas so igualmente de cor marrom ou amarelada.Na abelha italiana a maior parte do abdmen de cor amarelodourado, preto apenas nas extremidades. assim, muito maisfcil descobrir uma rainha italiana entre as numerosas oper-rias, do que encontrar uma rainha preta. Como regra existe a-penas uma rainha na colmia, exceto quando predomina umtempo chuvoso na poca da criao, caso em que a princesaemerge enquanto a rainha velha ainda est na colmia. Vriasprincesas podem coexistir na colmia por algum tempo. Mas,em qualquer tempo, diferente da estao de criao, uma ex-

    ceo a existncia de duas rainhas na colmia no Outono, In-verno e Primavera e, nestas condies, uma a velha, freqen-

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    temente mutilada, que permanece resignada, enquanto a outra vigorosa e jovem e a rainha reinante. Neste caso as asas darainha velha esto totalmente rotas como conseqncia, semdvida, dos ataques que sofreu das rainhas jovens. Desconfian-

    a, um dos defeitos da rainha, atinge o mximo logo que elaemerge; depois a desconfiana desaparece aos poucos, e assimque a jovem rainha se torna frtil toda sua ateno devotadapara a postura de ovos nos alvolos de cria.

    As rainhas so criadas em alvolos especiais, chamados rea-leiras. Embora no exista diferena essencial entre as realeiras,ainda assim, com relao sua causa, feita uma distino en-

    tre realeiras de enxameao e reposio. As operrias constro-em as realeiras de enxameao normalmente nas bordas do fa-vo, com a forma de um pequeno copo, alongado para baixo, noqual a rainha deposita um ovo. * medida que a larva real cres-ce e exige mais espao, a realeira alongada mais para baixo e,por fim, ela fechada, quando ento se parece com uma xcarasem asa invertida. Realeiras de reposio so construdasquando as abelhas ficam privadas acidentalmente de sua rai-nha, mas dispem de cria apropriada a partir da qual conse-guem criar uma nova rainha. Por no conseguirem transportarovos e larvas de um alvolo para outro, um alvolo comum deoperria, que contenha um ovo ou larva, modificado e alarga-do para a forma de uma realeira. Quando existirem alvoloscom pequenas larvas ou ovos prximos das bordas do favo, ouacima de uma passagem que pode existir no favo, as abelhas

    preferem construir ali as realeiras, pois elas no encontram, por

    * Receamos que aqui existam diferentes opinies; o Autor divi-diu as realeiras em duas classes, a segunda oferece melhorescondies de observao, e poucos tiveram a oportunidade deobservar a operao descrita para a primeira, eu mesmo me co-loco entre este nmero, no estamos preparados para discutir oassunto. Ns, no entanto, respeitosamente discordamos do Au-

    tor quanto a falta de habilidade das abelhas em transportar o-vos entre alvolos, j obtivemos provas satisfatrias que elaspodem e por vezes os removem. C. N. A.

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    no haver necessidade de destruir qualquer alvolo abaixo de-las, nenhum obstculo em espichar a realeira para baixo. Mes-mo assim algumas vezes elas comeam realeiras no meio do fa-vo onde elas devem espichar virando-a para baixo.

    Muitos apicultores so de opinio que as rainhas criadas emrealeiras de reposio so mais fracas do que as produzidas emrealeiras de enxameao, o que nem sempre o caso. As jovensprincesas atingem seu desenvolvimento mais perfeito mais de-vido alta qualidade do alimento fornecido e eficcia do ali-mento depende da disponibilidade de matria nitrogenada, i.e.,plen, e tambm se existe um nmero suficiente de abelhas jo-

    vens na colmia para cuidar das larvas, mais especialmente dasque se encontram nas realeiras.

    O desenvolvimento mais perfeito de uma rainha , em parte,devido ao maior espao existente na realeira e, em parte, ao fatode a larva receber comida com mais abundncia, e comida deigual qualidade nutritiva durante todo o tempo at a realeira serfechada, enquanto o alimento que as larvas nos alvolos peque-

    nos recebem se torna cada vez menos nutritiva, de forma queseu desenvolvimento sexual no ocorre na mesma extenso.Mas como o alimento das larvas semelhante durante os pri-meiros dias, no importa se as abelhas escolhem um ovo ouuma larva com alguns dias de idade para criar uma rainha, anica diferena ser que quanto mais velha a larva escolhidamais cedo a jovem princesa deixar a realeira. Antigamente sesupunha que era impossvel criar uma rainha de uma larvacom mais de trs ou, no mximo, quatro dias de idade, o Autor,porm, provou em seu Suplement to Teory and Practice , publi-cado em 1852, que rainhas perfeitas podem ser criadas de lar-vas at mais velhas, enquanto elas no estiverem operculadas.Em enxames artificiais encontramos, freqentemente, uma jo-vem rainha dez dias depois de sua formao. Curiosamente, po-rm, o desenvolvimento de uma rainha desde o ovo at inseto

    perfeito, quando as abelhas comeam a alimentar e dele cuidardesde cedo, completado em dezesseis dias. As operrias, no

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    caso anterior, devem ter escolhido, ento, uma larva com pelomenos seis dias de idade; supondo que a larva estivesse comquatro dias de idade, isto resultaria em quatorze dias para odesenvolvimento da rainha, o que uma suposio impossvel. *

