Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e...

29

Transcript of Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e...

Page 1: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Zagajewski_PAG.indd 1 27/10/2017 13:13

Page 2: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

coordenador da colecçãopedro mexia

selecção e tradução demarco bruno

revisão dejorge sousa braga

l i s b o atinta-da-china

m m x v i i

Zagajewski_PAG.indd 3 27/10/2017 13:13

Page 3: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

© 2017, Edições Tinta -da -china, Lda.Rua Francisco Ferrer, 6A,

1500 -461 LisboaTels: 21 726 90 28/29/30

E -mail: [email protected]

Os poemas desta antologia foram seleccionados a partir dos livros List; Oda do wielości (1982), Jechać do Lwowa (1985), Płótno (1990),

Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009).

Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux, LLC, Nova Iorque.

Título: Sombras de SombrasAutor: Adam Zagajewski

Selecção e tradução: Marco BrunoRevisão: Jorge Sousa Braga

Prefácio: Adam KirschCoordenador da colecção: Pedro Mexia

Revisão: Tinta -da -chinaComposição: Tinta -da -china (P. Serpa)

Capa: Tinta -da -china (V. Tavares)

1.ª edição: Novembro de 2017

isbn 978-989-671-406-2depósito legal n.º : 433 485/17

Este livro beneficiou de um apoio à publicação concedido pelo Programa de Tradução © POL AND.

Agradecemos o apoio da Embaixada da Polónia em Portugal.

Zagajewski_PAG.indd 4 27/10/2017 13:13

Page 4: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

*Pode um poeta moderno escrever poesia mística con-vincente? A obra de Adam Zagajewski, o poeta polaco mais importante da sua geração, começa a responder a esta pergunta. Zagajewski nasceu em Lviv, no Leste da Polónia, em 1945. Nesse ano, a sua família foi transferida para a cidade de Gliwice, a oeste, devido à redefinição das fronteiras da Polónia depois da guerra. Já estudante, Zagajewski mudou-se para Cracóvia e, depois de várias desavenças com as autoridades, emigrou para Paris em 1982. Hoje divide o tempo entre a Polónia, a França e os Estados Unidos, onde é um dos poucos poetas de língua estrangeira regularmente traduzidos para inglês.

Zagajewski emergiu como poeta e polemista des-tacado em 1974, com a publicação de Świat nie przed-stawiony [O Mundo sem Representação], um manifesto crítico que, de acordo com o escritor polaco Stanisław Barańczak, «instigou uma das maiores controvérsias na cultura polaca do pós-guerra, por atacar a literatura des-comprometida das décadas anteriores». O próprio Zaga-jewski recordou com pesar alguns anos depois: «Ocupei o meu lugar entre os Catões deste mundo durante algum tempo, entre aqueles que sabem o que a literatura deve

* Ensaio de Adam Kirsch, crítico e poeta norte-americano, publicado na re-vista The New Republic e recolhido no volume The Modern Element — Essays on Contemporary Poetry (Nova Iorque, W. W. Norton & Company, 2008). Aqui reproduzido com a amável autorização do autor. Tradução de Alda Rodrigues.

ADAM Z AGAJEWSKIpor adam kirsch*

{ 5 }

Zagajewski_PAG.indd 5 27/10/2017 13:13

Page 5: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

ser e exigem implacavelmente esses padrões aos outros.» O seu primeiro livro em inglês, Tremor [Tremor], só saiu em 1985, muito depois do início do período parisiense. Contudo, a fase inicial da carreira de Zagajewski é crucial para a compreensão do seu desenvolvimento posterior, que tem sido uma fuga deliberada à poesia politicamente com-prometida. Com efeito, a antítese entre política e poesia, entre o colectivo e o privado, é o assunto principal da obra de maturidade deste poeta.