    Ns tambm podemos nos certificar da veracidade do que a-firmado acima destruindo continuamente as realeiras comea-das num enxame artificial, quando ser verificado que as oper-rias comeam realeiras novas novamente e novamente, enquan-to existir cria aberta na colmia, at por volta do stimo dia.Freqentemente as realeiras so construdas em alvolos nor-mais e, seguidamente, difcil distingu-las dos alvolos de zan-

    go; no obstante, elas produzem rainhas perfeitas. Isto prova,ao mesmo tempo, que a posio inclinada das realeiras no absolutamente necessria para o desenvolvimento perfeito darainha, contudo, a convenincia desta posio das realeiras inquestionvel. O espao disponvel (entre os favos) seria fre-qentemente insuficiente para alongar a realeira horizontal-mente, nem seria possvel garantir durabilidade para a realeira,pois na horizontal a realeira no estaria protegida dos detritos que caem. Uma realeira serve para criar apenas uma rainha enormalmente destruda logo que a rainha emerge. Apenasquando uma colnia fica debilitada por causa da enxameao, eparte dos favos permanece desprotegida das abelhas que al-gumas realeiras so, ocasionalmente, mantidas. Em todos osoutros casos as realeiras s so encontradas na colmia quandoso necessrias como beros para as princesas.

    * Nosso Autor no levou em conta, evidentemente, o fato que oovo perdura, sem eclodir, por um perodo de cerca de trs diasdepois do qual a larva comum perdura como tal por trs dias emais dez dias para a transformao, o que resultar em dezes-seis dias necessrios para a evoluo de uma rainha. Assim,

    no existe nada de estranho encontrar realeiras construdas se-te dias depois que uma rainha tenha sido removida, pois muitaslarvas tero apenas trs ou quatro dias de idade. - C. N. A.

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    FECUNDAO DA RAINHA Quando a jovem princesa sai da realeira, ela ainda no

    uma me perfeita. Ela adquire a capacidade para botar os ovosdos quais se originam todas as abelhas na colmia s atravsda fecundao, ou da cpula com uma abelha masculina ouzango, um ato que sempre acontece fora da colmia e alto noar, freqentemente a uma grande distncia da colmia. Ento,toda abelha rainha para se tornar a regente reconhecida dacolmia e para atingir a maturidade que, de acordo com a tem-peratura e atividade da colmia, leva de trs a oito dias realizaum ou mais vos, denominados de fecundao, em dia ameno,claro, durante a hora mais agradvel do dia, horrio em que tambm habitual as abelhas jovens voarem em frente da col-mia. Parece que em seu primeiro vo raramente a rainha fe-cundada; ela identifica cuidadosamente sua colmia e se afastadas vizinhanas muito lentamente. Talvez ela pretenda apenasse familiarizar com o lugar para ter certeza que encontrar sua

    colmia ao retornar das sucessivas excurses no mesmo ou di-as seguintes.

    Quanto mais agradvel e mais clara estiver a atmosfera, emaior o nmero de zanges que circulam no ar, mais rpido se-r alcanado o objetivo do vo da rainha. Embora suas outrasexcurses sejam de mais curta durao, ela no retorna antesde um quarto de hora, ou at mesmo de meia hora, depois de se

    encontrar com os zanges e ficar fecundada; normalmente elaretorna com o rgo masculino do zango aderido extremida-de do seu abdmen como um sinal inconfundvel que a fecun-dao ocorreu. possvel que a rainha se livre do zango que,de qualquer forma, no sobreviva ao ato da fecundao, damesma forma que uma abelha que ferroou, quando o ferro nopenetra muito profundamente, tenta se livrar dele rodando con-tinuamente. Porm, esta s uma suposio e dificilmente serobservado, uma vez que a fecundao ocorre longe, freqente-mente muito longe, da colmia. Foi observado, em muitos ca-

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    sos, que abelhas italianas de raa mista apareceram nas col-mias de abelhas pretas comuns, o que indica que a jovem rai-nha foi fecundada, tambm, por um zango italiano, embora acolnia italiana mais prxima distasse a mais de uma milha *.

    Mesmo supondo que o zango e a rainha tenham se encontradona metade do caminho, ambos teriam viajado mais de meia mi-lha (duas milhas e meia inglesas) desde suas colmias para seencontrarem onde se encontraram. muito provvel, se nocerto, que o encontro ocorre alto no ar, onde os zanges, bemcomo as jovens princesas, em suas viagens de acasalamento serefugiam; certamente pelo som que ambos emitem em vo,

    que pode ser distinguido at mesmo pelo ouvido humano, quese comunicam e pelo qual so atrados. Sua unio ocorre pro-vavelmente da mesma forma como no caso das liblulas e dasefemridas que ns freqentemente temos a oportunidade deobservar, pois estes insetos no voam to alto. O par ento,provavelmente, desce e pousa no objeto mais prximo onde aseparao ocorre de forma violenta. Uma vez fecundada a rai-nha permanece frtil por toda a vida que dura at quatro anos.Se, por acidente, ela parar de por ovos, ela nunca fica novamen-te frtil, pois uma vez que ela tiver comeado a depositar ovos, oque no Vero ocorre dois dias depois da fecundao, ela notem mais condies de acasalar com os zanges, ela tambmno voar novamente, a menos para partir com toda a colnia,ou com um enxame, ou acontecer de ser retirada a fora da col-mia.

    fcil averiguar, atravs de dissecao, se uma rainha foifecundada ou no. Quando a extremidade do abdmen de umarainha for cortado, com uma tesoura afiada, l ser encontradaprojetada de um lado ou do outro da seo uma pequena ves-cula, cercada por uma rede, denominada receptculo seminal ,cuja funo receber o esperma masculino durante o ato de fe-cundao. Caso seu contedo seja um fluido claro, a rainha a-inda no frtil; mas a presena de uma substncia viscosa e

    * A milha Alem igual a cerca de cinco milhas Inglesas.

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    branca indica que ela foi fecundada. Quando o contedo da pe-quena vescula observado sob um poderoso microscpio pode-se ver um muito grande nmero de pequenos corpos se moven-do, dos quais pelo menos um ter que penetrar no ovo, por uma

    pequena abertura em sua abertura superior, chamada de mi-croporo, ou o ovo no ser fertilizado.

    At aqui, no h nada de incomum no que foi dito acima;mas temos que discutir agora os acontecimentos na colmia,que so mpares, os quais os apicultores j tentaram h muitotempo, em vo, explicar. Em muitas colmias encontramos rai-nhas tanto rainhas jovens como tambm velhas e fracas por

    causa da idade - que s conseguem botar ovos de zango. Asoperrias, tambm, sob certas condies, botam ovos que sem-pre produzem zango; mas uma rainha perfeitamente fecunda-da tem o maravilhoso poder de sempre adaptar seus ovos aosalvolos, depositando ovos de fmea nos alvolos pequenos eovos de macho nos alvolos de zango, e assim determina o se-xo dos ovos por sua deciso.

    Para resolver este enigma foram propostas vrias hipteses,as quais, porm, apenas tornaram o assunto mais complicado.Foi tentado explicar o fato afirmando que os ovos de macho e defmea eram depositados nos seus respectivos alvolos supondoque algumas operrias eram as mes dos zanges, e que a rai-nha, ao contrrio de todos os experimentos, s botava ovos dosquais eram produzidas as operrias; mas qualquer observadoratento poder testemunhar, freqentemente, a rainha deposi-tando ovos em alvolos de zango. Este assunto, todavia, con-duziu a uma longa e amarga controvrsia, que foi finalmenteesclarecida pelas abelhas italianas, pois quando uma rainha i-taliana introduzida numa colmia de abelhas comuns, obser-va-se que surgem no apenas operrias italianas, mas tambmzanges italianos provando, claramente, que este ltimo tam-bm deve sua existncia rainha. A ocorrncia de fmeas, seja

    rainhas seja operrias que s depositam ovos de zango, foitentado explicar supondo uma fecundao incompleta, pois, se-

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    gundo Busch, ela ocorreu na colmia, ou, segundo Huber, foiretardada; mas no existe nenhuma prova para esta conjeturae, quando examinada mais atentamente, aparentemente in-sustentvel. A fecundao nunca ocorre na colmia. Ainda que

    exista um grande nmero de zanges, uma princesa no serfecundada se o tempo ruim ou a poca do ano lhe impedirem devoar para fora da colmia. A rainha e o zango no so propen-sos a acasalar dentro da colmia; se a paixo dos zanges fosseprovocada na colmia, no haveria descanso para a rainha en-quanto ali existisse zango. Em geral, a jovem rainha tem con-dies de ser perfeitamente fecundada enquanto ela tiver condi-

    es de realizar vos de fecundao, que durante o Vero ame-no ela chega a executar durante um ms; na Primavera fria eOutono, porm, quando a vida e desenvolvimento na colmia fi-cam suspensos, durante cinco ou seis semanas, ou at maistempo. Realmente, no h nenhuma razo para que a fecunda-o, quando retardada, seja menos perfeita, e por que deveriaela resultar em rainha que s reproduz o sexo masculino.

    A verdade , as mes que s produzem zango no forambem fecundadas, ou a fecundao ficou sem efeito ou se tornouassim, pois os ovos que produzem zango no requerem fertili-zao; eles contm o germe de vida ao deixar o ovrio materno,e esta a razo de os ovos de zango serem depositados sem se-rem fertilizados. Mas se o ovo fertilizado por um espermato-zide do receptculo seminal de uma rainha frtil, que entra noovo quando ele desce do oviduto, ele se transforma no germe de

    uma operria ou de uma rainha. Esta afirmao contm a cha-ve para todos os problemas que, at agora, pareciam imposs-veis de resolver. A concluso acima se evidenciou para o Autorquando ele teve a oportunidade de assistir vrias rainhas jovensque, por terem as asas imperfeitas ou por terem emergido du-rante a estao fria, no conseguiram evidentemente fazer o vode acasalamento e que, quando dissecadas, se constatou noterem sido fecundadas; no obstante elas depositaram ovos dosquais, porm, foram produzidos somente zanges. Como estesmesmos ovos, foram inicialmente desenvolvidos no ovrio, cer-

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    tamente teriam se tornado ovos de operria caso a fertilizaotivesse ocorrido, nada era mais natural do que esta concluso,que os ovos so, originalmente, todos semelhantes, ou no temdistino no que se refere ao sexo, e que eles se tornam mascu-

    linos ou femininos quando depositados por serem ou no fertili-zados.

    Conseqentemente fcil entender por que as rainhas nofertilizadas, ou operrias que no podem ser fecundadas, sconseguem botar ovos de zango, enquanto rainhas fecundadaspodem botar ovos de operrias ou de zango, de acordo comsua deciso, lhe sendo possvel e fcil evitar ou provocar a ferti-

    lizao do ovo pelo movimento muscular. No obstante, esta te-oria que o Autor, nos primeiros anos do Bienen Zeitung , no seaventurou a publicar a no ser como mera hiptese, foi apre-sentada mais completa e claramente em seus escritos posterio-res - esta teoria foi recebida com a mais violenta oposio, comose opondo a, at ento, teoria universalmente reconhecida quesem fertilizao a vida era impossvel. Mas como esta teoria ex-plica os fenmenos na colmia to perfeitamente como a hipte-se de Coprnico trata a aparncia do cu, angariou gradual-mente cada vez mais adeptos; at mesmo fisiologistas declara-dos comearam a se interessar por ela, e comeou a se tornarum fato reconhecido, depois de ter passado pela provao da ci-ncia sob o microscpio e as agulhas de dissecao do grandefisiologista, agora Professor Theodor von Siebold, da antigaBreslau, atual Munich. Este abraou a tarefa tediosa de exami-

    nar vrios ovos de operrias, como tambm ovos de zango, so-bre sua fertilizao, e o resultado foi que os ovos de zango nomostraram nenhum rastro de fertilizao nem interna nem ex-ternamente; enquanto que nos ovos de operria um ou mais es-permatozides, alguns dos quais mostrando ainda vitalidade,eram perfeitamente identificados. Os ovos de operria tinhamsido previamente corretamente preparados, foram estourados