A fuga de Zagajewski à História foi ela própria um produto da História. Depois da ascensão do movimento Solidariedade, em 1980, o poeta percebeu que o comu-nismo na Polónia batia em retirada. Não fora derrotado, claro — o Solidariedade foi empurrado para a clandesti-nidade quando se declarou a lei marcial em 1981 — mas o seu declínio já se iniciara; dez anos depois, estaria morto. E os poemas e ensaios que Zagajewski escreveu em 1980 anseiam muito conscientemente por uma vida depois do totalitarismo, em que o antitotalitarismo já não será suficiente como visão do mundo. Zagajewski prepara-se a si próprio e aos seus leitores para um mundo além das antigas definições de bem e de mal, onde uma existência mental verdadeiramente privada, livre das contingências da luta contra o comunismo e não dinamizada por esta, terá de encontrar outras fontes de sentido.

Estas preocupações são anunciadas no título Solidar-ność i samotność [Solidariedade, Solidão], a extraordinária colectânea de ensaios que Zagajewski publicou em 1990. Como ele escreve no prefácio, «a palavra ‘Solidariedade’ na sobrecapa deste livro refere-se sobretudo ao Solidariedade,

{ 6 }

Zagajewski_PAG.indd 6 27/10/2017 13:13

Page 6: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

um movimento político e social dinâmico e robusto na Polónia […]. Solidão refere-se a literatura, arte, medita-ção, imobilidade». Zagajewski não é a favor da solidão e contra o Solidariedade e a solidariedade; a preocupação com a justiça pública é um princípio para os homens de boa vontade. Mas tão-pouco é a favor da solidariedade à custa da solidão, que dá acesso a outro reino, o mundo da arte, da beleza e da experiência mística. Contra o «penetrante sentido de comunidade» tão intensamente cultivado por «esse país quase-mítico que é a Polónia», Zagajewski defende, no ensaio «Duas Cidades», que «nem tudo pertence a toda a gente. Não só somos diferentes como também temos experiências que os grupos sociais nunca conhecerão».

O dilema da solidariedade e da solidão é pouco conhe-cido na América, sendo difícil ao leitor americano apreen-dê-lo plenamente. Aqui, a poesia é uma actividade tão menor e secundarizada, que os seus praticantes raramente sequer consideram a possibilidade de a sua arte ter deve-res relativamente a uma causa maior. Para alguns críticos — George Steiner, mais energicamente —, trata-se de uma complacência que diminui a arte americana. De acordo com este ponto de vista, a crise moral da Europa de Leste sob o comunismo transmitiu à poesia uma urgência e uma importância que ela nunca poderá ter nos Estados Unidos, onde em grande parte é um hobby circunscrito a workshops de escrita.

A obra de Zagajewski é importante pela sua rejeição desta crença. Recorda-nos os aleijões de uma arte sob demasiada pressão pública. Enquanto poeta que encara

{ 7 }

Zagajewski_PAG.indd 7 27/10/2017 13:13

Page 7: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

a poesia como vocação num sentido romântico mais antigo, Zagajewski sabe que há uma zona de privacidade e irresponsabilidade que é necessária para se escrever poesia realmente conseguida. Aliás, troça da perspectiva de Steiner num texto breve em prosa intitulado «Europa Central»:

Era um homem banal e pequenino, com cabelo escuro e oleoso, achatado sobre a cabeça, que, sem esperar por licença, se juntou à minha mesa. Era óbvio que estava mortinho por falar. Teria trocado metade da vida por um momento de conversa.

— De onde é? — perguntou ele.— Da Polónia — respondi.— Ah, que sorte, que sorte que tem! — exclamou,

dominado por genuíno entusiasmo mediterrânico. — Luto! Viva o luto!... É um homem de sorte.

— Porquê?— Força. Força da convicção. Sentimentos categóricos.