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    entre lminas de vidro para permitir visualizar seu interior. *

    Atualmente esta teoria no mais questionada, mas aindadiferem as opinies sobre como a rainha consegue depositar o-vos no fertilizados nos alvolos grandes e ovos fertilizados nosalvolos estreitos. Foi proposto que a fertilizao e a no-fertilizao um resultado puramente mecnico de uma sim-ples presso externa ou mudana de posio da rainha, neces-sria para que ela possa depositar os ovos nos alvolos estreitose nos mais largos e mais profundos vontade; mas esta expli-cao insustentvel pois a rainha freqentemente depositaovos dentro de alvolos largos e alvolos estreitos apenas inicia-

    dos, ajustando cada ovo a seu alvolo correspondente, aindaque no exista uma situao clara de presso ou mudana deposio. Devemos, em todo caso, admitir que a rainha possui opoder instintivo de botar ovos fertilizados em alvolos pequenose ovos no fertilizados em alvolos grandes; e isto no menosexplicvel do que a capacidade das operrias de passar daconstruo de alvolos pequenos para a construo de alvolosgrandes no momento apropriado, e da rainha comear a deposi-tar no momento certo ovos em alvolos de zango, se retirar e,ento, s botar ovos de operria.

    Assim como a rainha capaz de ajustar o sexo dos ovos emfuno dos alvolos, assim tambm ela pode ajustar o nmerode ovos s exigncias da colmia e s circunstncias em geral.

    * Consulte o True Parthenogenesis in Moths and Bees de von Theodor Siebold. Van Voorst, Londres, 1857. Neste caso o Autor ignora completamente a presso interna. Acircunstncia sob a qual uma rainha deposita ovos em alvolos'apenas iniciados' quando ela est frente de um enxame re-cm alojado e o tempo, bem como, a entrada de mel satisfat-ria. Sua vontade de botar ovos estimulada pelas abelhas, soproduzidos ovos em nmeros grandes, e nossa hiptese que a

    acumulao de ovos nos ovrios aumenta o que provoca pres-so suficiente para garantir sua fertilizao quando eles passampela espermateca. - C. N. A.

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    Quando uma colnia est fraca e o tempo frio e desfavorvel elabota diariamente apenas cerca de cem ovos; mas em colniaspopulosas e quando a forragem est abundante, ela depositamilhares. Sob circunstncias favorveis uma rainha frtil pe

    at 3000 ovos por dia; qualquer um pode se certificar desta a-firmao colocando, simplesmente, um enxame numa colmiacom favos vazios, ou inserindo favos vazios na rea da cria deuma colmia e contando os ovos nos alvolos alguns dias de-pois.

    Temos lido em livros sobre abelhas, ou trabalhos de histrianatural, ocasionalmente, que a rainha em sua vida pe aproxi-

    madamente 60,000 ovos. Tal afirmao simplesmente ridcu-la; 600,000 a 1,000,000 estariam um pouco mais prximos daverdade; a maioria das rainhas, em colmias espaosas e emuma estao de favorvel, bota 60,000 ovos num ms. A rainha,como regra, comea a botar ovos em Fevereiro e continua atSetembro, entretanto nem sempre na mesma taxa. Uma rainhaespecialmente frtil em quatro anos, tempo mdio de sua vida,pode, assim, botar mais de 1,000,000 ovos. O Autor teve umarainha, uma vez, com cinco anos de idade que ainda era nota-velmente vigorosa e teria vivido por mais outro ano ou dois seela no tivesse sido destruda. Ento, razovel acreditar que aidade da rainha pode chegar a sete anos, como fomos noticia-dos por alguns apicultores que fizeram esta observao; aindaquando dizemos que em casos excepcionais as rainhas vivemonze a doze anos, a afirmao provavelmente no passa de ilu-

    so, ou um caso to raro quanto um homem que atinge a ida-de de cem anos ou mais. Existe, certamente, uma grande dife-rena entre rainhas no que se refere fertilidade; as melhoresmes so as que depositam um grande nmero de ovos e os de-positam seqencialmente nos alvolos, no botando dois ovosnum alvolo nem deixando um alvolo vazio. A colmia, possu-indo uma rainha com tais caractersticas, ter a cria bem orga-nizada e um bom nmero eclodindo simultaneamente, facili-tando para a rainha repetir a operao de postura de ovos de-pois que os alvolos so esvaziados. Quando isto acontece a

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    colmia prospera, seu bem-estar depende principalmente da ra-inha que, de qualquer forma, a alma da colmia.

    OPERRIAS As operrias formam, sem dvida, o maior nmero de abe-

    lhas numa colnia, e so chamadas assim porque elas execu-tam todos os trabalhos na colmia. Elas coletam os materiaispara a construo dos favos e para a comida, elas mantm acolmia limpa, constroem os alvolos, mantem a cria aquecida ea alimentam, guardam e defendem sua colmia. Como qualquerum tem a oportunidade de as ver e examinar, seja na colmiaseja nas flores, quando o tempo estiver bem, no nos deteremosem descrev-las. Enquanto na forma de ovo, ou como pequenalarva, todas podem se transformar em rainhas. Nos alvolos pe-quenos, porm, e porque a comida que lhes fornecida menos

    nutritiva, s os rgos necessrios para o trabalho se desenvol-vem completamente, enquanto os rgos sexuais permanecemsubdesenvolvidos; elas so, por esta razo, fmeas imperfeitas.Como, porm, elas pertencem ao sexo feminino, e sem sombrade dvida possuem um ovrio rudimentar, no h razo paraficarmos surpresos se sob certas circunstncias, como, por e-xemplo, quando a colmia est sem rainha, elas botem ovos.

    Mas por no serem fertilizadas e nem mesmo terem capacidadede serem fertilizadas os ovos por elas depositados, claro, sproduzem zanges. Elas preferem os alvolos de zango paradepositar seus ovos se existir algum na rea da cria, mas elastambm os depositam em realeiras que as abelhas tm o hbitode construir por causa da ansiedade em criar uma rainha. Naausncia de alvolos grandes elas depositam seus ovos nos al-volos pequenos de operria.

    Por muito tempo foi opinio firme dos seguidores da escolaantiga que as operrias regularmente botavam ovos que produ-

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    ziam zanges, at mesmo quando uma rainha estava na col-mia; mas, graas introduo da abelha italiana, esta opinioteve que ser abandonada por ser falsa e insustentvel, comopodemos nos convencer por um exame atento da forma como os

    ovos so depositados tanto pela rainha como pelas operrias. Arainha deposita ovos de zango com a mesma regularidade comque deposita ovos de operria, mas as operrias pem seus o-vos irregularmente, freqentemente na borda do alvolo, depo-sitando vrios ovos, e s vezes um agrupamento inteiro, numnico alvolo.

    Muitas pessoas supunham, e algumas ainda acreditam, que

    existe um outro tipo de abelha, que foi chamada de abelha pre-ta. Sua cor, porm, puramente acidental, provocada pelo a-quecimento, por se esfregarem umas contra as outras, se mor-derem, se lambuzarem, se lamberem, etc. Como regra geral asabelhas pretas lustrosas so pilhadoras que tm procurado suamercadoria durante tempo considervel. H s uma varivel,sua idade, em que basear a distino entre as operrias pois norestante so bastante semelhantes. Elas podem ser divididasem operrias jovens, ou abelhas de casa que atendem os afaze-res internos e mais especialmente cuidam da cria, e operriasvelhas, carregadoras ou coletoras que transportam os materiaisnecessrios.

    Quando a operria jovem deixa o alvolo - o que, contando apartir do ovo, acontecer ao trmino de dezenove dias, sob con-dies favorveis, mas normalmente ao trmino de vinte a vintee um dias - no voa para fora da colmia imediatamente. Pas-sam-se, no Vero ameno, at mesmo vrios dias antes de elaaparecer fora da colmia e, mesmo assim, s durante a horamais agradvel do dia para a higiene e retorna, imediatamentepara os deveres domsticos na colmia com os quais fica pri-mordialmente ocupada durante o primeiro perodo de sua vida.

    Quando na colmia existir um nmero suficiente de abelhas jovens para alimentar a cria, as abelhas mais velhas participampouco ou nada dos afazeres de casa; durante a noite elas per-

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    manecem penduradas nos favos ou descansam contra as pare-des da colmia ou ao lado dos favos, mas em tempo agradvelelas trabalham infatigavelmente trazendo para casa os materi-ais necessrios, especialmente mel e plen que elas acumulam

    em sua colmia at que a morte as leve. Se no forem mortaspor acidente, o que no resta dvida a maioria dos casos, elasmorrem de esgotamento, quando suas asas, em frangalhos porcausa do longo uso, no tm mais condies de suportar seucorpo pesadamente carregado, especialmente com vento forte.

    O tempo de vida da operria varia de acordo com as circuns-tncias. Das operrias nascidas em Maio ou Junho poucas es-

    taro vivas ao trmino de dois meses se o tempo lhes permitirtrabalhar continuamente. Se uma rainha italiana for introduzi-da na Primavera ou no Vero numa colnia populosa com abe-lhas comuns pretas, existir muito pouca abelha preta na col-mia ao trmino de seis semanas e nenhuma, talvez, ao trminode dois meses. A distncia que as abelhas tm que voar, e o tipode flores que elas visitam, porm, resulta em muita diferenaem seu aspecto. Parece que elas envelhecem muito quando, porexemplo, visitam as flores do blue corn , cujas folhas afiadas,como tambm o milho grosso no meio do qual esta planta cres-ce, destri suas asas muito rapidamente. Ao visitar as flores dotrigo-mouro parece que elas mantem sua vitalidade por maistempo, em parte porque suas visitas, embora muito freqentes,s ocorrem durante algumas horas do dia e, em parte, porqueelas podem pairar confortavelmente sobre as flores e suas asas

    no entram em contato com elas. Elas preservam melhor suavitalidade e quase no envelhecem quando permanecem em re-pouso. Por conseguinte, as operrias nascidas em Setembro a-parentam serem jovens e fortes em Fevereiro e Maro como seelas tivessem deixado os alvolos s alguns dias antes. Mas seelas passarem o Vero em estado de repouso semelhante, comouma colmia sem rainha, ou por outra razo qualquer inativas,elas podem viver at doze meses ou at muito mais tempo.

    muito improvvel, porm, que uma operria, supondo que

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    quando a princesa foi fecundada com sucesso * e comeou a bo-

    * No podemos concordar com a afirmao do Autor que a ferti-

    lizao das princesas 'a nica razo' da existncia dos zan-ges. bem conhecido que quando um enxame deixa uma col-mia, freqentemente, fica apenas um punhado de operriasem casa para tomar conta de uma enorme massa de cria queexiste na colmia em todas as fases; se uma noite fria seguir enxameao, como freqentemente o caso, seria impossvel aum punhado de operrias manter a temperatura necessria nacolmia e haveria uma grande perda de cria e abelha vivas. Nes-ta situao os zanges, a grande maioria dos quais fica em casa