Integridade moral. Uma literatura que não está alienada da pólis. Não conheceu aquela divisão assustadora… Sem-pre senti em si o desejo de unidade, o sonho grego de com-binar emoção e coragem…

Este europeu usa a Polónia como gerações de europeus modernos usaram a Grécia, o Renascimento ou a Idade Média: enquanto ideal imaginado, instrumento para viver por interposta pessoa, nome para um estado de integri-dade espiritual. Valoriza, pela sua solidariedade, o país «de luto»; chega a invejá-lo.

{ 8 }

Zagajewski_PAG.indd 8 27/10/2017 13:13

Page 8: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

S O M B R A S D E S O M B R A S

Zagajewski_PAG.indd 17 27/10/2017 13:13

Page 9: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

NIE POZWÓL ROZPŁYNĄĆ SIĘ SKUPIENIU

Nie pozwól rozpłynąć się skupieniuNiech nieruchomo trwa błyszcząca chwilachoć kończy się kartka i migoce płomieńJeszcze nie dostajemy do siebiepowoli jak ząb mądrości rośnie wiedzaJeszcze wysoko na białych drzwiachzakarbowany wzrost człowiekaZ daleka słychać trąbki wesoły głosi zwiniętą jak śpiący kot piosenkęTo co mija nie w próżnię się obracaWciąż nowy węgiel rzuca w ogień palaczNie pozwól rozpłynąć się skupieniuW suchym twardym materialeprawdę masz utrwalić

{ 18 }

Zagajewski_PAG.indd 18 27/10/2017 13:13

Page 10: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

NÃO DEIXES QUE O LÚCID O MOMENTO SE DISSOLVA

Não deixes que o lúcido momento se dissolvaQue o radiante pensamento perdure na quietudeembora a página esteja quase cheia e a chama trémulaNão atingimos ainda o nível de nós própriosO conhecimento cresce lentamente como um dente do sisoA estatura de um homem tem ainda uma incisuralá no alto numa porta brancaDe longe chega a voz alegre de um trompetee uma canção enrolada como um gatoO que passa não cai no vazioUm fogueiro alimenta com carvão o fogoNão deixes que o lúcido momento se dissolvanuma substância dura e secaTens a obrigação de gravar a verdade

{ 19 }

Zagajewski_PAG.indd 19 27/10/2017 13:13

Page 11: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

W CUDZYM PIĘKNIE

Tylko w cudzym piękniejest pocieszenie, w cudzejmuzyce i w obcych wierszach.Tylko u innych jest zbawienie,choćby samotność smakowała jakopium. Nie są piekłem inni,jeśli ujrzeć ich rano, kiedyczyste mają czoło, umyte przez sny.Dlatego długo myślę jakiegoużyć słowa, on czy ty. Każde onjest zdradą jakiegoś ty, leczza to w cudzym wierszu wiernieczeka chłodna rozmowa.

{ 20 }

Zagajewski_PAG.indd 20 27/10/2017 13:13

Page 12: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

NA BELEZ A CRIADA PELOS OUTROS

Só na beleza criada pelos outrosexiste consolação, na músicae nos poemas dos outrosSó os outros nos podem salvar,mesmo que a solidão tenha o sabordo ópio. Não são o inferno, os outros,se os espreitarmos de manhã, quandotêm a testa limpa, lavada pelos sonhos.Por isso cismo muito sobre a palavraque hei-de usar, «ele» ou «tu». Cada «ele»é uma traição a qualquer «tu», mas,em troca, um poema de alguém fielmenteoferece uma fresca, moderada conversa.