    (poucos acompanham o enxame), prestam um grande servio,mantendo calor que, do contrrio, as poucas operrias seriamobrigadas a gerar, deixando-as livres para alimentar as larvasrecentemente eclodidas. verdade que quando a princesa e-mergiu e foi fecundada e o tempo se torna frio, os zanges somortos, mas neste momento haver pouca, se existir alguma,cria no operculada na colmia, enquanto milhares de abelhas

    jovens tero emergido para a vida, tornando a colmia populosae os zanges desnecessrios. Nem pode ser esquecido que os

    zanges normalmente no so mortos enquanto 'o tempo friono tenha se instalado' ou, em outras palavras, at que a co-lheita de mel tenha cessado, fato que nos deve convencer queeles so teis para ajudar a evaporar o mel antes de ser opercu-lado para a reserva de Inverno. Muitos devem ter observado ogrande nmero de zanges normalmente encontrados nas mel-gueiras e ainda que seja normalmente suposto que eles esto aliapenas como consumidores, no parece ser este o caso. O velhoditado, D um nome ruim para o cachorro,' &c., totalmente

    vlido para os zanges e parece que ningum procura ou acre-dita que neles exista alguma qualidade boa; ainda que muitospossam confirmar, indubitavelmente, que alguns dos melhoresresultados foram alcanados em colmias onde os zanges e-ram, pelo menos, numerosos. Neste caso o pensamento era, seas abelhas conseguiam to bom resultado mantendo aquele i-menso nmero de zanges o que no teriam feito sem eles? ig-norando a possibilidade de os zanges terem ajudado a conse-guir os bons resultados. E no verdade que com o sistema a-

    tual, com as armadilhas para zanges durante a colheita demel, muitos tm reclamado que suas melgueiras, embora chei-as, no so operculadas pelas abelhas? Temos visto centenas

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    tar ovos, o que acontece, talvez, ao mesmo tempo em que otempo frio se instala e a temperatura na colmia deve ser man-tida elevada, os zanges so expulsos pois no tm mais utili-dade. Como os machos das mamangavas, vespes e vespas, os

    machos da colmia de abelhas no sobrevivem para o Inverno.As operrias do Vero anterior se dispersam e perecem no Ou-tono, as fmeas frteis hibernam sozinhas, num estado de tor-por total, e assim no necessitam de calor; elas tambm conse-guem construir os primeiros alvolos na Primavera, e alimentara primeira cria.

    A abelha rainha, porm, no age assim, e porisso indis-

    pensvel um certo nmero de operrias numa colmia de abe-lhas, inclusive no Inverno, quando os zanges so completa-mente inteis. A rainha acumulou em sua espermateca o mate-rial de fertilizao e ela sozinha fertiliza os ovos a serem postos.Quando, na Primavera seguinte, se aproxima o tempo para sa-rem os enxames e para criar as novas rainhas a criao de zan-ges recomea novamente. Esta uma preparao remota paraa enxameao para a qual no h necessidade da hibernaodos zanges. Assim, de acordo com a teoria acima exposta, oszanges so produzidos de ovos no fertilizados que no s asrainhas fecundadas, mas tambm as rainhas no fecundadas e,

    de vezes as abelhas retornarem dos campos e darem mel paraos zanges e temos visto freqentemente os zanges com suascabeas nos alvolos de mel. Ou ser que os zanges neste caso

    so, no sentido verdadeiro, carregadores de mel? Ns sabemosque eles no tm vescula melfera, como as operrias, mas issono tornar nossas sugestes ridculas; as abelhas preparam acomida para as abelhas lactentes em seus estmagos, no po-dem os zanges preparar mel para armazenamento de um modosemelhante? Eles no tm vescula melfera para coletar o mel,razo porque o seu trabalho seria em casa a no ser em ocasi-es especiais em certas horas do dia. Os anatomistas de abelhaque s procuram o que eles esperam encontrar podem estar ne-

    gligenciando verdades que, talvez, no tenham sido sugeridas.Mas deixando a influncia de lado, no podemos acreditar que ozango seja to intil quanto se acredita. - C. N. A.

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    at mesmo, as operrias podem botar.

    Parecia que as abelhas italianas poderiam fornecer tambmuma forma excelente para testar a exatido desta teoria se oszanges Italianos fossem diferentes dos zanges alemes, quecertamente so, embora a diferena no seja to evidente quan-to entre operrias italianas e alems. Se a teoria est correta,ento as rainhas pretas produziriam s zanges pretos, e as ra-inhas italianas s zanges italianos, at mesmo se elas fossemfecundadas por um macho da outra raa. As conseqncias demiscigenar raas diferentes de abelhas s pode ser verificada nasua descendncia feminina, pois s os ovos femininos exigem

    fertilizao; realmente este o caso. Numa ocasio alguns zan-ges amarelos apareceram numa colnia que tinha uma rainhapreta que tinha sido fecundada por um zango italiano. Mas erapossvel que uma operria amarela tivesse botado os ovos poismuitas operrias italianas j estavam na colmia.

    O caso de uma operria que bota ovos quando existe umarainha frtil na colmia muito raro contudo, s vezes, aconte-

    ce como a ocorrncia excepcional de duas rainhas frteis emuma colmia ao mesmo tempo.

    Embora a rainha se encontrando com o zango em pleno ar,fora da colmia, torne um pouco difcil preservar a raa italianapura, e assim aumentar o nmero de colnias italianas, contu-do, como at mesmo essas rainhas italianas que foram fecun-dadas por um zango preto produzem exclusivamente zanges

    italianos no ano seguinte, a dificuldade no assim to grande.Uma rainha italiana que tenha cruzado com um zango preto eque esteja frente de uma colnia populosa bota, freqente-mente, ovos de zango no seu primeiro vero, o que as rainhas

    jovens da raa alem nativa muito raramente o fazem.

    Foi perguntado se os zanges nascidos de ovos postos poroperrias so machos perfeitos capazes de fecundar uma rai-

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    nha. * Esta pergunta deve receber resposta afirmativa, pois elesso, sob todos os aspectos, iguais aos zanges gerados pela rai-nha, no havendo nenhuma razo para eles no possuremtambm todas as capacidades dos ltimos.

    A TIVIDADES DAS ABELHAS O primeiro objeto da atividade das abelhas, assim como o de

    todos os outros animais, a autopreservao e proliferao dasua espcie; atendendo as palavras Bblicas, 'Crescei e multipli-cai-vos', os objetivos da sua atividade esto definidos para elas.

    O primeiro objetivo de um enxame jovem garantir sua pr-pria existncia. Com este propsito, sua primeira necessidade uma casa nova, i.e., uma cavidade com uma entrada compara-tivamente pequena que o enxame normalmente identifica antesde partir da colmia materna atravs das assim chamadas ba-tedoras. Vrias abelhas que, nesta ocasio, vo frente do en-xame para tomar posse da nova moradia e se apressam em lim-par o local, podem ser vistas durante o tempo da enxameaonos buracos das rvores, fendas de paredes, rachas de pedras,bem como em colmias de palha e de madeira vazias, especial-mente se estas contm algum pequeno favo. Ocorre tambmque muitos enxames parecem deixar a colmia materna sem ter

    providenciado uma casa nova e assim voam ao acaso, algumas

    * Esta pergunta distinta de uma outra que freqentementenos fazem, entretanto, muito semelhante a esta, ou seja., se oszanges criados em alvolos de operrias tem condies de co-pular? e, argumentando por analogia, nossa opinio no. Nin-gum consegue provar muitas afirmaes feitas a respeito dareproduo das abelhas, mas observando que o alvolo da ope-

    rria atrofia e quase destri os rgos de reproduo da fmea, razovel concluir que um efeito semelhante produzido nasabelhas masculinas. - C. N. A.

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    das abelhas pousam num ou noutro lugar para descansar, ou-tros voam adiante, em parte procurando um domiclio satisfat-rio e em parte para recolher alimento.

    Quando o enxame toma conta do seu novo domiclio, ou foialojado numa colmia satisfatria, ele se acomoda, na forma deum cacho de uvas, no lugar mais alto da colmia, e as abelhascomeam a limpar tudo que esteja sujo, spero e no apropria-do, e comeam a construir favos que gradualmente lotam o in-terior da colmia.

    CONSTRUO DE FAVOS EALVOLOS

    A estrutura que as abelhas erguem na sua colmia, e quegradualmente enche seu interior, consiste de vrios favos, outortas, com cerca de uma polegada de espessura, que so fixa-dos no topo da colmia, so alongados para baixo cada vezmais, medida que a colnia deles tiver necessidade ou que oespao da colmia permitir. Quando construdos regularmenteos favos so paralelos, ficando a uma distncia de cerca demeia polegada entre cada dois favos, de tal forma que a largurade um favo, junto com o espao vazio ou passagem (entre ele e o

    prximo), de uma polegada e meia. Assim, se a colmia tiveraproximadamente doze polegadas de largura e comprimento, asabelhas poderiam construir oito favos, cada um dos quais teriadoze polegadas de comprimento. Agora, como a posio e a di-reo de cada favo novo definida pelo precedente, o enxameno pode comear a trabalhar em todos eles ao mesmo tempo,mas obrigado a comear um depois do outro, a menos que e-xistam favos guias na colmia, os quais as abelhas tratariam dealongar imediatamente. Para que as abelhas possam transitarde uma passagem para a outra e em volta dos diferentes favos,

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    elas no os ligam s paredes da colmia, especialmente prximoda entrada, mas deixam cerca de meia polegada livre e prendemos favos somente aqui e ali para dar firmeza estrutura. Ocasi-onalmente elas deixam tambm uma passagem aqui e ali no

    meio do favo. Com a continuidade da boa forragem as abelhasalongam os favos para baixo, em direo ao piso da colmia, po-rm, elas no os fixam, mas deixam um folga, para que a traada cera, que freqentemente encontrada no piso, no consigasubir para os favos to facilmente. *

    Cada favo consiste em uma fila dupla de alvolos hexago-nais regulares que esto separados um do outro por paredes

    muito finas de cera. As extremidades destas duas filas de alvo-los, opostos uns aos outros, esto abertas nas duas superfciesdo favo e todas se parecem com figuras hexagonais regulares.Entre as duas filas, no centro de cada favo, existe uma parededivisria que forma a base comum dos alvolos. Como os favosso construdos de cima para baixo, os alvolos so organiza-dos, claro, horizontalmente, mas a extremidade aberta dos al-volos, especialmente os destinados exclusivamente para o ar-mazenamento de mel, so voltados ligeiramente para acima.

    FINALIDADE DOS ALVOLOS

    Alm do seu uso geral, fornecer s abelhas um lugar pararepousar e tambm proteo contra o frio, os favos na colmiatem dupla finalidade: servir como local para a cria e local paraas provises necessrias de mel e plen. Como as abelhas mas-culinas, ou zanges, so sensivelmente maiores do que as ope-rrias, os assim chamados alvolos de zango so tambm sen-sivelmente maiores do que os alvolos de operria, como mos-

    * E, obviamente, para as prprias abelhas poderem passar fa-cilmente por baixo deles. - C. N. A.