{ 21 }

Zagajewski_PAG.indd 21 27/10/2017 13:13

Page 13: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

ODA D O WIELOŚCI

Nie rozumiem wszystkiego i nawetcieszę się, że świat jak niespokojnyocean przerasta moją zdolnośćpojmowania sensu wody, deszczu,kąpieli w Stawie Piekarza, w pobliżugranicy niemiecko-czeskiej, wewrześniu 1980; szczegół bez większegoznaczenia, głęboki germański staw.Niech niedotlenione Ego spokojnieoddycha, pływak przecina liniępołudnika, jest wieczór, sowy budząsię z dziennego snu, w oddalileniwie warczą samochody. Kto razdotknął filozofii, jest zgubiony,nie uratuje go wiersz, zawszepozostanie nie dająca się obliczyćreszta, żal. Kto raz poznał szalonybieg poezji, nie zazna więcejkamiennego spokoju rodzinnej prozy,gdzie każdy rozdział jest gniazdemjednej generacji. Kto raz żył, niezapomni zmiennej przyjemności pórroku, nawet łopiany będą mu sięśniły i pokrzywy, pająki niewielebrzydsze od jaskółek. Kto raz zetknąłsię z ironią, będzie parskał śmiechem

{ 22 }

Zagajewski_PAG.indd 22 27/10/2017 13:13

Page 14: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

ODE À MULTIPLICIDADE

Não compreendo tudo e atéme alegro por o mundo — como um irrequietooceano — superar a minha capacidadede entendimento do sentido da água, da chuva,dum mergulho no Lago do Padeiro, pertoda fronteira entre a Alemanha e a Chéquia, emSetembro de 1980; um pormenor, sem grandeimportância, um profundo lago germânico.Deixem o não-oxigenado Ego serenamenterespirar, deixem o nadador cortar a linhado meridiano, é de noite, os mochos acordamdo sono diurno, ao longepreguiçosamente rodam os carros. Quem alguma veztocou a filosofia, está perdido,não o salvará o poema, há-deficar sempre um resto, um arrependimento, uma saudadeimpossível de quantificar. Quem alguma vez adquiriu a noção da desvairadacorrida da poesia não vai conhecer nunca maiso pedregoso sossego da prosa familiar,em que cada capítulo é o ninhoduma geração. Quem alguma vez viveu nãose vai esquecer do mutável prazer das estaçõesdo ano, até com as bardanas e as urtigashá-de sonhar, e com as aranhas não muitomais feias do que as andorinhas. Quem alguma vez deparoucom a ironia vai-se rir às gargalhadas

{ 23 }

Zagajewski_PAG.indd 23 27/10/2017 13:13

Page 15: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

podczas wykładu proroka, kto razmodlił się nie tylko suchymi wargami,zapamięta obecność dziwnego echaidącego od którejś ze ścian. Kto razmilczał, nie będzie chciał mówićprzy deserze, kogo poraził szokmiłości, ten wróci do książek zezmienioną twarzą.Stoisz, pojedyncza duszo, wobecnadmiaru. Dwoje oczu, dwie ręce,dziesięć pomysłowych palców itylko jedno Ego, ćwiartka pomarańczy,najmłodsza z sióstr. Przyjemnośćsłyszenia nie psuje przyjemnościwzroku, lecz rausz wolności burzyspokój pozostałych łagodnych zmysłów.Spokój, grube nic, pełne słodkiegosoku jak gruszka we wrześniu.Krótkie chwile szczęścia znikająpod lawiną tlenu, w zimie samotnygawron uderza dziobem o białylód jeziora, kiedy indziejpara dzięciołów spłoszonaprzez siekierę szuka pod moimoknem dostatecznie chorej topoli.Nieobecna kobieta pisze długielisty i tęsknota pęcznieje jakopium; w muzeum egipskim na brązowympapirusie roztarta ta samatęsknota, starsza o kilka tysięcy