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    trado na ilustrao abaixo.

    J tratamos da relao entre alvolos de operria e alvolosde zango, ao afirmar que numa polegada de comprimento h,aproximadamente, cinco alvolos de operria ou quatro alvolosde zango. Mas todos os alvolos destes dois tipos se asseme-lham uns aos outros perfeitamente quanto forma. Onde nofor exigida preciso matemtica eles podem, assim, serem usa-dos como uma medida, que seria entendida a todo o momento eem todos os locais onde existir nossa abelha. Os escritores deassuntos sobre abelhas, pelo menos ao informar medidas, cos-tumam utilizar as dimenses de um nico alvolo. Para que no

    haja nenhuma dvida sobre a escala adotada pelo Autor quan-do, por exemplo, informando as dimenses das colmias a se-rem descritas daqui para frente, ele pensa ser aconselhvelmencionar que ele adotou a largura de cinco alvolos de oper-ria para representar uma polegada, e a largura de sessenta al-volos de operria para doze polegadas, ou um p. Alvolos deoperria so muito mais adequados do que alvolos de zangopara estabelecer uma medida, porque eles existem em muitomaior nmero dentro de toda colmia, e muito mais fcil en-contrar um favo regularmente construdo com alvolos peque-nos do que um com alvolos grandes. Muitas colnias jovensno constroem nem um nico alvolo de zango no primeiroano, pois elas ainda no precisam deles. * Por ser a auto-preservao sua nica considerao, elas s desenvolvem no i-ncio cria de operria, e no antes de - ou at mesmo no final do

    vero, se a forragem continua abundante, ou s na Primaveraseguinte, quando a colmia est em parte repleta de favos e al-

    * No concordamos que os alvolos de zango s so constru-dos pelas abelhas quando elas necessitam de zango, a experi-ncia nos convenceu que eles so (exceto em colnias sem rai-nha) construdos principalmente durante uma abundncia de

    mel, com a finalidade de armazenamento. Muitas colmiasconstroem alvolos de zango no seu primeiro ano e os enchemde mel, sem criar um nico zango. - C. N. A.

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    volos que esto cheios de cria e mel, quando o nmero de abe-lhas aumentou e a temperatura na colmia atingiu um alto va-lor - que a colmia, consciente de sua fora e como a mais re-mota preparao para a enxameao, comea o desenvolvimen-

    to de zanges, para que no haja falta de machos para fecundaras jovens princesas a serem criadas. As abelhas, neste caso,passam da construo de alvolos pequenos para a construode alvolos de zango nas partes mais baixas dos favos, ou en-to elas constroem favos nas laterais da colmia, que so exclu-sivamente de alvolos de zango. Alm disso, em colmias semrainha, se a construo de favo no parar completamente, ge-

    ralmente s sero construdos alvolos de zango,*

    porque asabelhas sentem, instintivamente, a necessidade de dispor dezango para a jovem princesa que ser criada.

    J foi afirmado que o terceiro tipo de alvolo - o denominadoreal ou realeira - s construdo em pequeno nmero e, nor-malmente, destrudo assim que as jovens princesas emergeme que estes, por esta razo, nem sempre so encontrados na

    * No obstante seja verdade que se for dada para a colmia sem

    rainha cera alveolada de operria, as abelhas, quase certamen-te, construiro alvolos de operria, fato que d imensas vanta-gens para aqueles que usam este material. - C. N. A.

    ALVOLOS DE OPERRIAS

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    colmia.

    Como toda abelha jovem, ao emergir, deixa para trs seu in-vlucro (casulo), um alvolo que j foi usado uma vez para criar facilmente reconhecido, por sua cor escura ou castanha.Quanto mais vezes um favo tiver sido usado para criar, maisescura ser sua cor e mais grossas as paredes dos alvolos, fi-cando os alvolos cada vez mais estreitos e cada vez menos a-propriados para uso, de forma que, aps algum tempo, neces-srio que os favos sejam renovados, embora em caso de neces-sidade as abelhas, elas mesmas,removem em parte as cobertu-ras, ou at mesmo retiram os alvolos completamente.

    Os alvolos servem tambm como recipientes para armaze-nar mel e plen. Sob certas circunstncias as abelhas usam to-dos os alvolos da colmia, grandes pequenos e os j usadospara desenvolver a cria, para armazenar seu mel, ainda que e-xistam alvolos destinados exclusivamente para armazenar mel,e que no podem ser usados como alvolos para cria, porque e-les esto situados nas partes mais frias da colmia e a rainhano tem condies de depositar regularmente seus ovos no fun-do estes alvolos por serem muito profundos.

    ALVOLOS DE ZANGES

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    notvel, porm, que o plen s depositado em alvolo deoperria, * e que estejam to prximo quanto possvel da cria,pois ele usado principalmente para ela. Se uma colmia, porcausa da perda da rainha, cessar o desenvolvimento da cria

    quando a forragem for abundante, as abelhas enchem a maioriados alvolos da cria com plen, mas voltam a consumi-lo gra-dualmente, usando-o como comida para a cria quando existiruma nova rainha frtil na colmia. Muitos alvolos que contemplen pela metade, so, tambm, completados at o topo commel e operculados pelas abelhas, de forma que freqentemente encontrado muito plen at mesmo em favos com mel opercu-

    lado, especialmente nos que esto prximos da cria, onde par-ticularmente bem preservado, hermeticamente separado do ar,e ser de grande utilidade para as abelhas na prxima Primave-ra, quando elas comearem a criar, e ainda no puderam cole-tar plen fresco, e o que existe nos alvolos abertos fica fre-qentemente mofado e sec