{ 24 }

Zagajewski_PAG.indd 24 27/10/2017 13:13

Page 16: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

durante a conferência do profeta. Quem alguma vezrezou com mais do que uma boca secahá-de lembrar-se para sempre da presença dum estranho ecoproveniente de uma das paredes. Quem alguma vezficou calado, não vai querer falarno momento da sobremesa, quem ficou paralisado pelo choquedo amor há-de voltar aos livros derosto transfigurado.Ergues-te, ó alma singular, peranteo excesso. Dois olhos, duas mãos,dez engenhosos dedos eum único Ego, um gomo de laranja,a mais jovem das irmãs. O prazerde ouvir não estraga o prazerde olhar, mas a embriaguez da liberdade corrompeo sossego dos restantes e suaves sentidos.Sossego, espesso nada, cheio de docesumo como as peras em Setembro.Os breves instantes de felicidade desaparecemsob uma avalanche de oxigénio, no Inverno a gralha-calvasolitária golpeia com o bico o brancogelo da lagoa, noutro momentoum par de pica-paus assustadoscom um machado procura para láda minha janela um choupo suficientemente doente.Uma mulher ausente escreve longascartas e a saudade intumesce comoópio; no museu egípcio num papirocastanho está espalhada essa mesmasaudade, mais velha alguns milhares

{ 25 }

Zagajewski_PAG.indd 25 27/10/2017 13:13

Page 17: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

lat, niezłomna i niezłamana.Miłosne listy zawsze trafiająw końcu do muzeum, ciekawscy sąwytrwalsi niż zakochani. Ego łapczywiechwyta powietrze, rozum budzi sięz dziennego snu, pływak wychodziz wody. Piękna kobieta pozuje doszczęścia, mężczyźni udają niecoodważniejszych niż są naprawdę,muzeum egipskie nie tai ludzkichsłabości. Istnieć, oby istnieć jeszcze,być może oddając się w dzierżawęktórejś z zimnych gwiazd. I czasemdrwić z niej, że chłodna jest i śliskajak żaba w stawie. Wiersz rośnie nasprzeczności lecz jej nie zarasta.

{ 26 }

Zagajewski_PAG.indd 26 27/10/2017 13:13

Page 18: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

de anos, inabalável e inabalada.As cartas de amor acabam sempreno museu. Os curiosos são maistenazes do que os apaixonados. O Egosorve o ar com avidez, a razão acordado sono diurno, o nadador saida água. Uma bela mulher faz o papelduma mulher feliz, os homens fingem sermais corajosos do que realmente são,o museu egípcio não esconde as fraquezashumanas. Existir, oxalá se possa ainda existir,entregando-se talvez ao poderduma das estrelas frias. E às vezestroçar dela, por ser fresca e escorregadiacomo uma rã num charco. O poema crescena contradição mas não consegue recobri-la.

{ 27 }

Zagajewski_PAG.indd 27 27/10/2017 13:13

Page 19: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

SPIS TREŚCI

Nie pozwól rozpłynąć się skupieniu 18W cudzym pięknie 20Oda do wielości 22Moi mistrzowie 28Schopenhauer płacze 30Ogień, ogień 32W maju 34Pokolenie 36Trzy głosy 40Ja 42Jechać do Lwowa 44Bez kształtu 50Dawniej 54Ćmy 56Noc 58Schyłek lata 62Rozmowa z Fryderykiem Nietzschem 64Z życia przedmiotów 68Sobie do pamiętnika 70Obecność 72Lawa 74R. Mówi 78Późne święta 80Płótno 82

{ 190 }

Zagajewski_PAG.indd 190 27/10/2017 13:13

Page 20: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

ÍNDICE

Adam Zagajewski por Adam Kirsch 5

Não deixes que o lúcido momento se dissolva 19Na beleza criada pelos outros 21Ode à multiplicidade 23Os meus mestres 29Schopenhauer chora 31Fogo, fogo 33Em Maio 35Geração 37Três vozes 41O eu 43Ir a Lviv 45Sem forma 51Antigamente 55As traças 57A noite 59Fim de Verão 63Conversa com Friedrich Nietzsche 65Da vida dos objectos 69A si próprio, para o seu diário 71Presença 73Lava 75R. diz 79Festividades tardias 81A tela 83

{ 191 }

Zagajewski_PAG.indd 191 27/10/2017 13:13

Page 21: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Przemiana 84Dziewczynka Vermeera 86Wiolonczela 88Trzej aniołowie 90Mistyka dla początkujących 96Barbarzyńcy 98Senza flash 100Król 102Długie popołudnia 106Europa zasypia 108Jak kończą klowni 110Pożegnanie Zbigniewa Herberta 112Square d’Orleans 116Traktat o pustce 120Sénanque 122Martwy wróbel 124Zamek 126Mów spokojniej 128Tam, gdzie oddech 132Autoportret 134Wczesne godziny 138Czytając Miłosza 140Muzyka słuchana z tobą 142Spróbuj opiewać okaleczony świat 146Podwodne miasto 148Dusza 152Delfiny 154Kawiarnia 158Pierwsza komunia 160Lekcja fortepianu 162

{ 192 }

Zagajewski_PAG.indd 192 27/10/2017 13:13

Page 22: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Mudança 85A garota de Vermeer 87O violoncelo 89Os três anjos 91Mística para principiantes 97Os bárbaros 99Senza flash 101O rei 103As tardes infindáveis 107A Europa adormece 109Como acabam os palhaços 111Adeus a Zbigniew Herbert 113Square d’Orléans 117Tratado do Vazio 121Sénanque 123O pardal morto 125O castelo 127Fala mais pausadamente 129Lá onde a respiração 133Auto-retrato 135As primeiras horas 139Ao ler Miłosz 141A música que ouvi contigo 143Tenta louvar o mundo estropiado 147A cidade submersa 149A alma 153Golfinhos 155Café 159Primeira comunhão 161A lição de piano 163

{ 193 }

Zagajewski_PAG.indd 193 27/10/2017 13:13

Page 23: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Zagubieni 166Korytarz 168Ostatni przystanek 170Autoportret w małym muzeum 172Odchodzi wielki poeta 174Metafora 178Poeci fotografowani 182Twarze 184Pisanie wierszy 186

{ 194 }

Zagajewski_PAG.indd 194 27/10/2017 13:13

Page 24: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Perdidos 167O corredor 169A última paragem 171Auto-retrato num pequeno museu 173Um grande poeta que nos deixa 175Metáfora 179Poetas fotografados 183Rostos 185Escrever poemas 187

{ 195 }

Zagajewski_PAG.indd 195 27/10/2017 13:13

Page 25: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Zagajewski_PAG.indd 196 27/10/2017 13:13

Page 26: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

de Adam Zagajewskifoi impresso na Eigal, Indústria Gráfica,

em papel CoralBook de 90 g, em Outubro de 2017.

Zagajewski_PAG.indd 197 27/10/2017 13:13

Page 27: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Zagajewski_PAG.indd 198 27/10/2017 13:13

Page 28: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Cinza • Rosa Oliveira

Exemplos • João Vário

Depois da Música • Luís Quintais

Gaveta do Fundo • A. M. Pires Cabral

Última Semana • Hugo Williams

Equatorial • Fabiano Calixto

Jóquei • Matilde Campilho

77 Oníricas • John Berryman

Persianas • Miguel-Manso

Andar a Par • José Ricardo Nunes

Europa • Rui Cóias

Ver no Escuro • Cláudia R. Sampaio

A Dor Concreta • António Carlos Cortez

Víveres • Miguel Cardoso

Alguma Coisa Negro • Jacques Roubaud

Tardio • Rosa Oliveira

Poemas Quotidianos • António Reis

Nada Tem Já Encanto • Rui Knopfli

NESTA C OLEC ÇÃO

Zagajewski_PAG.indd 199 27/10/2017 13:13

Page 29: Zagajewski PAG.indd 1 27/10/2017 13:13 · Ziemia Ognista (1994), Pragnienie (1999), Anteny (2005) e Niewidzialna Ręka (2009). Publicado por acordo com Farrar, Straus and Giroux,

Zagajewski_PAG.indd 200 27/10/2017 13:13